27. Marie

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Me jogo na cama sorrindo. Minha viagem estava sendo ainda mais especial por ter Aaron comigo, e começo a ficar chateada por ter que voltar. Era apenas uma viagem de férias, e cedo ou tarde teria que voltar a realidade da Flórida. Penso em estender minha passagem para mais alguns dias. Eu já havia cancelado as minhas aulas do semestre afinal..., mas deixo para tomar uma decisão mais tarde. Também não podia abusar da hospitalidade de Aaron pedindo para ficar mais tempo.

Eu não conseguia acreditar que iria andar de helicóptero. Havia feito a lista a pouco tempo e já tinha riscado dois itens. Talvez eu realmente devesse acrescentar algumas coisas lá. Não teria graça nenhuma completar tudo antes dos 30 anos, seria como dizer: "pronto, agora já posso morrer". Tento ignorar a vontade que tive na jacuzzi de passar os dedos pelas tatuagens de Aaron, era como se sua pele estivesse me chamando, foi uma sensação bizarra.

Estava começando a achar que eu estava gostando dele, o que era estranho, pois nós ainda não nos conhecíamos totalmente. Meu relacionamento com Michael havia deixado algumas cicatrizes, mas quanto mais os dias passavam, mais pronta para encarar algo novo eu estava. Por algum motivo eu sentia que Aaron estava fazendo parte disso, todas as coisas que ele falava pareciam ter um impacto em minha mente, parecia que ele falava exatamente o que eu precisava ouvir, e isso era incrível.

Minha mãe parecia ter esquecido de minha existência, ela ainda achava que eu estava passando as férias com Colleen, e no Natal, a nossa mensagem não passou de um "Feliz Natal!", o que para mim estava tudo bem, não estava pronta para encará-la ainda, e estava com medo de dizer coisas da qual fosse me arrepender depois. De qualquer maneira, estava me divertindo em Paris, talvez eu devesse me mudar para cá, é, eu estava claramente sonhando demais. Havia muito o que fazer —terminar a faculdade sendo uma delas.

Ligo para Colleen para contar as novidades, não era tão tarde no Brasil. Pego o celular que estava na mesinha de cabeceira e procuro o contato de Colleen. Chama por um tempo, e quando estava prestes a desligar, escuto sua voz:

Espero que tenha um motivo importante para estar me ligando agora. Eu estava sendo paquerada por uns caras gatos nas ruas de Copacabana — minha amiga diz, o que me tira uma risada.

— Ainda vão ter muitos caras gatos para te paquerar — falo e ela murmura em concordância. — Cancelei as minhas aulas desse semestre, Colleen. — Do outro lado da linha, minha amiga fica alguns segundos sem dizer nada.

Quando você volta?

— Não sei — falo e solto um suspiro. — Minha passagem está marcada para dia 3, mas não sei se quero voltar ainda.

Isso tem a ver com algum garoto? — Colleen pergunta extremamente interessada. Não consigo evitar e solto uma risada baixa, provavelmente nervosa. — Eu sabia! Um francês...tenho que dizer, estou com inveja.

— Ele é americano — respondo.

Mas é um garoto, então já vale.

— Nada aconteceu, e eu nem tenho certeza se vai acontecer. Só sei que dentro de mim estou realmente atraída por ele, e não acho que seja só uma atração física. Estou ficando na mansão da família dele. — Decido contar as coisas principais. Colleen parece engasgar do outro lado, o que me faz sorrir.

Ficando na mansão dele? — ela repete minhas palavras. — Casa! Francês e tem uma mansão, agarra!

— Americano — a corrijo e consigo sentir ela revirando os olhos, mesmo sem poder vê-la. — Foi sua mãe que me chamou para ficar com eles até eu voltar. Mas a viagem está sendo incrível, queria que você estivesse aqui — admito.

Efeito ParisWhere stories live. Discover now