Capítulo 33

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S/n Grimes

Estávamos todos reunidos em volta da fogueira apagada tomando nosso café da manhã. Eu estava sentada com Carl, Lori e meu pai. O casal conversou e acabou se resolvendo, o que me deixa contente. Ainda não esqueci o que Lori fez com meu pai, e nem vou esquecer, mas se ele está feliz com ela... o que posso fazer a não ser torcer para que os dois continuem felizes?

Vejo Daryl saindo da sua barraca, sentado em uma cadeira bem na minha frente. Lancei um sorriso gentil para o homem como forma de cumprimento, o qual ele retribuiu disfarçadamente.

Olho para o lado e vejo Glenn e Maggie se encarando. A fazendeira estava na varanda de sua casa, e ela sabia o que Glenn pretendia fazer. O coreano então direcionou seu olhar para mim, e eu assenti com a cabeça.

Eu, ele e Dale sabemos o certo a se fazer nesse momento. Provavelmente Maggie ficará muito chateada com o Glenn, mas agora nós temos que pensar no nosso bem estar.

— Ãhn, pessoal. - ele começou, levantando e chamando a atenção de todos. — Então, o celeiro está cheio de zumbis. - disse de uma só vez, fazendo a maioria se engasgar com o que comia.

Eu não teria soltado a bomba daquela forma, mas... o importante mais é que todos saibam.

Depois de digerir a informação, corremos até o celeiro. Shane se aproximou cautelosamente da porta, a qual foi forçada para frente. O ex policial veio até nós com seu olhar sério sobre meu pai, enquanto ouvíamos os grunhidos dos mortos, que eram impedidos de sair por causa das correntes que selavam a porta.

— Você não vai me dizer que tá tudo bem com isso, né? - Shane perguntou, indo até meu pai.

— Não, eu não vou. - disse papai. — Mas somos convidados aqui. Essa não é nossa terra.

— Ah, qual é? Essa é a nossa vida, cara! - Shane gritou, sendo repreendido por Glenn.

— Não podemos varrer isso assim pra debaixo do tapete. - disse Andrea.

— Ou a gente entra lá e faz a coisa certa, ou vamos embora daqui. - olhei incrédula para o ex policial, que não parecia estar brincando.

— Nós não podemos! - papai retrucou, aumentando o tom de voz.

— Por que, Rick? Por quê? - o homem continuou questionando, cada vez menos paciente.

— Porque minha filha ainda está por aí. - Carol se intrometeu.

— Eu acho que já tá na hora da gente começar a considerar uma outra possibilidade... - não deixo o babaca, vulgo Shane, terminar.

— Shane, nós não vamos deixar a Sophia pra trás. - digo, sendo interrompida por Daryl.

— Eu estou perto de achar a garota. - o caçador disse, parando ao meu lado. — Achei a boneca dela há dois dias.

— Você achou uma boneca, Daryl. É isso que você fez. Achou uma boneca - Shane falou, aumentando minha vontade de socar sua cara.

— Qual é a sua? Você não sabe do que está falando! - Daryl gritou na cara do homem, indo até o mesmo.

Eu estava prevendo uma briga, então segurei o braço forte do caçador e o puxei para mim, enquanto meu pai entrava na frente de Shane.

Daryl me olhou enfurecido e puxou seu braço de volta. Eu neguei com a cabeça e voltei a focar nas merdas que Shane falava.

Toda aquela gritaria estava deixando os zumbis ainda mais agitados. Eu não parava de fitar aquela porta, com medo daqueles mortos conseguirem arrebentá-la.

— Se ela estivesse viva por aí e visse você vindo, todo esquisito com sua faca e orelhas penduradas no seu pescoço, ela iria correr na outra direção! - Shane falou, fazendo Daryl ir para cima dele outra vez.

Eu, meu pai e todos os outros tentávamos separar os dois homens, que gritavam um com o outro sem parar. Puxei Daryl novamente, usando toda a força que tinha, empurrando seu peito para trás.

— Para, por favor. - sussurro perto de seu rosto. — Olha para mim. Ei... - continuo sussurrando, fazendo seus olhos encararem os meus. — Calma. - tento acalmá-ló.

Aos poucos, a respiração de Daryl foi voltando ao normal. Ele não tirava seus olhos dos meus, e eu também não os desviava. Fiquei ali respirando com ele, até o mesmo finalmente se acalmar.

— Hershel acha que esses mortos estão doentes. Precisamos conversar com ele antes de tomar qualquer decisão. Estamos nas terras dele, somos convidados e não temos direto de fazer o que queremos. - digo assim que tive certeza de que Daryl não surtaria outra vez.

— Você sabia disso? - papai perguntou, vindo até mim com a voz controlada.

Abaixei a cabeça sem saber o que dizer, ouvindo meu pai respirar fundo e Shane soltar uma risada irônica.

— A garota tem razão. - Dale partiu em minha defesa, pousando uma de suas mãos em meu ombro. — Hershel vê aquelas coisas como pessoas doentes. A esposa dele. O entediado dele...

— Você também sabia? - papai o interrompeu, ficando ainda mais nervoso.

— Ontem eu falei com o Hershel. - o velhinho explicou, mantendo a calma na voz.

— Vocês sabiam e esperaram a noite? - agora foi a vez de Shane o interromper.

— Pensei que poderíamos sobreviver a mais uma noite. - Dale respondeu, não se deixando intimidar pelo homem furioso a nossa frente.

— E sobrevivemos. - completo, sendo encarada por Shane.

— Eu estava esperando até essa manhã pra dizer alguma coisa, mas o Glenn queria contar. - Dale explicou.

— O homem é louco, Rick! - disse o ex policial, voltando sua atenção para meu pai. — Se o Hershel pensa que essas coisas estão vivas ou não...

Papai tentou interromper o homem, gerando outra grande discursão. Os dois gritavam e eram acompanhados pelos outros, fazendo tudo sair do controle outra vez.

— CALEM A PORRA DA BOCA! - grito, fazendo todos se calarem e olharem para mim. — Não é hora de dar seus pitis, Shane. Eu não sei se percebeu, mas todos estamos assustados e preocupados. Ninguém liga pra sua opinião, estamos tentando achar uma solução. Uma solução que não inclua todos nós sendo expulsos.

Eu tinha a atenção de todos sobre mim, principalmente a de Shane e meu pai. Aquela gritaria estava deixando os zumbis ainda mais sedentos por nossa carne. Se eles conseguissem derrubar aquela porta, estaríamos ferrados.

— Eu não quero ser jogada na rua. - continuo. — Se não pode esperar meu pai falar com o Hershel como uma pessoa normal, pode ir embora. Ninguém se importa!

Depois de cuspir todas aquelas palavras, voltei para minha postura normal e tentei controlar minha respiração novamente. Era como se nada tivesse acontecido.

Estou de saco cheio daquele homem achando que manda em algo, achando que é o líder. Ele não é porra nenhuma. Nem um amigo fiel ele conseguiu ser. Como podemos confiar em alguém assim?

Love in chaos - Daryl Dixon Where stories live. Discover now