Capítulo 6

924 68 11
                                    

BELLA NARRANDO...

As aulas recomeçaram e entrou uma garota nova no colégio. Metida, e resmungona, parecia uma velha chata. O nome dela era Betina Smith Ferraro. Soube que ela veio de São Paulo, o pai dela é empresário e a mãe é médica no mesmo hospital que a minha mãe. No primeiro dia de aula já trombamos e ela ficou irritada porque eu não pedi desculpas. Muito fresca para o meu gosto. As aulas mal começaram e eu já fui parar na direção e já levei uma bronca histórica da minha mãe. Minha festa de 15 anos é no dia 02 de setembro estou muito ansiosa, mas confesso que estou mais ansiosa ainda para ver minha mãe, a minha outra mãe. Eu sou filha de duas mulheres. Minha mãe é uma Ranger da Army, um grupo de Elite do Exercito Americano. Eu sou americana, nasci em Boston e morei lá até os 10 anos até vir para o Brasil com a mamãe. Minhas mães se separaram. No começo eu fiquei triste, mas elas são muito melhores como amigas do que como um casal e se dão muito bem e eu amo a amizade que elas tem. Estar no Brasil é diferente, eu não tenho a liberdade que eu tinha em Boston, aqui é mais perigoso. Lá eu morava num bairro nobre, familiar, mas não era um condomínio fechado. Lá fazia frio maior parte do ano e nevava bastante e aqui faz muito calor, moro num condomínio de luxo e totalmente fechado que as vezes só faltam pedir para mostrarmos os dentes para entrarmos no condomínio. Mas eu amo o Brasil. Eu amo a família da mamãe. Estar com eles é muito bom. Tem a vovó Patrícia, ela é médica e linda, engraçada, me entende, me escuta, e me dá alguns sermões também. Tem também o tio Felipe e a tia Gabi. Tio Felipe é irmão da mamãe, e ele também é médico, é ortopedista, e a tia Gabi é esposa dele e é psicóloga. Eles tem dois filhos, o João Roberto tem 5 anos e a Ana Beatriz tem 01 ano. A minha bisa Sandra é a melhor pessoa do planeta. Ela tem uma disposição que eu com quase 15 anos não tenho. Ela é uma ótima conselheira. Minha mãe Emilly é americana e ela não tem mais família. Ela era filha única, e a família dela já era bem pequena e ela perdeu os pais muito nova e a alguns anos os avós que a criaram morreram também então a família dela sou eu. Passei alguns dias implicando com a aluna nova e ela implicando comigo. Era divertido, porque ela era estressadinha demais e ela era muito divertido. Quando minha mãe chegou, meu coração parecia querer explodir, eu estava tão feliz que eu não conseguia me conter. Pedro meu amigo dizia que eu estava insuportavelmente feliz, Helena dizia que o brilho nos meus olhos estavam cegando todo mundo. Marina dizia que se eu estava assim com a presença da minha mãe, no meu aniversário eu estaria 500 vezes pior. Minha mãe ia me buscar no colégio, ela me esperava de fora do carro então quando me viu, ela acenou e eu corri para abraça-la. Ela já conhecia Pedro, Helena e Marina. Pedro é filho da tia Diorio, Helena é filha da tia Liz, Marina é filha do tio Ian. Mamãe estava calada esquisita. Passamos a tarde toda juntas, e no jantar as duas me chamaram para conversar. A bomba caiu no meu colo. Minha mãe tem um tumor com metástases no cérebro e tem um aneurisma. Ela será operada essa semana do aneurisma e depois da minha festa fará a cirurgia do tumor. Eu sinceramente não queria mais a festa, eu só queria minha mãe viva e bem de saúde. Eu dormi com ela, eu acordei arrasada. Não queria ir ao colégio, mas precisava. Tomei banho me arrumei e desci pra tomar café. A mamãe ia me levar para o colégio eu não falei nada o caminho todo. Quando chegamos no colégio ela falou...

Mãe: Filha, a mamãe vai ficar bem, a tia Diorio vai fazer tudo pra ela ficar bem. A doutora Smith vai cuidar do coração dela pra tudo ir bem. Não fica assim.

Eu: Se não for pra minha mãe viver, eu não quero essa festa mais mãe.

Mãe: Filha, vai ficar tudo bem.

Eu: Espero que sim. – desci do carro e vi a garota nova saindo do carro da mãe dela. Garota metida... Entrei no colégio fui pra sala, tinha uma prova em dupla, fiz dupla com a Helena. Eu quase não fiz a prova e a Helena ficava me cutucando. Logo terminamos e saímos da sala.

Helena: Bella? Tudo bem?

Eu: Sim – respondi seca e sai na frente dela. Quando entrei no banho comecei a chorar. Eu estava com medo estava preocupada. Quando sai do banheiro trombei com a insuportável da Betina de novo.

Betina: Meu Deus garota você não tem olhos não?

Eu: Vai pro inferno garota. – a empurrei fazendo-a cair e a deixei gritando no chão. Fui pra sala para a próxima aula e logo a diretora mandou me chamar. Fui até a direção. – Senhora Jansen mandou me chamar?

Jansen: Sim. O que fez com a senhorita Ferraro? – rolei os olhos.

Eu: Nada eu trombei com ela no banheiro a empurrei e sai.

Jansen: Ela caiu no chão por cima da mão e parece que quebrou 2 ou 3 dedos da mão esquerda. – eu assustei de inicio.

Eu: Não sabia.

Jansen: Precisa parar com isso senhorita Pugliese. Temos pouco mais de uma semana de retorno as aulas e já esteve nessa sala 4 vezes. Se estiver com algum problema, as pessoas não tem culpa disso. Precisa parar com essa estupidez, com esse ódio pelas pessoas. Sua mãe não tem tempo para ficar vindo até o colégio responder pelas suas ações horríveis. Você tem 14 anos, porque você é assim? – falava brava. – O que essa garota te fez? Porque você é tão cruel?

Eu: Não pode falar assim comigo. – falei com raiva.

Jansen: Posso sim. Porque eu sou a diretora dessa escola. Não me interessa se você paga 4 mil reais de mensalidade, não me interessa quem suas mães são, mas sim quem você é. Por que eu sei que suas mães são duas pessoas muito boas e muito ocupadas também e você não tem motivo algum pra ser tão horrível assim.

Eu: Quer saber de uma coisa? Me expulsa... – sai da sala dela com os gritos dela.

Jansen: Senhorita Pugliese... Eu ainda não terminei... – fui até a sala peguei minhas coisas, a sala toda me olhava.

Helena: O que foi?

Pedro: O que aconteceu?

Marina: Fala alguma coisa Bella? – perguntavam assustados.

Sra Robert: Senhorita Pugliese? Aconteceu alguma coisa? Onde vai?

Eu: Para o inferno... – fechei meu notebook o peguei e sai da sala. Quando cheguei na portaria a Sra Jansen estava lá.

Jansen: Volte para a minha sala. Ainda não terminei de falar com a senhorita. – falava super irritada.

Eu: Que se foda... Eu não piso mais aqui – ela foi me segurar e eu a joguei longe fazendo-a bater na parede e cair no chão. O porteiro foi ajuda-la eu passei o meu cartão e passei pela catraca e sai. Andei por uns 10 minutos, me sentei no quiosque na praia pedi uma água de coco e fiquei ali olhando para o mar. Não demorou muito meu celular tocou, era a mamãe. Eu não atendi. Depois de duas horas eu peguei um taxi e fui pra casa.

Nazaré: Ai menina, sua mãe saiu daqui feito louca pra te procurar, onde estava?

Eu: Por ai... – passei direto, subi tranquei a porta do quarto fui para o meu closet peguei um pijama e depois fui tomar banho. Logo eu sai coloquei meu pijama fechei a cortina deixando o quarto bem escuro e dormi. Que se dane tudo. Eu não queria saber de nada e nem de ninguém. Eu chorei de raiva, de mágoa, de tristeza, de medo. Eu não queria perder minha mãe. Eu quase não a tinha e agora ela pode morrer na cirurgia ou o tumor pode ser inoperável. Que se dane tudo. 

NATIESE EM: AMOR A PRIMEIRA VISTAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora