03 : ATLANTIS

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O Argent se vira, desligando o fogão e me olhando na cara, a expressão séria. Engulo em seco, porque mesmo convivendo bastante tempo com Chris durante o ano, devido às muitas visitas, ele nunca me olhou nos olhos.

— Não gosto dessa vida que você e Isaac vivem, Theodore. Não é seguro, mesmo tendo o apoio de Jackson e Ethan, mesmo que ganhem muito. Nada vale a segurança de vocês. — baixo a cabeça — Eles não seguiram o plano, estavam pouco se doendo que vocês poderiam ou não morrer, acho que nao ligaram nem para suas próprias crianças.

— Acha que deveríamos sair não é?

— Nem todo dinheiro vale a segurança de uma casa. Vocês criaram algo bom aqui em Paris, mas não sei se a cidade é para vocês. Acho que nenhum dos três realmente acredita que aqui seja o seu lugar.

— Quando eu sai de lá, foi por um motivo, Argent. Não queria aquela loucura, não queria estar dentro da barca com o farol apontado na minha cara e se voltar, se voltarmos, é o que nos receberá. Lobisomens tão loucos quanto eu já fui, sobrenaturais surgindo do nada, espíritos malignos...

— Casa. — me interrompe — Você e Isaac são iguais, saíram de Beacon Hills alegando precisar ficar longe do foco sobrenatural, mas aceitaram uma proposta como a de Jackson e Ethan? Os parabenizo por querer ajudar ômegas mundo a fora, mas ficar na linha de frente dos caçadores? Aqui é igual Beacon Hills, a diferença é que não tem julgamentos por fazer suas próprias escolhas e nem a pack McCall.

Elevo meus olhos até os seus novamente, sentindo minhas costas tensionar.

— Você foi perdoado, Theo. Sabe disso. Quando você apareceu a quase três meses na cidade, até Malia te recebeu bem. A mesma Malia que quase te matou, que berrou para todos que nunca te perdoaria. E ela perdoou. Acho que chegou a hora de rever o que realmente é mais importante para você, a segurança de vocês, da sua família, ou continuar se culpando por tudo que fez antes.

Meus olhos estão arregalados, não pela verdade óbvia, mas a expressão que ele usou, "minha família", Isaac e Alec sao minha família, meus irmãos e, ao mesmo tempo que é incrível perceber isso, ter alguém. É completamente assustador a responsabilidade por trás dessa simples palavra. Família.

— Você me lembra muito eu sabia? — o caçador sorri — Escolher se estabelecer, priorizar a família é assustador, não é? Mas não é, você está escolhendo aqueles dois que ficaram no seu quarto, que devem estar apagados lá, que praticamente voaram em cima de Duene, o alfa Crescente por não seguir o plano, por arriscar sua vida. Sua sorte é que nao foi pego totalmente de surpresa, consegue imaginar como seria precisar sair disso por conta de um filho? Comigo foi assim, Allison me tirou da rua, da linha de frente e me trouxe novamente para as sombras, para a segurança, porque eu tinha algo para lutar, algo que precisava de mim.

— Ela parecia ser uma pessoa incrível, Chris.

— Allison não era só uma pessoa incrível. Ela era tudo, era minha vida e me arrependo de não ter entendido isso muito antes, por ter me cegado com as ideias de Gerard.

Ele aperta a espátula contra sua mão, apoiando as mãos em punhos próximas as minhas. Quando os Dreads Doctors disponibilizaram fichas dos sobrenaturais e humanos que deveria enganar, a ficha de Allison estava presente, ela havia acabado de morrer e ainda era uma pessoa influente para a pack.

Na época, achava aquilo uma idiotice. Porém, depois que conheci a pack McCall, me aproximei mais de Chris Argent, me pergunto se eu mesmo não seria influenciado pela garota de ouro. Porque somente sua lembrança já parece perfeita para mim.

Nosso pequeno problema | 𝓣𝓱𝓲𝓪𝓶Onde as histórias ganham vida. Descobre agora