5. Marie

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O fundo da casa estava mais vazio, e é exatamente por essa razão, que eu decido ficar lá. Me sento em uma das espreguiçadeiras em volta da piscina.

— Oi. – Escuto alguém dizer. Pressiono os olhos para poder enxergar melhor.

— Ah. Oi, Jonas — o cumprimento e ele se senta na espreguiçadeira ao lado. Jonas era um dos garotos da fraternidade, e sinceramente, o mais legal. Ele não gostava de se gabar pelo dinheiro que tinha, e não gostava tanto das festas, ficava a maior parte do tempo em seu quarto, e Michael não gostava dele. Dizia que ele matava a diversão. Fico surpresa por encontrá-lo aqui, ele raramente descia em dias de festas, ainda mais nas mais cheias.

— Não deveria estar sozinha no seu aniversário – ele diz, o que me tira um sorriso.

— Bem, não estou mais sozinha – falo me voltando em sua direção. Jonas era menor do que Michael, e ele era completamente diferente, tinha os cabelos pretos e bagunçados, e os olhos eram castanho claros, quase âmbar, se pareciam bastante com os meus.

— Feliz aniversário – me parabeniza e eu dou de ombros.

— É só uma data. E não é bem como se isso fosse uma festa para mim – respondo. – Não tem nem bolo! – brinco e ele solta uma risada.

— Sinto muito por você estar tendo um aniversário de merda – Jonas fala.

— Não tem problema, eu nunca tive um aniversário descente. – Isso soa mais deprimente do que eu gostaria que tivesse saído, mas era algo com o qual eu já estava acostumada. Sempre expectativas demais para me decepcionar no final, meus aniversários passavam praticamente batidos. – Está aqui só para me falar parabéns? – pergunto.

— Não. O que te leva a pensar que você é tão importante assim? – ele brinca o que me tira uma risada genuína. Talvez uma das primeiras da noite. Michael podia não gostar muito de Jonas, mas eu gostava, eu achava que éramos mais parecidos do que deveríamos, e enquanto Michael dormia até tarde devido a ressaca, eu e Jonas tentávamos arrumar as coisas pela manhã, o que rendia boas conversas e risadas, igual estava acontecendo agora.


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Eu já não sabia que horas eram quando finalmente encontro Michael, mas quando o encontro, um grunhindo quase escapa de minha garganta.

— Gata! Estava te procurando – ele diz abrindo os braços vindo em minha direção. Eu abro um sorriso fraco e tento não pensar no fato dele estar claramente bêbado, talvez até mais do que o normal, o que me preocupava um pouco.

— Estou aqui – respondo e ele se aproxima, me pegando pela cintura. – Vamos subir um pouco agora, ok? – digo na intenção de afastá-lo um pouco da loucura, talvez fazê-lo dormir, se eu tivesse sorte. Ele abre um sorriso malicioso, e se ele acha que vou transar com ele essa noite, ele está mais do que enganado. Mas eu não digo nada, apenas nos encaminho até a escada, indo em direção ao seu quarto. Abro a porta e entro no lugar que eu tanto já conhecia.

O quarto de Michael era na verdade bem simples. Era um padrão para todos os quartos da casa, uma cama, um armário, mesinha de cabeceira, e escrivaninha. Ele não tinha muita decoração porque achava muito desnecessário. Escuto a porta fechar, e sinto ele me abraçar por trás, começando a depositar pequenos beijos pela parte exposta do meu pescoço. Pequenos choques de eletricidade percorrem meu corpo, e me sinto arrepiar.

Michael me vira de frente para ele e começa a me beijar. Eu retribuo sem saber exatamente o porquê. Ele me faz recuar até me prensar na parede, sem parar de me beijar. Quando nossas bocas se separam por alguns segundos, eu arfo em busca de ar, e finalmente acordo do transe. Ele estava bêbado demais, e eu odiava quando ele ficava assim, ainda mais quando ele insistia para que fizéssemos sexo. Ele continua a me beijar e empurro seu peito de leve.

— Michael, não – digo. Ele parece não me ouvir, ou finge que não ouviu, porque ele me pressiona ainda mais contra a parede, sua boca vai novamente de encontro a minha, e sua mão começa a levantar minha blusa.

— Você é muito gostosa – ele sussurra. Sua mão começa a subir em direção ao meu peito e eu viro o rosto quando ele tenta me beijar novamente, isso não impede sua mão de alcançar meu seio.

— Michael, para – repito, mas minha voz sai baixa, ele não recua, e por isso eu o empurro com a força que consigo e ele reclama frustrado.

— Mas que porra, Marie? – Eu me assusto com seu tom de voz, ele se afasta, e seus olhos estão carregados de fúria, mas parte de mim diz que não devo simplesmente aceitar e fazer algo que eu não queira.

— Não fala assim comigo – sussurro encarando o chão, incapaz de olhar em seus olhos.

— Se fosse o Jonas você já estaria de quatro, não é? – ele grita, e meus olhos se enchem de lágrimas, levo minha mão à boca.

— Qual é o seu problema? – pergunto irritada. – Você está bêbado – falo balançando a cabeça em negação. – Você não está falando sério – digo em descrença, decepcionada. Ele revira os olhos.

— Você acha que não vi o jeito que ele olha para você? Acha que eu sou idiota?

— Você está delirando – falo, mas me arrependo. Seus olhos escuros estavam brilhando, de uma maneira amedrontadora, e pela primeira vez, eu estava com medo. Sei que era a bebida, às vezes ele ficava insuportável quando estava bêbado, ele sempre foi um bom namorado. Ele leva as mãos aos cabelos, logo depois massageando as têmporas.

— Eu? – Ele coloca as mãos na cintura. – Não seja ingênua, Marie. Quer saber? Eu nem quero mais. Tenho coisas mais interessantes para fazer do que ficar aqui lidando com você – Michael diz e sai pela porta, batendo-a forte logo em seguida. Meus olhos estão úmidos, e não consigo evitar de pensar que a culpa talvez tenha sido minha. Ele é meu namorado, namoradas não deviam recusar os namorados dessa maneira.

Me sento na cama, um pouco devastada, talvez eu devesse esperar aqui até ele voltar. Ou talvez simplesmente ir para casa e conversar com ele amanhã, já que ele provavelmente estaria mais tranquilo, aliás, foi só uma briga boba, ele não quis dizer aquilo. Respiro fundo algumas vezes e fecho os olhos para acalmar minha mente. Não sei quanto tempo se passa, mas quando percebo, estou batendo na porta do quarto de Jonas.

— Marie? – Ele parece surpreso e feliz em me ver, mas seu olhar se transforma em preocupação quando ele percebe que eu estava chorando. Ele abre mais a porta do quarto me dando espaço para entrar, mas eu recuso. – Está tudo bem? – Jonas pergunta e eu afirmo com a cabeça.

— Será que você pode me levar para casa? – peço, minha voz não passando de um sussurro. Ele inclina a cabeça para direita, e sinto que não vou me livrar tão fácil dessa situação. – Por favor.

— Marie... – ele começa. Jonas pega meu pulso e cuidadosamente me traz para dentro de seu quarto, olho para trás para ter certeza de que ninguém me viu entrando. Ele me faz sentar na sua cama, e de repente, as lágrimas que tanto lutei para segurar, voltam a cair sem controle. – Quer me contar o que aconteceu? – Jonas pergunta e eu nego com a cabeça. – Tem certeza? – Dessa vez afirmo. Ele solta um suspiro, e passa alguns segundos me encarando. Por fim, ele se aproxima e me abraça, e simplesmente deixo os soluços escaparem de minha garganta. Ele passa as mãos no meu cabelo, de uma maneira reconfortante.

— Tive uma briga boba com Michael – admito depois de um tempo. Eu o sinto compreender, já que seu queixo estava apoiado em minha cabeça. Jonas não diz mais nada, e fico extremamente grata por ele não insistir mais. Seria constrangedor dizer que brigamos porque eu não queria transar com meu próprio namorado.

— Quer ir para casa? – ele pergunta e eu aceno. Ele finalmente me solta, e me sinto exposta novamente. Eu acho que eu estava realmente precisando disso.

— Você pode ver se Michael está lá? Não quero que ele me veja. Ainda mais saindo com você. – Jonas me observa por alguns segundos, a expressão um pouco confusa, ele pressiona os lábios e concorda. Jonas sai primeiro para se certificar, e me sinto sufocada quando passo por toda a multidão, apesar de a casa já estar um pouco mais vazia devido ao horário. Colleen já não estava mais à vista, e imagino que ela deva ter saído com alguém, eu estava praticamente sozinha, e apesar de não querer admitir, ter Jonas ao meu lado estava tornando as coisas um pouco menos pior. Um pouco.

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