4:06 p.m.
– Me explica de novo por que você está vindo comigo e não o Trevor – peço, sentadinha no banco do carona do carro gigantesco de Jake. Com a mala desse carro, dá para carregar comida de um mês para a casa em vez de uma semana.
– Eu queria passar um tempo com você já que a gente não se vê durante a semana, o que torna muito difícil lutar pelo meu posto de melhor amigo e ganhar o meu beijo de boa noite, então eu pedi para o Trevor trocar o dia de compras dele comigo. Agora ele vai fazer compras daqui umas duas semanas, quando seria a minha vez – ele explica tranquilamente, com as mãos no volante e a atenção em mim e na rua.
– Hoje é domingo, Jake. Não é o seu dia de ficar com a Moara?
– É, mas eu desmarquei o que ia fazer com ela.
– Para ir fazer compras comigo?
– É. Eu vejo a Moara todos os dias na faculdade. A gente namora há sete meses. Um domingo a mais ou a menos não faz diferença na minha relação com ela. Faz na minha com você, no entanto.
Deixo as mãos descansarem sobre as coxas enquanto penso sobre o que Jake disse. Ele está abrindo mão do dia em que fica com a namorada, em que certamente transa com a namorada, para passar duas horas comigo dentro de um mercado. A cabeça de baixo de Jake é como a minha: não coloca nada que não seja extremamente importante na frente da possibilidade de transar. Nada. Então, de duas uma: Ou ele transa com Moara durante a semana na faculdade, ou eu sou mais importante do que qualquer outra coisa nesse momento para ele.
Fico eufórica e apavorada que a segunda opção seja o que de fato está acontecendo porque preciso me ater ao objetivo de recuperar a minha amizade com ele e só. Se Jake está apaixonado ou se apaixonando por mim, mesmo sem eu ter feito nada além de ser eu mesma, tenho que achar uma maneira de lembrá-lo que os sentimentos de alguém importante estão em jogo aqui.
O jeito vai ser focar no que fazíamos como amigos e que nunca deu brecha para nada que fazíamos enquanto namorados.
– Vamos ouvir música? – pergunto.
– Claro – Jake aperta um botão na tela gigante onde aparece o GPS do seu carro e o conecta ao Spotify do celular.
– Você tinha uma playlist muito boa e que a gente sempre ouvia juntos no seu carro. Posso procurar? – peço.
– Fica à vontade.
Pego o celular dele e vou fuçar o aplicativo do Spotify. Jake tem algumas playlists novas, algumas inclusive de música clássica, e que não tem a menor cara de que sejam dele, então imagino que pertençam a outra pessoa na conta dele do Spotify. Acho que essas playlists eram dos seus pais, o que me faz questionar se ele escuta essas músicas para lembrar deles. Jake quase nunca fala dos pais e só posso supor que seja pela dor. Depois de cinco meses desaparecida, Jake certamente entendeu que a família dele, que sempre foi a coisa mais importante do mundo para ele, não vai voltar mais.
E talvez por isso que ele tenha feito tanta questão de me ver hoje. Porque ele quer recuperar as pessoas que o amam e que cuidam dele, como os pais amavam e cuidavam. Não tem nada a ver com a cabeça de baixo.
Me sinto um pouco mal por ter julgado Jake desse jeito e vou em busca da nossa playlist que, incrivelmente, continua aqui. Para Jake não ter apagado essa playlist, creio que ele a ouvia com outras pessoas também ou esqueceu de apagar.
Clico na playlist e devolvo o celular para o painel, onde estava antes.
No segundo seguinte, começa a tocar Billie Jean e Jake abre o maior sorrisão.
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Minha Pessoa Compatível - Livro 3 - Série Encantadores
Teen FictionApós desintegrar e abençoar seus grandes amores, Haley finalmente se vê compatível com alguém. O problema é que esta compatibilidade vai se tornar o seu pior pesadelo. Como ela vai encarar finalmente ter compatibilidade com alguém? Com alguéns, na v...