10. Marie

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No dia seguinte, eu estava novamente tentando estudar, e dessa vez, estava até que dando certo. Eram as provas finais o que me incentivava ainda mais, já que significava que finalmente eu teria férias. Meu celular começa a tocar, e assim que vejo o identificador de chamada com o nome "Mãe" escrito, logo sei que minha paz do domingo foi por água abaixo.

— Alô — digo atendendo o telefone sem me preocupar em soar desinteressada.

Marie! Você esqueceu de me ligar semana passada — minha mãe diz quase gritando.

— Estava muito ocupada. — Decido mentir, não havia esquecido de ligá-la, só achei que meus dias iriam fluir melhor se eu não tivesse que escutar minha mãe gritar pelos mais variados e simples motivos.

Para de estudar um pouco! O que você acha de vir passar o final de semana em casa? Quero te apresentar uma pessoa — ela diz animada provocando um tipo de náusea em mim.

— Não sei se vai dar mãe, preciso ajudar uma amiga com uma coisa e... — Começo a arranjar uma desculpa quando de repente a campainha toca. — Alguém tocou a campainha, depois a gente se fala, ok?

Marie! Preciso... ­— ela começa a protestar e desligo sem dar a ela a chance de terminar.

Um homem alto e magro com um terno preto se encontrava na porta, seu cabelo era preto com alguns fios cinzas, conferindo ao homem uma idade na faixa dos 45.

— A Colleen não está — digo imaginando que se tratava dela, já que nunca havia visto esse homem na minha vida.

— Na verdade, estava querendo falar com Marie Jones, ela está? — ele pergunta com uma voz suave.

— Sou eu — respondo arqueando as sobrancelhas de maneira desconfiada.

— Olá, meu nome é William Russel, sou advogado do seu pai — ele fala e dou uma risada sarcástica.

— Eu não tenho pai, acho que foi um engano.

— Marie, é importante, você vai querer ouvir o que tenho a dizer. — Ele começa a dizer de um jeito como se fossemos amigos a muito tempo.

— Você tem 3 minutos — respondo cruzando os braços. Eu estava vestida de uma maneira bem inapropriada para conversar com pessoas vestidas com terno.

— Talvez você queira se sentar, tenho muito o que falar. — Penso um pouco e nas probabilidades de isso dar errado. O homem parecia ser mesmo um advogado, mas minha mãe sempre me falou que meu pai nos largou assim que minha mãe completou 6 meses de gravidez, que ele nem se deu o trabalho de me conhecer antes de nascer, e que nunca nos ajudou em nada. Por isso eu nem sabia o nome dele e nem como ele era. Mesmo com tudo o que eu sabia sobre o cara que engravidou minha mãe, que no caso era quase nada, abro espaço para William Russel entrar. Ele coloca a pasta preta em cima da mesinha de centro e se senta no sofá manchado.

— Então Marie, como você está? — ele pergunta.

— Bem — respondo de maneira seca — Então, o que é tão importante que você precisa me dizer? — Pulo direto para o assunto, e percebo que soou extremamente mal-educado, sinto minhas bochechas corarem, e me retraio. Não consigo me sentar, então me mantenho em pé, e com os braços cruzados, tentando esconder a pele nua que não estava tampada pela regata azul.

— Bom, não sei nem como começar, mas, seu pai faleceu a uns dias, Marie — o homem diz e faz uma pausa dramática, ele fica em silêncio me olhando esperando alguma reação, mas eu não faço nada, continuo encarando-o esperando que continue, eu nem conhecia o cara, como eu poderia expressar alguma coisa?

Efeito ParisWhere stories live. Discover now