Capítulo 15* Sussurros Sombrios

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Willa acordou com lentidão.

Sua cabeça doía miseravelmente, pendendo para trás.

Ela franziu o cenho, sentindo seu corpo suspenso balançar.

Espere. Suspenso?

Ela forçou seus olhos a se abrirem devagar, a imagem meio embaçada. Grogue, deu-se conta de que estava sendo carregada, o corpo frágil jogado nos braços fortes de alguém. Forçou os olhos a clarearem, tentando enxergar e entender o que estava acontecendo... Porque tudo o que se lembrava era daquela maldita sérvia jogando sua cabeça contra a parede. Depois disso tudo ficou preto e ela mergulhou naquele mar de inconsciência.

Willa piscou uma vez, varrendo os olhos primeiro pelo lugar onde estava. Um corredor acarpetado de paredes floridas. O cheiro ali era doce demais, o que irritou um pouco seu nariz. Ela olhou para cima, para quem a carregava tão delicadamente. E o rosto que viu lhe trouxe uma onda de choque.

Impossível.

Seu coração começou a bater desenfreado, o medo se apossando de sua alma pequena. Lembranças amargas de um passado não tão distante a assombraram. Aquele rosto... Aquele maldito rosto!

Willa congelou, perdida em seus próprios temores enquanto era carregada para sabe-se-lá onde. Ela tentou se mexer, dizer alguma coisa, mas seu corpo e boca não lhe obedeciam. Estava paralisada naquele estado terrível de lentidão.

As paredes floridas passavam lentamente conforme o homem andava, causando enjoos na jovem. Ele parou diante de uma porta de ferro ameaçadora e a abriu. O quarto em que entrou era sofisticadamente rico em detalhes e luxo, obras de arte cercavam as paredes, vasos com flores repousavam nas escrivaninhas e uma cama vitoriana ocupava o centro, com um dossel elegante de madeira rústica.

O cheiro ali também era desagradavelmente adocicado, devido ao perfume das flores.

Willa foi delicadamente depositada sobre a cama. A colcha macia acolhendo seu corpo numa carícia suave. O homem deixou-a imóvel e soltou um suspiro, preparando-se para sair.

Ela abriu os olhos num rompante, assustada demais. O torpor finalmente deixara seu corpo, libertando-o daquela paralisia. Quando encontrou o olhar dele, o rapaz aparentou surpresa. Ah, não fazia parte dos planos ela estar acordada então.

 - Você... – disse a menina, encolhendo o corpo na cama.

O homem fechou a cara, comprimindo os lábios numa careta severa. Seus olhos escuros em nada lembravam o homem gentil que costumava ser. Ele nada disse.

 - Você me salvou? – ela perguntou, cautelosamente. Os olhos ainda bastante assustados.

Mas o sujeito nada respondeu.

Virou as costas e repousou a mão na maçaneta ornamentada da porta.

 - Por quê? – Willa se ouviu sussurrando.

 - Porque Bóris ordenou. – a voz do estranho lhe causou arrepios.

Willa pulou da cama, aterrorizada. Avançou sobre a porta, mas o homem a fechou antes que pudesse sequer tocá-lo, trancando-a ali dentro daquele quarto opressor e matando qualquer fagulha de esperança ainda viva dentro dela.

Willa deu de cara no metal gravado da porta, chorando copiosamente. Seus punhos esmurraram a pintura antiga enquanto ela gritava.

 - August! Não me deixe aqui! – ela implorou.

Mas não ouve resposta a não ser o lamento de sua respiração ofegante.

E o medo profundo que habitava sua alma.

A Leoa RubraWhere stories live. Discover now