Depois disso, não precisava de nada ser dito, assim que nossos lábios se separaram eu vi os olhos de Jisung brilharem tanto que pareciam um céu estrelado. Ele sabia o que aquilo significava e eu também, ninguém precisava dizer alguma coisa. Depois que comecei a escrever percebi que nem sempre é preciso colocar tudo em palavras, há coisas no mundo que nenhuma palavra pode definir. Amar Jisung é uma delas, por mais que eu tente explicar, não há explicação nenhuma. A única pessoa que vai saber o significado daquele momento pra mim sou eu.

— Foi diferente das outras vezes que a gente se beijou – disse – Foi como se ele estivesse dizendo que me ama, entende?

— Meu Deus – Hyunjin sorriu e suspirou pela centésima vez – Eu queria viver um amor assim.

Eu acabo rindo, mas não tiro a razão dele. Apesar dos pesares que Hyunjin não sabe, eu não me arrependo de ter me libertado e aberto meu coração a ele. Todo o resto da nossa vida é um emaranhado de erros, dores e crueldade, mas quando estamos juntos é como se eu nunca tivesse experimentado uma gota de sofrimento, pois ele me faz tão feliz que me esqueço de tudo que dói.

— Eu ainda me sinto culpado.

É inevitável, agora eu sei. Pensei que quando Jisung e eu realmente estivessemos juntos, a felicidade que eu sentiria seria tão grande que ia me fazer esquecer de tudo, ou me deixar sonhar tão alto que eu poderia imaginar uma vida com ele onde eu não tivesse cometido os erros que cometi.

Eu me enganei. Me sinto feliz, completo, esperançoso e posso até arriscar dizer que me sinto bem, mas bem no fundo do meu coração, eu ainda guardo tudo. Agora eu entendo que não há absolutamente nada no mundo que vai tirar minha culpa, exceto o perdão de Jisung. Se pra ser perdoado eu preciso fazê-lo sofrer e correr o risco de perdê-lo, eu prefiro guardar todas as mentiras dentro de mim e aprender a viver com a culpa e a dor. É uma escolha minha.

— Culpado pelo que?

Quando volto a olhar pra Hyunjin, percebo que acabei verbalizando meus pensamentos de novo. Ainda não me acostumei com isso, às vezes me sinto tão confortável com ele que acabo falando coisas que não devo, mas venho tentando me vigiar pra não fazer isso sempre.

— Não sei, parece errado tentar de novo depois que passei seis anos com Felix – desviei o assunto. Não deixa de ser verdade, Felix foi meu único namorado durante metade da minha vida, e eu nunca pensei que um dia fosse me apaixonar por alguém de novo.

— Deixa de ser bobo, Hyung – ele atira um pepero em mim depois que abre uma caixinha deles – Desde quando é errado ser feliz ou amar alguém?

— Eu sei – sorrio – É só paranoia minha. De qualquer forma, eu estou mesmo muito feliz.

— Isso que importa, meu amigo – ele me da alguns tapinhas nas costas – E se você quiser ir pra casa curtir seu namorado, pode ir. Eu vou esperar o chefe chegar e já vou também.

Ele vai até o balcão conferir algumas contas, e eu o sigo pra pegar minha mochila no armário e guardar o boné e o crachá nela.

— Posso ir mesmo? – pergunto.

— Claro – ele sorri – Mas depois quero atualizações do romance.

— Tá – Eu reviro os olhos brincando e ele ri – Te vejo depois, então.

— Certo – ele caminha do meu lado até o lado de fora da conveniência – Tem sido muito legal passar as noites conversando com você, Hyung. Eu sentia falta de... – ele coçou a cabeça um pouco envergonhado – Sei lá, conversar.

— Eu sei – ri – Também gosto de passar um tempo com você – aponto pra um carro que parou do lado de uma bomba – Agora vai trabalhar, preguiçoso.

- 𝘼𝙉𝙏𝘼𝙍𝙀𝙎; (𝘮𝘪𝘯𝘴𝘶𝘯𝘨)Onde histórias criam vida. Descubra agora