Capítulo XIV - Ondulações de Espuma

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Correntezas Negras

Capítulo XIV

Ondulações de Espuma

Gaara piscou com força diversas vezes tentando se livrar daquele zumbido no ouvido e da tontura que estava deixando sua visão duplicada e embaçada. Todo o seu corpo doía junto de uma terrível náusea. Mas mesmo assim se forçou a ir até a loira que tinha desabado após o grito que afastou o Kraken.

- Ino? Ino, você está bem?

A voz do ruivo penetrou na cabeça da sereia como um eco distante. Ergueu os olhos para ele, confusa ao ver todos os piratas nocauteados. Alguns pareciam inconscientes e muitos como Gaara sangravam pelos ouvidos.

Tinha feito aquilo. Não sabia como. Mas quando o Kraken levantou o Kyuubi e viu o desespero refletido no rosto de Gaara por ver Naruto em tamanho perigo e não poder fazer absolutamente nada para ajudá-lo. Algo tinha queimado dentro do seu peito.

- Me desculpe – murmurou tocando as orelhas do pirata. – Eu não queria machucar você e nem a sua tripulação.

- Por que está se desculpando? – Beijou uma das mãos delicadas. – Você salvou todos nós.

Com uma demonstração inacreditável de poder, lembrou-se com assombro. Isso só o recordava o quão pouco eles sabiam sobre as sereias, o quão pouco sabia sobre a mulher por quem tinha se apaixonado.

- Gaara. – Baki se aproximou e nem olhou para Ino, mas não por desprezo e sim por puro temor. – O Kraken levou o Naruto. Eu não acho que-

- Ele está vivo. – A loira interrompeu, séria. – Kurama está vivo. Ele não foi morto.

- Você tem certeza? – A Yamanaka assentiu para o capitão do Ichibi. – Como é possível que ele tenha sobrevivido?

- Sasuke. – Sorriu de leve. – Eu senti a presença do Sasuke aqui antes do Kraken desaparecer com o Kurama. Seu amigo tem muita sorte.

Ter o coração de um filho do oceano era uma benção e uma maldição. Porém, por ora era o que tinha salvado Naruto Uzumaki das garras da morte.

- Precisamos nos organizar. – O primeiro imediato do Ichibi que se orgulhava de ter os nervos inabaláveis estava zonzo com os acontecimentos e sequer contestou a fala da sereia.

Maldito foi o momento que concordou em retornar a Suna com Gaara. Devia saber que pisar naquela terra não iria trazer nada de bom. Se não tivessem ido até lá, Gaara jamais teria se encantado com aquela encarnação de peixe.

Contudo, tinha cedido ao seu próprio ego. Voltar à ilha e ao lado do filho de Rasa e Karura? Seria como dançar vitorioso sobre a derrota deles. Karura pensou que podia lhe negar seu direito inerente de pai e o usou como bem quis para voltar atrás no último segundo.

Não pode permitir.

Não conseguiria viver em um mundo onde Rasa tinha tudo e ele nada.

Ficou claro depressa que o pequeno não era seu, porém muito tarde para repensar seus atos. Por um breve momento até pensou em largá-lo no meio do mar. Seria a vingança perfeita. Os Sabaku nunca iriam descobrir a verdade e o paradeiro de seu filho caçula que seria sepultado pelas ondas do oceano.

Mas não pode.

Gaara nasceu prematuro e era tão frágil. Tão pequeno. E mesmo assim, na primeira vez que segurou seu dedo com as mãozinhas minúsculas demonstrou uma força que não esperava. Não pode machucar aquele ser inocente e percebeu que sua vingança voltou contra si mesmo.

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