Existem pessoas boas e pessoas más. E há aquelas que vivem entre os dois.
A Primeira Guerra Bruxa deixou feridas profundas e muitos segredos. A história que você está prestes a ler faz parte de muitas que ainda não foram contadas. Até agora. Os gême...
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Era fim de tarde de 1976. No entanto, não fazia diferença já que aquele lugar havia parado no tempo. A Travessa do Tranco tinha a exata aparência desde o seu surgimento que remontava ao período medieval: uma estreita rua transversal feita de pedra, pouco convidativa e repleta de pequenas construções de aparência abandonada. Ali havia uma quantidade absurda de aberturas que davam acesso a becos sujos e passagens secretas. A verdade é que aquele pedaço esquecido no tempo era muito maior do que aparentava, inteiramente dedicado ao comércio que fervia com toda sorte de artigos, poções, armas, venenos e ingredientes para bruxos devotos da atraente e perigosa Arte das Trevas.
O aspecto sombrio, a neblina espessa e a constante mistura de odores somado a livre passagem de seres com intenções escusas – tudo e absolutamente tudo - tinha um toque proposital de decadência. Bruxos de alma corrompida vagavam silenciosamente, muitos cobrindo os rostos temendo serem reconhecidos por suas atividades ilícitas. Aquele era o único local aonde o comércio negro e a venda de drogas era tolerada. Não raro, os bruxos considerados de boa "índole" evitavam serem vistos transitando pelo Tranco.
A jovem, todavia, chamava atenção pela forma soberba e indiferente com que andava, sem cobrir o rosto e até fazendo esforço para ser vista. Trajava um belo vestido longo de veludo azul que desenhava o seu corpo e um decote revelando perfeitamente a curva hipnotizante de seus seios . Por cima, usava uma capa - também de veludo - que inevitavelmente se arrastava no chão de pedra enquanto caminhava. Suas madeixas cor de mel balançavam sedosas e não era exagero dizer que seu conhecido cheiro adocicado agitava a libido de bruxos de ambos os sexos que cruzavam o seu caminho, mas que não eram tolos ou corajosos o suficiente para perturbá-la.
Entrou pela loja de número 13B cuja vitrine denunciava ser aquela que, indiscutivelmente, era a maior loja de antiguidades e artigos dedicados ao mundo da magia negra. Borgin&Burke, o principal empreendimento que atendia um grupo seleto de bruxos em busca de artigos raros a especiais. Seu interior era mal iluminado e repleto de peças raras que serviam aos mais variados tipos de desejos funestos.
O barulho de alguém que acabara de chegar fez Sr. Borgin sair do interior de sua loja com cautela, pousando os olhos desconfiados sobre a jovem que dispensava apresentações: Elise Bellator o aguardava pacientemente do outro lado do balcão com os olhos brilhantes como se estivesse em uma loja de doces.