O lugar que o amor pisou - Sterella

NEGÓCIOS

Mirella Fernandez

Duas semanas se passaram desde que eu tive ciência daquela informação e nada conseguia reduzir a pressão que eu sentia no peito.

Eu sei que eu poderia tentar fazer algo, mas eu tinha minha dignidade e quem havia escolhido terminar e deixar tudo para trás havia sido ela. Além do mais, que direito eu tinha de pedir alguma coisa a ela? A resposta era uma só... nenhum direito.

Depois de duas semanas eu ainda sentia o impacto da sua volta, da sua presença, mas eu havia decidido e estava trabalhando para que eu ficasse bem. Até porque, pelo quê eu havia entendido sua presença voltaria ser constante entre nossos amigos.

As meninas haviam combinado de se encontrarem a noite no apartamento de Hana e Leticia. Sim,  elas moravam juntas há mais de um ano. Eu havia comprado sua parte do nosso apê e agora morava sozinha nele. Eu já havia faltado em dois encontros que as garotas organizaram e que eu  sabia que Stéfani estaria presente, então fui praticamente intimada a comparecer nesse.

Cheguei um pouco mais cedo do que o normal, Hana ainda estava no banho e Leticia me olhou com uma feição de curiosidade.

- Está tudo bem?

- Está. Eu só estou tentando lidar, da melhor forma possível sabe? A Han me disse que ela está bem e feliz. Isso faz tudo parecer melhor e mais certo. - Falei sincera, sua volta me despertou muitos sentimentos. O maior deles, a saudades.

- Eu entendo! Talvez eu me sentiria da mesma forma se fosse comigo. Eu gostava daquela garota. - Falou dando de ombros.

- E você está bem?

- Por um lado sim, por outro não. Faltou ela com a gente em tantos momentos e agora ela reaparece assim? - Concordei com a cabeça, eu sabia que sempre teria uma defensora em Bragança,  sabia que seu lado que não estava bem era por mim. - Mas vou dar esse voto a ela pela Han.

- Faz isso, não deve estar sendo fácil pra ela também. A gente sabe o quanto ela é orgulhosa. - Falei e em seguida nos servi de um vinho.

- Você soube? - Ela perguntou e eu sabia o que ela queria dizer, sobre Stéfani estar noiva.

- Soube! Eu espero que ela seja feliz! - Bragança concordou.

Não demorou para que as mulheres chegassem, nos espalhamos na enorme mesa e então involuntariamente Hana e eu iniciamos um assunto sobre a empresa, Ya e Becca participavam da conversa.

- Vocês duas, pelo amor de Deus. Sem assunto sobre os negócios hoje. - Bragança falou, Hana concordou de imediato não querendo desagradar a namorada e eu fiz uma careta observando minha melhor amiga.

- Quando você começou a implicar com nossos assuntos? - Brinquei e ela deu de ombros.

- Eu sei que vocês amam falar sobre a empresa, mas é diversão amiga e vocês se concentram demais nesses assuntos. - Cerrei os olhos pra ela e então logo começamos a implicar uma com a outra.

Papo vai, papo vem.

- Abre quando o escritório? - Any perguntou e Stéfani respondeu.

- Já está tudo pronto, estamos trabalhando nisso desde que chegamos na cidade, a abertura do escritório já é na semana que vem. - Falou com um sorriso bonito.

- Pretendemos fazer uma festa, esperamos que todas vocês estejam lá. - Becca falou animada.

- Sim, a transferência pra cá não foi fácil, então vamos comemorar. - A advogada também falou animada.

Ela parecia leve, parecia estar gostando de estar ali. Leticia me avaliou, eu tentei ficar o mais natural possível, então não deixei de implicar.

- Sem assunto sobre os negócios apenas para os nossos pelo jeito. - Falei, arrancando uma risada delas.

- Negócio seguido de diversão pode. - Stéfani falou. Nossa interação não era forçada, então ao longo da noite tudo foi ficando bem mais fácil.

- A Mirella não sabe mais o que é isso. - Vivi falou rindo.

- Sério? - Becca falou fazendo uma careta.

- Sim, ainda tá arrastando a Hana pra mesma vibe. - Bia reclamou.

- Ei, eu não estou arrastando a Han. - Hana concordou. - Só estou sem tempo mesmo.

- Amiga, tu é a dona daquilo tudo! Você precisa organizar melhor o seu tempo. - Ya falou e Any completou.

- Quem diria que a Mi ia se tornar o sr. Octávio em tão pouco tempo. - Eu dei uma gargalhada entendendo a comparação. Eu sempre reclamava com meu pai que ele passava tempo demais por lá.

- Eu me divirto gente... - Falei dando de ombros ainda rindo.

- Amiga, tu não sai com a gente há séculos. Eu tive que implorar pra que você chegasse na sexta mais cedo para ir ao meu evento. - Bia reclamou.

-  Amiga, eu jamais faltaria seu lançamento. - Falei completamente ofendida.

- Mentira que ela precisou mudar a data da viagem correndo. - Hana entregou e eu abri a boca indignada.

- Mirella? - Stéfani falou tão natural que eu não consegui segurar meu riso.

-  Eu não ia te perdoar se faltasse... - Bia falou cruzando os braços, fingindo braveza.

- Claro que ia, não ia? - Me levantei indo até ela e a abraçando, ela me ignorou a principio, mas quando dei uns beijinhos no seu rosto, ela começou a rir. Bia estava sentada exatamente de frente a Stéfani, vi a advogada me olhar.

- Aff, sua safada. Sai... - Falou rindo também. Any sabia o quanto nos irritávamos então não tinha medo de ser mau interpretada por ela.

- Mas eu me divirto de verdade no escritório, acontece muita coisa por lá... - Falei voltando a me sentar.

- Eu vou ser obrigada a concordar com a Mi, acontece umas coisas tão doidas lá na empresa que cês não imaginam.

- A Giovana, secretária da Han vive mudando de cabelo, cada dia está de uma cor. Esses dias nós duas estávamos na minha sala quando ela entrou, eu a olhei rápido e acabei não a reconhecendo e pedi para que ela chamasse a Giovana. Juro, vocês precisavam ver o quanto ela ficou envergonhada, a Hana se acabou de rir na frente dela. - Hana ria até, as garotas também riam.

- E o dia que a irmã gêmea dela foi até a empresa? - Hana falou me lembrando. Eu comecei a rir muito, deixando as meninas sem entender nada. - Ela foi procurar a irmã e achamos que era ela, quando foi ver tinha um tanto de relatórios em suas mãos e ela sem saber como se explicar com a maior cara de perdida.

- Então escutem essa. - Stéfani começou a falar. - Um dia apareceu uma cliente pedindo que entrássemos com um processo para pagamento de pensão alimentícia. Pegamos as cópias da certidão de nascimento da criança e do divórcio. Foi quando vimos que o casamento entre a mulher e o homem tinha acabado em 2014 e que a certidão de nascimento da criança (de 2016) trazia o nome de outro homem como pai. O Lipe perguntou então quem era o pai biológico, a mulher disse que era o homem que estava na certidão de nascimento... - Becca ria e continuou a história.

- Eu bem boca aberta já fui logo jogando a real perguntando como vamos pedir pensão ao primeiro, se o pai da criança é o segundo? A mulher disse que queria pedir pensão ao homem porque ele tinha dinheiro sobrando. Explicamos, que não podemos pedir uma pensão alimentícia para alguém que não seja pai biológico ou adotivo da criança, vocês sabem o que ela teve coragem de nos falar? - Becca nos perguntou e então Stéfani respondeu sorrindo.

- Péssimo... O serviço de vocês é péssimo! Irei a um escritório que trabalhem direito. Quando ela saiu começamos a rir, mas a gente riu tanto que resolvemos até encerrar o dia naquela hora e olha que havíamos acabado de voltar do almoço!

O clima ali estava muito agradável. Por um momento eu pedi que algumas coisas pudessem voltar a serem como antes. Mas eu sabia que a realidade batia e era outra.

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Amores,

O que acharam?

A Mirella sendo Mirella até na fic.

Tem muita água pra rolar, espero que se divertindo aqui comigo.

Beijos ❤️