Capítulo 13

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10:45 p.m.

Vou guiando o carro gigantesco de Jake até o prédio de Shane enquanto ele gasta o tempo dele ficando emburrado comigo no banco do motorista e Cass fala baixinho no ouvido de Shane no banco de trás. Ela deve estar dizendo alguma sacanagem para ele porque Shane não para de sorrir.

Observo Jake de braços cruzados ao fazer uma curva para a direita e respiro fundo.

– Quantas vezes isso já aconteceu, Jake? – pergunto endireitando o volante. Ao contrário do que uma pessoa normal faria, ele continua em silêncio e portanto tento de novo. – Eu preciso saber quantas vezes isso aconteceu para poder te ajudar.

– Você não vai conseguir me ajudar – ele diz com a cara virada para a janela.

– Você não sabe disso.

– Há quatro meses eu tenho ido a médicos para ver se alguém descobre o que está acontecendo comigo e ninguém sabe. Como você vai conseguir ajudar?

Ele ainda não perdeu o tom rude e olha que já saímos da Babylon há quase dez minutos. Sei que quando a briga acontece por besteira, ele logo pede desculpas e deixa o assunto de lado. Então imagino que apesar de não querer preocupar ninguém e dizer que estamos exagerando quando vemos o estado em que ele fica, Jake esteja tentando esconder o próprio medo do que tem acontecido com ele porque, de acordo com ele, não há o que ser feito para melhorar.

– Você sabe que nós estudamos terapias alternativas, né? – pergunto. – Não somos médicos nem nada, mas conseguimos resolver questões energéticas com uma série de tratamentos diferentes. E tem um que eu acho que eu consigo fazer com você, se você deixar.

Jake finalmente se vira para mim e descruza os braços. Os nós de seus dedos tamborilam uma melodia qualquer na janela do carona, como se o ajudassem a pensar sobre o que eu acabei de dizer.

Espero que não pense muito porque se ele me pedir explicações sobre essas terapias alternativas, vou falhar miseravelmente em responder.

– No começo era uma vez a cada 3 semanas mais ou menos. Agora tem acontecido uma ou duas vezes por semana e sempre de noite. Ninguém sabe dizer o que é – Jake explica, enfim.

Pelo retrovisor, vejo Shane atento à minha conversa com Jake, mesmo que claramente ainda esteja bêbado. Eu queria perguntar exatamente o que ele sente, mas não estou podendo arriscar Shane conectar os pontos, não.

Raj já me mandou o encanto que preciso colocar em Jake, com a sua devida pronúncia. Contudo, acho melhor fazê-lo enquanto Jake estiver dormindo, então vou colocar o despertador para o meio da madrugada, entrar no quarto de Shane e fazer o encanto tocando, sei lá, a coxa dele ou alguma outra parte que não seja as suas mãos e pés.

– Okay. Amanhã, então, resolvemos isso, tudo bem? – pergunto.

– O que você vai fazer?

– Você confia em mim?

Sua sobrancelha se aperta brevemente com a minha pergunta.

– Sim.

– Então não se preocupe com o que eu vou fazer. O importante é que você vai ficar bem.

Com a maior cara de descrente, Jake se volta novamente para o lado de fora, por onde só vemos casas agora. Dentro de um mês, teremos essa rua inteirinha cheia de decorações de Halloween e estou doida para poder sair com as meninas para pedir doces pela vizinhança. Nos anos anteriores Mrs. Ghorbani disse que elas eram muito pequenas para fazer Trick or Treat mas agora acho que elas estão na idade perfeita para isso.

– Me desculpe – Jake diz do nada e se ajeita no banco do carona. – Eu só estou cansado desse assunto. Eu não precisava ter falado desse jeito com você.

Minha Pessoa Compatível - Livro 3 - Série EncantadoresWhere stories live. Discover now