Capítulo 8* O Tango da Assassina

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O restaurante Illustrare era um lugar extremamente agradável.

Iluminado por vários candelabros acobreados, o espaço amplo e rústico fazia qualquer outro restaurante naquela região parecer desleixado. A decoração era impecável, as mesas de cristal adornadas com toalhas de cetim e um arranjo de flores azuis.

Os garçons vestiam-se de vermelho e preto, o uniforme elegante e igualmente impecável. Traziam sempre uma badeja de prata e seu bloquinho de anotações, comportando-se como verdadeiros fidalgos.

A recepcionista era muito bonita, ruiva, pele levemente sardenta e os olhos amendoados. Usava um vestido negro de gala e parecia tratar todos os clientes de forma simpática e polida. Seu sorriso era extremamente afetuoso.

Cherry chegou um pouco mais cedo, na esperança de sondar o território. Para aquela noite especial optou por um vestido de corpete negro que sustentava seu busto com ousadia. A saia do vestido era vermelha e de um tecido leve, uma pequena abertura até a coxa, onde mantinha uma adaga de rubi presa pela cinta liga. Seus cabelos claros estavam presos num coque bem elaborado, expondo a tatuagem tribal no pescoço. Mas ninguém pareceu notar suas tatuagens quando entrou – o que era ótimo! Lugares luxuosos como aquele costumavam espalhar uma política de preconceito.

Ela sorriu para a recepcionista, reservando uma mesa no térreo. Uma mesa afastada lhe conferiria uma boa visão do restaurante e seus clientes. A bela ruiva lhe acompanhou até a mesa desejada e a deixou ali, com um sorriso elegante.

Cherry se sentou, apreciando a decoração e a vista. O térreo era um espaço amplo e aberto, decorado com flores, candelabros e cristais. Dava para ver a lua dali de cima, uma paisagem e tanto! Havia poucas pessoas, uns dois casais e alguns executivos espalhados pelas várias mesinhas.

Ah, mas a mesa 86 estava vazia. Por enquanto.

Cherry deu um sorrisinho, apoiando sua bolsinha de lantejoulas em cima da mesa. Ela apanhou um celular descartável e digitou alguma coisa.

 - Onde você está? – a voz de Halle lhe chegou apreensiva.

 - No térreo. – ela respondeu, sossegada.

 - Eu estou no prédio da esquina, num dos quartos. Dá para enxergar tudo daqui de cima.

 - Ótimo. Fique atento. Ele pode chegar a qualquer momento.

 - Tem certeza de que quer fazer isso?

 - Está mesmo me perguntando isso? – Cherry ergueu a sobrancelhas em direção à janela do prédio onde Halle se encontrava. Sabia que ele podia vê-la.

Ele deu uma risadinha.

 - Tome cuidado, sua louca. Qualquer coisa estou a posto.

 - Me bipe quando o avistar. – ela disse e desligou.

Cherry guardou o celular na bolsa e se limitou a pedir um vinho.

Halle havia insistido para ir junto, convencendo-a de que seria útil. Aquela definitivamente não era uma grande ideia, mas ela acabou cedendo. Só esperava que o idiota não ferrasse seus planos. Havia aguardado por aquela noite ansiosamente. E que Deus a ajudasse, se Halle fodesse tudo, enfiaria uma bala no saco dele!

Cinco minutos depois, uma garçonete voltou com sua bebida, depositando a taça com elegância na mesa. Cherry bebericou o vinho, apreciando o sabor doce e observando o movimento ao seu redor com maestria. Seus olhos eram atentos como os de um predador e logo focaram um grupo renomado que entrava no restaurante naquele exato momento.

Eram quatro homens elegantemente vestidos, os ternos caros davam a entender que tinham dinheiro para esbanjar à vontade. Três deles estavam armados, portando pistolas com silenciadores no coldre discreto do terno. Uma caçadora notava isso sem grandes dificuldades. O único naquele grupo que parecia além de suspeitas era o homem robusto usando o casaco de pele no centro daquele pequeno grupo. Com as feições rústicas, cavanhaque escuro e cabelos arrumados a base de gel, aquele homem era um perfeito cavalheiro sofisticado.

A Leoa RubraWhere stories live. Discover now