Capítulo 10* Devoradora de Pecados

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                                                                8 horas antes

 Aquela, sem dúvida, era uma tarde agradável na mansão Von Kern.

Willa acompanhava Fridda pelo jardim, ajudando-a a plantar seus lindos e bem cuidados tomates enquanto os meninos se divertiam assando um cordeiro e Alline se banhava, distante, na piscina.

Klaus cuidava da churrasqueira importada, preocupado em degustar sua cerveja preferida. Sander o ajudava, embalado no som relaxante que saia das caixas espalhadas por toda a mansão, dando um ar alegre á pequena festança.

Willa sorriu, bailando sua música favorita do Creedence Clearwater. Seu vestido folgado balançava conforme ela se movia, sorrindo. Engraçado como podia estar tão feliz depois de tanto tempo... Aquela família era esquisita, mas lhe fazia bem. De longe, captou o olhar persistente que Sander lhe lançava a cada cinco minutos. Ela o ignorou, voltando sua atenção à simpática Bestemor da família – de quem tanto gostara.

Fridda trajava um vestido florido naquela tarde, mas aquela vestimenta não a fazia se parecer com uma velhinha adorável. Sua expressão severa deixava bem claro que aquela era uma mulher com quem não se podia brincar. Ela cavoucava o pequeno canteiro, abrindo buracos na terra macia e cheirosa, onde depositava seus vasinhos de tomates e acompanhava a música num tom baixinho.

Willa se ofereceu para ajudar e Fridda se limitou a sorrir-lhe, sempre com serenidade. Apenas Willa era digna daquela gentileza.

 - Você é adorável, minha querida. – a velhinha disse, contente por ter companhia.

 - É um prazer poder ajuda-la, senhora Fridda.

 - Nada disso. Chame-me de Bestemor, como todo mundo. Já conversamos sobre isso.

Willa sorriu.

 - Tudo bem, Bestemor.

Fridda assentiu, contente.

 - Acredito que Barnebarnet mitt gosta de você.

 - Ah, não...

 - Não minta para uma velha senhora! Posso ver na forma como ele a fita. – aqueles olhos azuis se focaram na menina. – Você gosta dele também?

Willa retribuiu o olhar daquela mulher, perdendo-se no meio daquela intensidade. Impossível não notar a franqueza na expressão de Fridda.

 - Eu gosto. – confessou Willa.

 - Mas é claro que gosta! – a velhinha parecia maravilhada.

 - É complicado.

 - O que é complicado, minha querida?

 - Toda essa situação.

 - Uma coisa eu aprendi com minha mãe: Onde há amor, todas as complicações são facilmente solúveis.

 - Sua mãe era uma mulher sábia.

 - Oh, sim. Ela amou profundamente meu pai. – Fridda deu um sorrisinho amistoso. – Assim como eu amei o pai de Klaus... E continuo amando mesmo depois de sua morte.

 - Sinto muito. – Willa baixou os olhos.

 - Eu também. Mas tive a oportunidade de pegar o cretino que o matou. Isso me serve de consolo nas noites frias.

Fridda fez uma pequena pausa, equilibrando um dos vasinhos de tomate.

 - Só acho que se você ama meu neto, deveria vivenciar esse sentimento.

A Leoa RubraWhere stories live. Discover now