Capítulo 3* Sangue Amargo

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Cherry acordou num galpão frio e escuro, amarrada por duas correntes presas ao teto. As algemas apertavam seus pulsos terrivelmente, causando desconforto. Ela recuperou os sentidos aos poucos, abrindo os olhos devagar e olhou ao redor. Estava sozinha por enquanto, o espaço amplo cercado por caixas fechadas de madeira.

Sem janelas, sem porta a vista, sem escapatória. Não tinha ideia de onde poderia estar.

Forçou as correntes, tentando se soltar e tudo o que conseguiu em troca foi dor. Aquela porcaria estava apertada! Se forçasse mais corria o risco de cortar a pele.

Maldição! Ela resmungou, repreendendo-se por ter sido tão estúpida. Mas é claro que os russos iriam atrás dela. Depois de torturar um de seus homens, Andrei viria babando para cima dela.

Cherry só não esperava que fosse imediatamente.

Ela se remexeu mais uma vez, tentando alcançar suas armas. Nenhuma. Foram removidas.

Russos espertos!

A porta escondida se abriu, ruindo. Três pessoas entraram. Dois eram homens, um fortão armado e um careca fumando charuto. E havia uma mulher. Ela usava um vestido florido e um avental manchado, seu cabelo era vermelho e os olhos penetrantes. Sua idade? Ah, como era cômico. A mulher parecia ter sessenta anos.

Se Cherry pudesse descrevê-la em apenas uma palavra seria sinistra. E olha que Cherry estava acostumada a lidar com aquele tipo de gente!

Os três se aproximaram, postando-se em frente à garota amarrada. O fortão e o careca sorriam com maldade enquanto a senhora apenas a encarava com a cara fechada. O que fumava o charuto deu um passo à frente.

 - Então, você estava procurando por mim, menina? – o sotaque dele era inconfundível.

 - Andrei Krasofc. – Cherry disse com satisfação.

 - Então estava mesmo me procurando. – ele sorriu um pouco. – Deu uma surra em meus amigos senadores para chamar a atenção. Devo supor que seja a mesma mulher que meus homens caçavam a noite retrasada?

 - Para um russo, você deduz as coisas bem rápido. – Cherry sorriu.

O fortão avançou, ofendido.

 - Calma, Félix. – Andrei pediu, segurando o homem pelo ombro num gesto simples.

 - Isso. Calma, Félix. – Cherry provocou, olhando para o fortão num convite claro para a briga. Estava amarrada, desarmada e capturada. Não levaria desaforo para casa!

Andrei a encarou com seriedade.

 - Você matou o segundo homem em meu comando. – ele disse e Cherry não soube dizer se ele estava com raiva ou apenas indiferente.

 - Matei. – ela confessou, o sorriso brincando na ponta dos lábios.

A mulher rosnou, mostrando sua indignação.

 - Eu deveria mata-la agora mesmo por tal afronta! – Andrei disse. – Acaso sabe com quem está lidando?

 - Quando se mata um homem a sangue frio sabe-se o que está fazendo. Eu sei quem você é Andrei Krasofc. A pergunta é: você sabe quem eu sou?

 - Uma menina com uma vontade louca de morrer. – o fortão, Félix, respondeu por ele.

Cherry o encarou com sarcasmo, mas guardou suas palavras para si mesmo.

 - Quem é você? – Andrei perguntou, olhando-a com desconfiança. – E o que quer comigo?

Cherry gargalhou.

A Leoa RubraWhere stories live. Discover now