Ocean eyes

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Me assustei ao escutar o barulho estridente preencher a casa, que hora estava silenciosa, podíamos ouvir apenas nossas respirações pesadas, quando eu me pus de joelhos na intenção de juntar os cacos de vidro espalhados no chão da cozinha, porém fui impedida quando senti sua mão segurar meu pulso.

-- Cuidado... - ele relutou antes de continuar - você pode se cortar.

-- Tudo bem, eu posso ao menos fazer isso por você? Já que foi tão gentil nos convidando, gostaria de retribuir, nem que seja com isso - sorri fraco e o mesmo cedeu.

-- Tudo bem -  sorriu ladino - mas por favor cuidado, sua mãe com certeza detestaria lhe ver machucada.

Continuei meu ato apanhando os cacos maiores e visíveis até ali, em seguida peguei uma vassoura para varrer o resto os juntando e colocando numa sacola.

-- Pronto, viu? Nada de machucados - segurei a sacola em minhas mãos, sem perceber que havia um pequeno vidro saliente, que num deslize perfurou a palma de minha mão, arrancando de mim um murmúrio de dor - ah!

Jeon logo se desvencilhou de sua atividade voltando-se para mim um tanto apreensivo.

-- Está tudo bem? - sua voz soou preocupada - olha só isso!, eu te adverti, avisei pra tomar cuidado e mesmo assim você não me ouviu - deixou transparecer no momento uma certa frustração em sua fala - apenas fique aqui enquanto busco um curativo, não me desobedeça desta vez.

Franzi o senho permanecendo onde estava mas com uma interrogação presente em meu rosto.

Logo retornou com uma pequena maletinha de cor escarlate, nela continha remédios curativos e várias outras coisinhas delicadamente organizadas, levou um algodão molhado de suas mãos até a minha limpando todo o sangue que havia ali, em seguida pegou um bandaid cobrindo o ferimento com todo cuidado.

-- Me desculpe pelo prato - falei timidamente, evitando contato visual.

-- Não há problema - ele ainda segurava minha mão enquanto dizia isso, e durante esse momento nossos olhares se cruzaram, oque me fez corar agressivamente, meu rosto queimava como o inferno e minhas pernas ousaram cambalear um pouco antes de eu encerrar o momento.

-- Jeon... - ele se fez mais atencioso.

-- Huh?

-- Acho que você já pode soltar a minha mão - eu disse deixando um sorriso quase imperceptível escapar.

-- Céus - o toque se desfez enquanto o mesmo tinha seu rosto pálido como um quadro sendo preenchido com um rubor violento, quase impossível de se esconder.

-- Bom já que você não me deixa lavar as louças vou embora - ele quase relutou ao me ouvir - já está ficando tarde, minha mãe deve estar preocupada,e você certamente não quer virar a noite arrumando a bagunça que eu e minha família fizemos certo? - sorri brevemente indo até a porta e sendo acompanhada pelo maior.

-- Então... - coçou a nuca - nos vemos depois?

"eu espero muito que sim, com toda certeza do mundo"pensei

-- Oh claro - respondi baixinho  - então[...] até mais - dei as costas sequer deixando-o dizer mais nada.

Ao chegar em casa, corri até o quarto apenas me jogando sobre minha cama, e sorri tão sinceramente quanto meus sentimentos, me deixando ser tomada pela euforia momentânea relembrando as cenas vividas minutos atrás, que por mais que não parecesse lá grandes coisas aos olhos de qualquer outra pessoa, para mim era como se meu corpo se transformasse numa droga de bomba relógio que explodia a cada vez que se aproximava de Jeon, ou a cada vez que eu ousasse lembrar dele, dos seus olhos, do seu sorriso, e até mesmo do seu rostinho totalmente corado.

Antes de cair no sono , tranquei a porta de meu quarto e me permiti escrever um pouco em meu diário, era um método um tanto quanto antiquado de expressar meus sentimentos, mas era algo que me confortava como nada no mundo.

Depois de uma longa conversa com meu companheiro de longa data, encostei a cabeça no travesseiro logo adormecendo.

Dormi tão bem quela noite que minha cama parecia mais  uma nuvem, e meu estômago um jardim que era tomado por malditas borboletas que me faziam flutuar.

A short love storyOnde histórias criam vida. Descubra agora