Cheguei à escola.Despedi-me do Sebastião com dois beijos na sua face e agradeci-lhe pela boleia. Decidi não ligar àquilo que o Sebastião disse. Deve ser mais uma cena de ciúmes. Eu não acho, tenho a certeza.
Andei alguns passos até à porta do pavilhão. Senti o meu braço ser puxado por alguém mais forte que eu.
- Ei ! - gritou.
Reconheci a sua voz rouca, mas ao mesmo tempo doce como o mel. Era o Pedro.
- Precisamos de falar sobre o que aconteceu ontem à noite.- sentenciei- tu desapareces-te assim do nada.
- Eu não desapareci - com a voz calma continuou- eu passei a noite contigo, no sofá, e fui-me embora de manhã antes de acordares.
Senti, imediatamente,a minha pele a ficar vermelha. Não muito, apenas o suficiente para ficar corada. Coloquei levemente a minha mão atrás da minha orelha (coisa que faço quando fico envergonhada, ou nervosa).
-Ahm...
- Shiu, não digas nada - pousando levemente a sua mão suave como as núvens no meu rosto.
O que iria acontecer?
~~ Riing~~
Entramos para a aula, e a Catarina ainda não tinha chegado. Hum... O que é que ela andará a fazer ?
~~Riing~~
Acabou de tocar para os primeiros quarenta e cinco minutos e a Catarina ainda não pos cá os pés. E agora que estou a ver bem o Rodrigo também não...Eles devem estar na marmelada, mas, eles sairam de casa de manhã... Ui, isto não me soa nada bem. Espero que ela não ande a fazer asneiras porque eu inda não quero ter mini Catarinas nem mini Rodrigos a andar pela casa !
Não sei porquê, olho repentinamente para o Pedro. Com isto, a retribuição que ele me dá é um papel mesmo no meio da minha face. Abrio-o com cuidado e estava escrito:
" Desculpa lá eu ter-me aproveitado do teu sono e ter dormido do teu lado"
Awnn. Gosto de rapazes que se preocupam, ahh como é bom que alguém se preocupe conosoco, que não olhe tanto ao físico e sim ao psicológico, onde guardamos os nossos maiores segredos ... Ahh como é bom...
Voltando ao bilhetinho. Eu não me importei, até gostei da sua companhia. Decidi responder
"Ahm, não ligues a isso. Eu estava a pensar...Ahm, queres ir lá denovo a casa? Jantas lá, assim já não preciso de fazer de velinha, kkkk' , então aceitas?"
Embrulhei o papel como embrulharia um pedaço de céu: delicadamente e com todo o cuidado.Passei, assim, o papel para o outro lado da sala. Olho fixamente para o rosto dele, como se o estive-se a vigiar. Ele olhava para o papel e, lentamente, ia esboçando um sorriso à medida que lia. Formava-se ali , por instantes, um univérso paralelo, onde apenas nós existiamos.
Mais uma vez, ouvia-se o barulho que nos aninciava a saida da aula. Continuava preocupada com a Catarina e também com o Rodrigo. Arrumei as minhas coisa e reparei que o Pedro estava à minha espera, fora da sala. Enquanto escrevia a sms que iria mandar à Catarina, ouço de novo a voz rouca, que eu já conhecia como a palma da minha mão
-A sério que não te importas-te ?- esboçando denovo um sorriso na sua face.
- Sim - as minhas atenções, neste momento estavam apenas dirécionada para Pedro , até que, o som do aviso de mensagem do meu telemóvel as desviou.
- Ah ! - gritei - Eu sabia !
Com as atenções todas viradas para mim, o Pedro protegeu-me , colocando-se à minha frente dizendo que ali não se passava nada.
- Agora, só aqui entre nós, o que é que tu já sabias - Com um ar sarcástico, sussurou Pedro no meu ouvido.
-Eles os dois, ou seja, a Catarina e o Rodrigo, fugiram. Não sei de quem nem do que, mas não vão estar fora dois dias.
-Ah vão? - Disse ele com um ar atenuado de safadeza.
-Vão- afirmei.
- Então, ok. Ainda me dá autorização de porporcionar o acompanhamento do jantar de hoje na sua casa ?
-Claro que sim - Respondi entusiasmada - E já não vamos ficar de vela.
- Eles moram contigo ? - Questionou intrigado.
- Moram, a minha casa é muito espaçosa desde que... - engolindo novamente as palavras que ia dizer.
- Desde que... - Questionou, Pedro na esperança que eu acabasse a minha frase.
- Desculpa, mas ainda não me sinto preparada para te dizer isto. - Ao dizer isto, baixei a cabeça, e mais uma vez toque delicadamente na minha orelha.
-Claro, eu compreendo. Nós também, não somos namorados, não é ? - Esclamou com um tom de voz calmo.
Ao ouvir estas palavras, o mundo caiu-me aos pés. Ele esperava que nós fossemos namorados ?
~~ riing~~
Mais um toque para a entrada. Mais uns agoniantes e esgotantes 90 minutos, desta vez, de matemática.
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Eu sei lá
Teen FictionSabes aquele momento da vida em que tudo é perfeito? Inês não teve esses momentos. Criada apenas pela "ditadura" rígida do seu pai, Inês praticamente não teve infância. Será, que, depois da trágica morte do se exemplo paternal, Inês conseguirá levar...