Capítulo 66

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S/n Grimes

Quando amanheceu eu me voluntariei para ficar de vigia. Carl e meu pai saíram há poucos minutos com Michonne, os três foram em busca de armas e suprimentos.

Já do lado de fora, coloquei minha arma na cintura e tirei do bolso o MP3 que Daryl me deu. Coloquei os fones e cliquei em uma música qualquer.

Eu ouvia a música e olhava atentamente para os zumbis que empurravam a cerca, perdida na letra suave da canção.

I had a dream
Eu tive um sonho
I got everything I wanted
Em que eu tinha tudo que queria
Not what you'd think
Não é o que você pensou
And if I'm bein' honest
E para ser honesta
It might've been a nightmare
Deve ter sido um pesadelo
To anyone who might care
Pra qualquer pessoa que eu me importo

Thought I could fly
Pensei que eu poderia voar
So I stepped off the Golden
Então eu pulei da ponte Golden
Nobody cried
Ninguém chorou
Nobody even noticed
Ninguém nem percebeu
I saw them standing right there
Eu vi eles parados ali
Kinda thought they might care
Meio que pensei que eles poderiam se importar

I had a dream
Eu tive um sonho
I got everything I wanted
Em que eu tinha tudo que queria
But when I wake up, I see
Mas quando eu acordo, eu vejo
You with me
Você comigo

And you say: "As long as I'm here, no one can hurt you"
E você diz: "Enquanto eu estiver aqui, ninguém poderá te machucar"
Don't wanna lie here, but you can learn to  hurt me
Não quero mentir aqui, mas talvez você possa aprender a me machucar
If I could change the way that you see yourself
Se eu pudesse mudar a maneira como você se vê
You wouldn't wonder why you hear: "They don't deserve you"
Você não se perguntaria por que ouve: "Eles não te merecem"

Levo um pequeno susto ao ter meus fones retirados por mãos grossas e frias. Me virei em um pulo e dei de cara com o peito rígido de Daryl.

— Que bom que gostou. - ele disse, se referindo ao MP3.

— É, tem umas músicas bem legais. - dei de ombros, olhando diretamente em seus olhos.

— Ainda quer chutar o meio das minhas pernas? - perguntou de forma descontraída.

— Sim. - respondo séria, fazendo o caçador respirar fundo. — O que está fazendo aqui? - mudo de assunto.

— Seu pai mandou eu ficar de olho em você. - ele disse, voltando a usar seu tom claro e seco de sempre.

— Não preciso de babá. - digo impaciente.

— Eu sei que não, mas ele se sente melhor com alguém vigiando você. - disse o caçador. — E eu também.

— Papai parece confiar em você. - mudo novamente o foco da conversa. — Ele sabe sobre nós?

— Acha que eu estaria vivo se ele soubesse? - acabei rindo com sua resposta.

Daryl me acompanhou na risada, se calando no mesmo instante que eu. Seus olhos encaravam os meus sem vergonha nenhuma. Ele desceu seu olhar para meus lábios e o intercalou entre eles e o pequeno decote que havia em minha blusa.

— Pode ir agora. - digo de repente, fazendo os olhos do caçador saírem dos meus seios. — Já disse que não preciso de babá.

— Não tenho nada pra fazer agora, então... - ele levantou os ombros e colocou as mãos nos bolsos.

— O Governador pode aparecer a qualquer momento. Então, sim. Você tem muita coisa pra fazer agora. - retribuo o sorriso sínico do homem. — E uma dessas coisas é manter o nosso grupo em segurança.

— Eu estou fazendo isso. - Daryl falou, sem desviar seus olhos dos meus nem por um segundo.

— Daryl... - ele me interrompe, antes mesmo que eu falasse qualquer coisa.

— Quer mesmo que eu vá embora? - perguntou com a voz mais grossa do que o normal, vindo até mim lentamente.

Daryl parou bem próximo do meu corpo, usando uma das mãos para tirar as mechas de cabelo que cobriam o meu pescoço. Fechei os olhos e respirei fundo ao sentir os lábios do caçador tocarem a minha pele, fazendo todo meu corpo se arrepiar.

— Você tem um cheiro viciante. - ele disse baixinho, distribuindo leves beijos no meu pescoço. — Você é viciante.

Me segurei em seus ombros largos para não cair, enquanto o caçador continuava a deixar beijos molhados e quentes na extensão da minha pele.

Eu o desejava. Eu o queria.

Mas não podia me entregar assim.

— Daryl, não... - o empurrei com dificuldade.

Os olhos azuis e profundos de Daryl me encaravam daquele jeito misterioso e intimidador. Ele olhou para o chão, passou o polegar na ponta do nariz e me olhou novamente.

— Quer que eu vá embora? - ele perguntou. — Quer que eu te deixe aqui e volte lá pra dentro?

— Sim. - tento ser firme na minha resposta.

— Então, diga. - o olho confusa. — Mas quero que diga com firmeza. - ele voltou a se aproximar. — Quero que diga que não quer me beijar agora mesmo. Eu só quero que diga que não me deseja. Aí sim eu vou embora.

Eu fiquei em silêncio, tendo que levantar um pouco a minha cabeça para olhar em seus olhos.

— Quero que você seja minha, nem que seja por alguns minutos. - ele sussurrou, acariciando levemente a minha bochecha.

Eu permaneci calada, tentando controlar a minha respiração.

— Então, ainda quer que eu vá? - Daryl perguntou, aproximando seu rosto do meu lentamente.

Eu queria mandá-lo embora, mas não conseguia. Eu não podia.

Eu queria Daryl Dixon tanto quanto ele me queria. Eu queria senti-lo outra vez.

— Não. - minha voz saiu falhada, fazendo o caçador abrir um sorriso satisfeito.

Os lábios do homem vieram ao encontro dos meus, iniciando um beijo lento e carregado de desejo. Suas mãos entraram por dentro da minha blusa e apertaram as minhas costas, me puxando para mais perto de si.

— Não consigo fazer isso aqui. - me separo do beijo com a respiração ofegante, olhando para os zumbis na cerca.

— Vem! - ele segurou a minha mão e me puxou para dentro, fechando a porta atrás de nós.

Daryl me empurrou contra a parede gelada e devorou meus lábios outra vez. Agora, o beijo era ainda mais quente e desejado.

Levei minhas mãos até a barra da sua calça e comecei a tirar seu cinto, deixando o mesmo retirar a própria camisa. Deslizei até cair sentada no chão, tirando minha blusa e desabotoando minha calça.

O caçador me fez deitar no chão e veio por cima, deixando leves chupões em meu pescoço.

— Quero sentir sua pele pegar fogo. - ele sussurrou no meu ouvido com aquela sua voz rouca que me levava a loucura.

Love in chaos - Daryl Dixon Onde histórias criam vida. Descubra agora