41. Marie

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Aaron ainda estava dormindo ao meu lado quando acordo. Estava me acostumando com isso. Depois que seu irmão havia voltado, Aaron tinha ficado um pouco neurótico e não gostava que eu ficasse sozinha, não achava nada mal, na verdade, achava fantástico. Me solto com delicadeza de seus braços, e apoio o cotovelo na cama, ficando de lado para poder olhá-lo melhor. Ele parecia tão tranquilo...hesito antes de cutucá-lo de leve.

— Ei — sussurro o chamando. Seus olhos fechados tremem um pouco e ele solta um grunhido, mordo o lábio para impedir uma risada de sair. Aaron não abre os olhos, na verdade, ele me puxa para ele, me colocando em seus braços novamente.

— Ainda tá cedo demais — ele diz com a voz rouca. — Você pode me desejar feliz aniversário mais tarde. — Solto uma risada baixa antes de me desvencilhar de seus braços. Ele reclama, mas me sento na cama e deposito um beijo levemente em sua testa.

— Já são 10 horas. Feliz aniversário — sussurro e ele finalmente abre os olhos. Aaron sorri e me encara por alguns segundos, como se estivesse me apreciando. Ele fazia isso quase todos os dias, o que me dava a sensação de borboletas no estômago, eu sabia que era coisa de criança, mas era a mais pura verdade, e eu não conseguia encontrar outra expressão que pudesse explicar melhor.

— Obrigado — ele agradece se levantando para me abraçar. Ficamos por alguns segundos assim, sem querer de fato nos separar, por fim, ele nos afasta, colocando as duas mãos nos meus ombros.

Apesar da minha pequena animação, eu realmente preferia passar o aniversário de Aaron no boliche. Algumas das amigas de Natalee não foram muito amigáveis comigo, e uma festa com muita gente me lembrava muito as festas de Michael, o que apesar de eu tentar esconder bem fundo da minha memória, ainda me causava péssimas lembranças.

Natalee e Ryan estavam na cozinha e ela é a primeira a parabenizá-lo. Eu os vejo se abraçarem e meu coração se aperta um pouco, eu realmente queria que tivesse sido assim comigo, mas ao invés disso, passei meu aniversário de 20 anos chorando até me afogar nas próprias lágrimas.

— Feliz aniversário, petit frère — Ryan diz com a voz carregada de sarcasmo. Aaron havia me dito que ele o chamava assim para provocá-lo, e que a palavra significava "irmãozinho" em francês. De qualquer forma, eu não queria me intrometer nessa tensão invisível que tinha entre os dois, eu conseguia perceber que isso afetava um pouco Aaron, e tinha quase certeza de que afetava Ryan também, a única diferença, era que Ryan escondia isso muito bem com sorrisos maliciosos e frases contendo forte ironia e sarcasmo.

Aaron resmunga um agradecimento, e sinto Natalee meio decepcionada. Eu a entendo, se tivesse dois filhos que não se dessem bem, também me sentiria assim. Sempre quis um irmão, eu era muito sozinha durante minha infância, mas conforme comecei a entender o padrão de namoro de minha mãe, não foi difícil entender que eu não teria um irmão, Caroline parecia até aliviada por eu nunca ter pedido um em voz alta. Às vezes desejava secretamente que ela engravidasse por acidente, só para eu ter alguém do meu lado, mesmo que fosse apenas para cuidar. Mas claro, nunca iria funcionar mesmo.

Por mais que eu já estivesse acostumada a ficar na casa de Natalee, ainda me sentia um pouco deslocada de vez em quando, eles tinham alguns momentos "família" do qual eu não fazia e nem me sentia parte. Isso só era um constante lembrete de que se eu quisesse que as coisas mudassem em minha vida, teria que lidar com os meus pais, mesmo um deles estando morto, para pelo menos me dar um pouco de paz de espírito.

Como era aniversário de Aaron, era tradição ele fazer uma tatuagem, e eu estava animada para ir junto. Eu não pretendia fazer nada, ainda mais depois que levei Colleen em um estúdio de tatuagem para fazer um piercing e ela teve que ir ao médico devido a uma inflamação, foi o bastante para me colocar medo. Além de que, minha mãe e Michael não gostavam, eles achavam que passava uma impressão "errada" de quem eu era. Como sempre, me deixei levar pelas suas opiniões.

Efeito ParisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora