Capítulo 2* Hex

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A boate Hex era possivelmente o lugar mais badalado de New York. Seu estilo gótico lembrava uma daquelas igrejas com grandes janelas escuras e portas altas e largas. De longe poderia parecer apenas uma mansão velha no centro da cidade, mas quem enxergava as luzes piscando lá dentro tinha certeza que era uma promessa de diversão insana.

Cherry estacionou sua Harley Davidson na esquina, descendo com elegância e observando o movimento na calçada. A fila era imensa, dando a volta no quarteirão – o que indicava que era apenas o início da noite. King jamais deixaria uma fila daquele tamanho do lado de fora, atraia demais a atenção e, embora todos soubessem da boate, ele queria deixar o interesse da polícia de fora.

O movimento era diverso. Havia punks, góticos, emo, mauricinhos, viciados, trabalhadores e até algumas meninas com ar inocente. Uma clientela diversificada. Cherry teve que se espremer para passar por entre todas aquelas pessoas e chegar ao segurança de terno cintilante que guardava a porta. Um olhar foi o suficiente para ele deixa-la entrar, abrindo espaço com seu corpanzil.

Naquela noite, Cherry se esforçara para se vestir de acordo com o que as pessoas no bar usavam. Sua calça era de couro, como sempre usava. Mas a blusa negra tinha um corte gótico, com franjas e decote ousado. A gargantilha ajustada ao pescoço lembrava uma coleira e ela não pensou duas vezes antes de passar o delineador e o batom forte, desta vez um pouco mais escuro que seu habitual vermelho fogo.

As pessoas no bar olharam para ela com admiração, esticando o pescoço conforme ela andava. A maioria estava acostumada a vê-la por ali, como tomava conta dos negócios do tio era normal Cherry verificar como andava o fornecimento de drogas na boate. Então não era surpresa as pessoas esbarrarem com ela por lá. No entanto sempre havia um ou outro que se rendia à sua beleza selvagem.

Ela perdeu as contas de quantas vezes foi obrigada a dar uma surra em bêbados inconvenientes que não aceitavam um não como resposta. Era uma parte cansativa de seu trabalho. Esse tipo de cara sempre encanava com ela. E Cherry, explosiva como era, não deixava barato.

Ela acenou para as meninas que serviam a clientela no bar. Tudo ali dentro era bem organizado, desde as mesas de granito aos banheiros unissex nos fundos. As paredes do lugar eram escuras e as janelas, fumê. A única coisa responsável pela iluminação eram as milhares de luzinhas coloridas piscando o tempo todo, fazendo desenhos psicodélicos na pista de dança do outro lado.

Impossível não gostar daquele lugar, Cherry pensou, caminhando pela multidão agitada. Sexo, drogas e Rock n’ Roll – tudo o que uma menina má gostava. Ela estava no paraíso! Se encontrasse o cretino que estava procurando e pudesse dar uma surra nele aquela seria uma noite perfeita.

Com passos sensuais, embalando-se conforme a música que estourava dos alto-falantes, Cherry seguiu pelo corredor estreito que dava direto ao escritório do senhor do bar. Ela não bateu na porta, nunca precisou, apenas adentrou o lugar ricamente decorado. Foi uma explosão de cores, como sempre era. Impossível deixar de se surpreender com toda aquela decoração colorida.

King estava sentado atrás de uma mesa grande de vidro, perfeitamente acomodado em sua poltrona de couro e fumando um charuto enquanto examinava pequeninhos diamantes. Cherry se aproximou em silêncio e despejou sobre a mesa dois saquinhos de veludo.

 O homem ergueu a vista e abriu seu sorriso encantador.

King era um homem digno de seu nome: forte e poderoso, além de muito bonito. Era um moreno musculoso de traços firmes, olhos escuros e cabelos grossos. Vestia-se como mandava o figurino de sua boate; calças jeans, camiseta regata exibindo sua única tatuagem monstruosa. Nada de terno para o senhor do bar.

A Leoa RubraWhere stories live. Discover now