Existem pessoas boas e pessoas más. E há aquelas que vivem entre os dois.
A Primeira Guerra Bruxa deixou feridas profundas e muitos segredos. A história que você está prestes a ler faz parte de muitas que ainda não foram contadas. Até agora. Os gême...
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'Nunca livre. Nunca eu mesmo. Então eu os nomeio imperdoáveis"
Não faziam nem 10 minutos que os garotos saíram da enfermaria com a promessa de ajudar Elizabeth e ela já estava explodindo de ansiedade. Roía uma das unhas enquanto batia os pés no chão compassadamente em um ritmo surdo, calçados em um chinelinho que apareceu misteriosamente para ela naquela manhã. Estava em pé atrás de sua cama, encostada na parede e olhando para a grande janela de vidro, protegida por finas grades de ferro desenhadas em arabescos.
Observava a agitação de alunos em seu primeiro dia de aula. Agradeceu por estar ali, reclusa e escondida dos holofotes e não tomando consciência que todos comentavam sobre ela. Colocava a mão no pescoço desnudo, amaldiçoando a si mesma por perder a única coisa que tinha de sua mãe. Mechas de seu cabelo caíam sobre os ombros e sua franja estava desarrumada. Se sentia feia e desajeitada. Pôs se a caminhar pelo pequeno espaço, do começo ao fim da cama, indo e voltando...indo e voltando.
-Aquele desgraçado!
Praguejava baixinho, olhando para o chão com raiva. Damien deveria estar se divertindo muito para não ter tempo de visitá-la. Com ele foi tudo tranquilo e normal. Ela sempre ficava com o lado problemático da coisa toda. Enquanto todos começavam o ano letivo tranquilos e despreocupados, Elizabeth tinha que se acostumar com aquela "prisão" e a presença de alguns (muitos) alunos curiosos passando com mais frequência do que o normal pela entrada da enfermaria. "Não vim para ser prisioneira novamente", pensou.
- LIZZIE! – Damien apareceu do nada diante dela. Vestia o tradicional uniforme de aluno de Hogwarts e ela notou imediatamente uma linda gravata verde com listras prateadas se destacando em seu pescoço com um nó invejável. Em seu peito, era exibida de forma orgulhosa, o broche com uma bonita insígnia de uma cobra atrelada a outros desenhos que Elizabeth não reconheceu de imediato, mas achou incrível. Aliás, Damien estava esplêndido: o cabelo cor de âmbar desajeitado e rebelde de uma maneira atraente, os olhos brilhando e fazendo um contraste perfeito com o uniforme escuro da escola e leves olheiras demonstrando que ele havia dormido tarde na noite passada. "Devia estar se divertindo com os novos amigos." Uma onda de raiva cresceu dentro dela pois percebeu que o irmão estava completamente instalado e talvez até adaptado enquanto ela não. "Ele está seguindo em frente."
- AONDE VOCÊ ESTEVE ESSE TEMPO TODO? PESSOAS QUE EU NEM CONHEÇO DIREITO JÁ VIERAM ME VISITAR E VOCÊ NADA! OLHA AQUI SEU...- a cada palavra a voz dela se alterava e Elizabeth se aproximava perigosamente dele. Tinha medo que ele a abandonasse ali. Parou somente quando Madame Pomfrey surgiu no recito com a expressão fechada e o ar de interrogação no rosto. Elizabeth abaixou o tom de voz e pigarreou, envergonhada.
Damien permanecia imóvel olhando para a irmã e avaliando se era seguro falar alguma coisa. Ela reparou com uma ponta de curiosidade que garoto segurava alguns livros além de um pacote pardo embrulhado de forma cuidadosa.
