Capítulo 5* Estilhaços

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Cherry acordou com um cheiro estranho pinicando seu nariz. O aroma agridoce ondulava pelo apartamento, vindo do banheiro. Se fosse uma mulher comum aquilo teria passado despercebido. No entanto, fora treinada para ficar atenta aos mínimos detalhes, mínimos ruídos e mínimos aromas.

Além do mais, qualquer cheiro forte irritava seu nariz.

Maldita rinite!

Cherry abriu os olhos, trôpega.

Porcaria! Aquela droga ainda não havia saído completamente de seu organismo? Mesmo depois de sangrar e ter uma boa madrugada de sono?

Mas o que esperar daquela substância maldita? Willa havia sido muito clara quanto ao propósito da nova fórmula da OXY. E Cherry estava mais do que disposta a bater um papinho com os responsáveis pelo tráfico daquela nova droga.

Willa...

Cherry se virou, procurando pela menina. Ela não estava na cama!

Cherry saltou depressa, ignorando a dor que tal movimento provocou. Acendeu a luz do quarto e varreu os olhos pelo espaço. Estava vazio.

Caminhou pelo apartamento, nervosa, e acabou por encontrar a menina no banheiro. Ela vestia um de seus robes vermelhos, estava descalça e tinha os cabelos encrostados numa mistura esquisita.

Aquele cheiro agridoce que empesteava o apartamento vinha da tinta do cabelo.

Willa congelou assim que a viu.

 - Ah, sinto muito. – apressou-se em dizer. – Prometo que vou limpar tudo assim que terminar.

Cherry franziu os olhos.

 - Isso aí é rosa?

 - Ah. – Willa deu um sorrisinho – É sim.

Cherry deu de ombros e voltou para o quarto, apanhando um cigarro no criado mudo. O primeiro trago a fez se sentir melhor, seu corpo ainda doía. Seu quadril estava dolorido e sensível, e o corto no braço latejava. Quase se arrependia da aventura na noite passada. Sua teimosia acabaria por mata-la.

 - Tem frutas, pães e queijo na cozinha. – Willa disse, timidamente. – Pode tomar café-da-manhã. Ou almoçar.

 - Já é tão tarde?

 - Você dormiu uma boa parte da manhã.

 - Droga. – Cherry terminou seu cigarro. – Você saiu?

 - Não tinha nada para comer. – justificou-se a menina. – Achei que não teria problemas ir até a mercearia. Aproveitei para comprar a tinta – apontou para seu cabelo. – Sinto muito se a incomodei.

 - Não incomodou. Eu desperto com facilidade.

Willa assentiu em silêncio.

 - Evite sair sozinha. – disse Cherry. – Não é seguro no momento. Bóris tem contato por todos os lugares, seria fácil demais para ele acha-la por aqui.

 - Você disse que foi escrava dele assim como eu. Como conseguiu escapar? E como ele não a encontrou até hoje?

 - Ele poderia se quisesse. Mas hoje em dia morre de medo com o que farei com ele. Depois que meu tio me resgatou e treinou, eu me tornei letal para o búlgaro. Hoje em dia é ele quem foge de mim.

 - Você é uma Von Kern. – Willa disse, como se fosse óbvio. – Claro que ele tem medo de você! Ele sabia quem você era quando a capturou? Quer dizer, como uma mulher poderosa como você foi parar nas mãos dele?

A Leoa RubraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora