Capítulo 04

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S/n Grimes

Estamos acampados nas montanhas há, mais ou menos, três semanas e meia. Nossos suprimentos já estão acabando, então, um pequeno grupo irá se arriscar e ir até a cidade em busca de qualquer coisa que seja útil.

Grupo esse formado por: Glenn, Andrea, Morales, T-dog, Merle e Jacqui. Eles irão tentar encontrar o básico, água, comida enlatada e, quem sabe, algumas armas.

— Tome cuidado! - digo para Glenn, me despedindo antes que o mesmo saísse. — Você se tornou o meu coreano favorito.

— E quantos coreanos você conhece? - ele perguntou em tom brincalhão.

— Só você. - respondo, o fazendo rir. — Então garanta que eu continue tendo um coreano pra chamar de amigo.

— Tudo bem, eu vou me cuidar. Mas quero que se cuide também.

— Garanto que vou estar bem mais segura do que você. - brinco.

Depois de nos despedir, Glenn e os outros saíram. Confesso que estava com um pouco de medo, com medo de acabar perdendo mais pessoas. Glenn é um cara legal e se tornou um grande amigo meu, gosto dele.

Entediada e sem nada melhor para fazer, decido dar uma volta pela floresta.

Eu murmurava letras de canções enquanto caminhava lentamente entre as árvores. Achei que estava sozinha, mas, pelo visto, eu tinha companhia. Sons de galhos se quebrando me fizeram colocar a arma que Shane havia me dado em punho.

Em passos lentos e silenciosos, me aproximei de um volumoso arbusto. Com cuidado, afastei algumas folhas e verifiquei quem estava causado aqueles sons, ficando totalmente em choque.

Shane e Lori, juntos.

Os dois rolavam no chão com as bocas e os corpos grudados, grudados até de mais. Me afastei e pisquei repetidas vezes, tentando digerir o que eu havia acabado de ver ali.

Eles estavam muito ocupados para me ouvir, então eu comecei a correr pela estreita trilha. Minha cabeça estava baixa e meu estômago se contraia, causando ânsias insuportáveis.

Enquanto tentava tirar aquelas imagens da minha cabeça, acabei me batendo em algo, ou melhor, em alguém. O impacto foi tão grande que eu acabei caindo no chão, mas logo uma mão grossa e áspera foi estendida em minha direção.

— Devia olhar por onde anda. - olho para cima e encontro aqueles lindos olhos azuis me encarando.

— Foi mal! - agarro sua mão e levanto, usando as duas mãos para limpar a minha roupa.

— Você está bem? - ele perguntou.

— Sim, eu estou bem. - respondo rapidamente, tentando convencê-lo de que não havia nada de errado comigo.

— Não, você não está. - disse Daryl, vendo a confusão no meu olhar. — Vem, vou te tirar daqui!

Daryl segurou meu braço um pouco forte e tentou me arrastar para o acampamento, mas eu puxei meu braço de volta rapidamente. Ele me olhou estranho, esperando uma explicação.

— Nem ferrando que eu vou para o acampamento. - digo, fazendo ele revirar os olhos.

— Você está pálida. - foi a única coisa que ele disse, na tentativa inútil de me fazer ceder.

— Não, eu não vou pra lá! - repito, agora, com o tom de voz ainda mais sério.

Ele suspirou e passou as duas mãos pelo rosto, subindo para o cabelo. Por alguns segundos ele permaneceu me encarando, deixando o clima meio constrangedor.

— Me siga! - dei de ombros e fui atrás dele.

Segui o homem até um pequeno riacho, onde sentamos nas pedras que haviam em volta da água. Tirei meus tênis e coloquei os pés dentro da água, enquanto Daryl apenas me observa.

Esse jeito observador que Daryl tem é um pouco estranho e assustador. Às vezes eu imagino que ele está planejando me matar.

— O que aconteceu? - ele resolveu perguntar, quebrando aquele silêncio perturbador.

— Nada com que deva se preocupar. - respondo friamente, sem nenhuma intenção de ser grossa.

— Sei que viu algo. - ele disse, sem deixar de me encarar.

— Desde quando você se importa? - acabei sendo ainda mais grossa.

— Eu não me importo. - mais rude que aquilo, impossível. — Vou te deixar sozinha, aposto que é isso que você quer. - disse Daryl, ficando de pé. — Se alguém perguntar, diga que eu só volto amanhã.

Sem olhar para trás ele saiu com sua besta nas costas, sumindo no meio das árvores e arbustos. Fiquei observando ele se afastar, até que não conseguia mais vê-lo.

A cena de Lori e Shane transando atrás daquele arbusto voltou a me atormentar e tudo que eu queria agora era gritar o mais alto que eu pudesse, mas era muito arriscado. Sendo assim, respirei fundo e tentei controlar minha raiva cravando as unhas na palmas das mãos.

— Um... dois... três... quatro... - eu contava e respirava ao mesmo tempo, sentindo minhas mãos ficarem molhadas. — ... dez! - abro novamente minhas mãos e meus olhos, voltando a respirar normalmente.

Limpei as mãos na água do riacho e decidi voltar para o acampamento, afinal, mais cedo ou mais tarde eu teria que voltar de qualquer jeito. Escondi minhas mãos atrás do meu corpo e tentei desfazer aquela minha cara de nojo.

— S/n! Onde estava? - Lori perguntou ao me ver sair da floresta, correndo até mim com um olhar preocupado.

— Fui dar uma volta. - me esforço para não deixar evidente o nojo que eu sentia dela e de suas mãos tocando meus ombros.

— Está tudo bem? - ela perguntou desconfiada e um pouco confusa.

— E por que não estaria? - respondo com outra pergunta.

— É que você está gelada e seu rosto está pálido. - comentou. — Tente descansar um pouco e,  caso precise conversar com alguém, eu estou aqui.

Retribuo o fraco sorriso e me afasto de Lori, seguindo até minha barraca, onde encontrei Carl lendo um de seus gibis. Respirei fundo mais uma vez e sentei ao seu lado, atraindo a atenção do garoto.

— O que houve com suas mãos? - foi a primeira coisa que ele perguntou, vendo as mesmas vermelhas.

— Nada de mais. - respondo, forçando um sorriso convincente.

Carl deu de ombros e voltou a ler seu gibi, sem fazer mais nenhuma outra pergunta. Eu apenas fiquei ali, olhando para um canto qualquer, lutado contra as cenas que continuavam na minha cabeça.

Não acredito que Lori teve coragem de fazer aquilo, ela realmente transou com o melhor amigo do marido. Meu pai estando morto ou não, Shane ainda é o melhor amigo dele. Isso foi uma baita falta de respeito, ela tinha que ter vergonha do que fez.

Pelo menos fui eu quem flagrou eles na floresta, e não Carl.

Não gosto nem de imaginar a reação do meu irmão vendo aquela cena vergonhosa e nojenta.

Love in chaos - Daryl Dixon Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum