40. Marie

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Natalee era uma pessoa legal. Apesar de ela ter algumas semelhanças com a minha mãe, pelo pouco tempo que passamos juntas, ela se mostrou ser uma mãe mil vezes melhor do que Caroline, e ela estava me tratando super bem, na verdade, ela parecia estar realmente interessada na minha vida, coisa que não era muito do feitio de Caroline. Natalee tinha um ótimo senso de moda, o que me levava a acreditar que eu aprenderia muito com ela.

— Pronta? — ela me pergunta assim que coloco o cinto, eu afirmo e ela sorri, ligando o rádio. — E então, Marie, você e Aaron... — ela começa a falar e eu sinto minhas bochechas esquentarem imediatamente, era estranho falar sobre isso com ela. — Não se preocupe, eu acho vocês adoráveis — ela fala rindo depois de notar meu constrangimento.

— Eu não planejava isso, você sabe, passado complicado — falo tropeçando nas minhas próprias palavras. Natalee me olha com o canto do olho, tentando não desviar a visão da estrada.

— Eu sei. Vim para Paris para recomeçar, foi uma das melhores coisas que fiz na minha vida. Não sei o que está acontecendo na sua vida, mas às vezes fugir não é errado, até funciona de vez em quando, quer dizer, funcionou para mim — diz e não sei se isso foi um conselho ou sugestão. — Sabe, fazia tempo que eu não via Aaron feliz assim, talvez você ter vindo para cá foi um sinal para alguma mudança grande na sua vida.

Reflito as suas palavras. Tinha certeza de que ter vindo para Paris tinha me mudado, ou melhor, eu nem parecia mais a Marie de antes. Só esperava que essa mudança fosse permanente, porque eu realmente estava gostando da nova Marie, era como se eu finalmente tivesse me libertado de uma prisão invisível. Mas eu não podia fugir. Não era tão fácil assim, claro, quando Natalee falava, parecia ser a coisa mais simples do mundo, mas a minha vida estava na Flórida e eu sabia disso. Apesar de estar prolongando o máximo, precisava confrontar a minha mãe, sem contar que meus amigos ainda estavam lá, e tinha a faculdade, ah! A droga da faculdade.

Ter conhecido Aaron certamente foi o destino me dizendo: "Olha, Marie! Aqui estão os seus óculos para você enxergar que precisa mudar tudo", ou algo do tipo. De qualquer forma, eu não estava com pressa, tentaria voltar algumas semanas antes do semestre acabar. Por enquanto, só queria viver o que estava vivendo no momento.

Natalee não diz nada ao perceber que eu realmente estava pensando sobre suas palavras, mas não ia fugir, não dessa vez. Escolhi fugir tanto durante a minha vida, que acabei me perdendo no meio dessas fugas, e eu já estava cansada disso.

— Não quero que pense que estou te incentivando ou nada do tipo, acho que você tem que fazer o que acha que é melhor para si mesma — ela acrescenta depois de um bom tempo. – Você parece ser uma garota incrível, e a essa altura, acredito que o mais importante é ser feliz.

— Obrigada — agradeço. Estava sendo sincera, ela me trouxe uma perspectiva nova sobre toda a situação, mas ela também me fez enxergar que não era isso que eu queria para mim, e apesar de estar extremamente feliz com Aaron e Paris agora, uma hora eu teria que voltar a vida "normal", já que a vida não era umas férias eterna.

A loja que Natalee nos trouxe parecia cara demais. Os lustres de cristais no teto pareciam muito frágeis, como se um simples vento pudesse quebrar tudo. Até o chão era de acrílico grosso, com umas flores secas para decorar. Não queria nem imaginar o preço das roupas desse lugar. Natalee chega já cumprimentando uma mulher loira, e elas pareciam bem íntimas, ela me puxa delicadamente para me apresentar para a vendedora.

— Acho que você já conhece a Marie, né? — Natalee pergunta e percebo que seu rosto era familiar, ela era uma das mulheres que estava no Natal. Ela sorri dizendo que se lembrava e me puxa para deixar um beijo de cada lado de minha bochecha. — Viemos comprar uma roupa para amanhã.

Efeito ParisWhere stories live. Discover now