Cap. 47 - A Carta

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Pov Lauren Jauregui

Um Dia Depois

Abro a porta do apartamento e um silêncio incomum me recebe.
No começo da nossa relação, ela era cuidadosa ao se movimentar, quase como se pedisse desculpas por estar aqui.
Às vezes, eu só percebia que ela se aproximava quando já estava à minha frente - o que é incomum, porque sou naturalmente alerta e desconfiada.

Aos poucos, no entanto, ela começou a relaxar, o que me fez entender de algum modo, que ela estava se sentindo mais confiante comigo.
Hoje, minha Camila é tão cheia de vida que eu sei exatamente quando ela está ou não em casa, o que me faz ter certeza de que, no momento, não há ninguém além de mim aqui.

Pego o telefone para ligar para Grigori, mas vejo uma mensagem dele no visor.

– Ela sumiu.

O pânico inicial dura poucos segundos.

Não há mais Naim e a essa altura, nem Alejandro - o que me faz concluir que Camila escapou dos seguranças por vontade própria.

Tento seu celular, mas como já imaginava, vai direto para a caixa postal. Abro o aplicativo para rastreá-la, mas seu celular está desligado. Preocupada, pego o laptop para descobrir onde esteve na última vez em que seu telefone alcançou uma torre, mas antes que eu chegue a ligá-lo, meu celular toca.

Quando sua foto surge, meus batimentos cardíacos disparam.

– Onde você está?

– Eu precisava pensar um pouco. Você já voltou? Grigori disse que chegaria hoje.

A culpa me faz ficar em silêncio por um tempo.
Eu sequer telefonei durante os dias em que estive na Grécia e fiz isso conscientemente.
Na verdade, eu temia que ouvir sua voz me fizesse fraquejar.
Presa a todo o ódio guardado em mim, eu a isolei, mesmo depois de tudo o que vivemos.

– Sim, já voltei. Diga-me onde você está. Eu irei encontrá-la.

Agora que ela me ligou, eu poderia rastreá-la em minutos, mas gostaria que me desse sua localização espontaneamente.

– Perto de casa, mas não precisa vir. Já estou quase chegando.

Ela desliga sem se despedir e eu encosto a cabeça no tampo da mesa, incerta do que nos aguarda daqui por diante.
Ela está grávida e sozinha na rua.
Esteve sozinha quando descobriu sobre o bebê, enquanto eu coloquei uma promessa acima do nosso amor.

Ando até o closet para pegar roupa. Tomarei uma chuveirada rápida.

Sinto-me imunda e não é só externamente. Eu não sou digna do que ela me entregou.

Alcanço uma camiseta e uma cueca boxer quando vejo em cima de uma das prateleiras, uma caixa que não deveria estar ali.
Eu sei que caixa é essa.
Ela não ficava tão visível antes e isso porque sempre tomei o cuidado de mantê-la longe dos meus olhos para não ser tentada a abri-la.

Agora, tudo terminou e chegou a hora de colocar um ponto final nessa trilha de rancor.
Esquecida do banho, pego-a e levo para o quarto.
Sei que Camila provavelmente a encontrou.
Essa seria a única razão para ela estar à mostra, mas para falar a verdade, eu não me importo se minha mulher descobriu tudo sobre o meu passado.
Estou tão cansada de manter segredos...

Sento na cama, abro-a e noto que fotografias encontram-se fora dos envelopes, mas o que me prende mesmo a atenção é a carta em papel amarelado.
Pegá-la agora já não parece tão importante quanto há um tempo atrás.
De tudo o que ele possa me dizer, nada mudará o fato de que deixou e até mesmo incentivou que eu odiasse a minha mãe.

CAMREN: Vingança, Não Amor! (G!P)Where stories live. Discover now