Capítulo 23

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Mesmo que o recesso tenha sido bom, foi apenas isso: um recesso. Eventualmente ele tem que arrumar as coisas e voltar à faculdade, mas ele não está temendo isso tanto quanto ele pensou que iria. Na verdade, tem uma pequena parte dele, não importa o quanto ele negue isso, que... espera ansiosamente por isso. Não só voltar às aulas, ou ver Zayn e Liam. Existe uma parte dele que não consegue esperar para voltar ao seu quarto. Para se jogar em sua cama e talvez encontrar Harry na dele.

Mas seu quarto está vazio quando ele chega lá. Harry ainda não voltou, aparentemente, porque tem um cheiro de mofo no ar que diz que não foi tocado há dias. Louis acende a luz, joga sua mochila na cama, e abre a janela com esforço. A neve no beiral da janela e o gelo no vidro tornam a ação um pouco difícil, mas ele consegue abrir um dedo ou dois, e deixa dessa forma, mesmo que o ar que entre ali esteja congelando. Ele vai fechar mais tarde.

Zayn e Liam não voltam até mais tarde, então Louis se ocupa em ajeitar suas coisas, depois ele limpa o quarto, até mesmo o lado de Harry. O cara do outro lado do corredor, Jeremy, tem uma vassoura, que Louis pega emprestada, e ele varre sob as duas camas (encontrando algumas coisas questionáveis sob a cama de Harry), e então ele ajeita as duas camas de novo, porque Harry não ajeita a cama direito e ainda parece bagunçada. Ele junta todas as canetas e os lápis que encontrou sob a cama de Harry, alguns dele mesmo, outros não. Ele tem certeza que ele nunca viu Harry tocar uma caneta ou um lápis, então é um pouco confuso encontrar essas coisas soltas pelo quarto quando não pertencem a ele, mas tanto faz.

Ele abre a última gaveta da mesa, indo colocar os lápis e canetas dentro do estojo, mas ele para quando encontra um presente embrulhado dentro. Não é muito grande, e o embrulho está horrível. Ele quase fecha a gaveta, porque é uma invasão de privacidade, mas então seu olhar para sobre a pequena etiqueta no topo com Louis escrito.

Cuidadosamente, Louis retira o presente, jogando os lápis e canetas soltos na gaveta. Ele a fecha com o pé e senta na cama de Harry, olhando ao pacote em suas mãos. Experimentalmente, ele o balança. Nada acontece. Parece plástico, possivelmente, sob o papel de embrulho. E tem algumas bolhas estranhas em certas partes.

Harry o comprou um presente. Harry o comprou um presente de Natal.

Louis não sabe o que fazer com essa informação. Ele não consegue imaginar por que Harry faria isso porque, pelo que Louis saiba, Harry não gosta dele. Mas aparentemente ele gosta, o suficiente para comprá-lo um presente. Louis não considerou comprar um para Harry. Isso o faz um idiota? Não, ele não acha. Isso é tão do nada, ele nunca imaginaria isso. Na verdade, se ele não estivesse segurando o presente nesse exato momento, ele não acreditaria.

A porta do quarto se abre e Louis desvia o olhar bruscamente. Harry entra, uma mochila pendurada em seu ombro. Seu olhar lentamente vai até o presente nas mãos de Louis, e ele solta a mochila no ato, cruzando o quarto em questão de segundos. Ele retira o pacote das mãos de Louis, o calor subindo às suas bochechas.

"Isso é— você realmente me comprou algo?" Louis pergunta, os olhos arregalados e meio afobado. Chocado demais para controlar o tom em sua voz.

"Não." Harry responde. Seu rosto muda a expressão rapidamente de envergonhado para nervoso. "Você sempre me diz para não mexer nas suas merdas. Não mexa nas minhas."

"Eu não estava--"

"Então como você encontrou isso?" Harry questiona.

"Eu estava limpando," Louis se defende. "Não esperava encontrar."

Harry franze o cenho. Ele vira o presente em suas mãos antes de jogar no colo de Louis. "Tanto faz, pega para você. Eu queria te entregar na noite da festa de Natal, mas você foi embora."

A culpa ameaça sufocá-lo. "Eu não sabia," Louis diz. "Eu—,"

"Não se preocupe com isso," Harry diz. "Não é— não é nem pra você, na verdade. É pra mim. Você está sempre me irritando, deixando a luz acesa enquanto eu tento dormir, então achei que isso tornaria minha vida mais fácil. Se você realmente usar, mas tanto faz."

Metodicamente, Louis rasga o papel de embrulho. Sob o papel, ele encontra uma daquelas luzes que você prende em livros e nas coisas, para ler à noite e tudo mais. Ele tem mais de um desses que ganhou de seus pais, na verdade, mas eram sempre baratos. Esse não parece tão barato.

E não é o melhor presente no mundo, mas ainda assim— "Obrigado," Louis diz, tentando soar o mais verdadeiro possível, porque ele realmente está agradecido. Ele limpa a garganta. "Mas eu, hm, não, tipo... Eu não comprei nada para você."

"Tanto faz," Harry diz novamente. "Não era só isso que eu queria conversar com você naquela noite."

Louis pisca. Assim como naquele dia com a tinta, Louis consegue sentir a mudança que está prestes a acontecer. Não é uma coisa literal, é mais um pressentimento. "O que é?"

Harry parece estranho, uma de suas mãos desliza por seus cabelos. "Nós não podemos— nós não podemos mais ficar."

É como se Harry tivesse dado um soco em seu estômago, só que ele está longe demais de Louis para que isso seja possível. "Por que não?" ele pergunta, calmo e controlado. Ele está orgulhoso de si mesmo por isso.

"Eu não acho que minha namorada gostaria de saber que eu estou fodendo meu colega de quarto," Harry diz simplesmente. "Agora, você pode sair da minha cama?"

"Namorada." Louis amassa o papel de presente e segura o presente firmemente em suas mãos enquanto se levanta. "Quando isso aconteceu?"

"Recentemente," Harry diz vagamente. "Não que seja da sua conta!'

Louis estremece com o tom da voz dele, mas então ele volta a si mesmo. Antes de considerar que ele talvez possa gostar de Harry. Antes de parar de olhar para Harry como alguém que ele odiava e passasse a olhar para ele de outra forma. "Como se eu me importasse com seus relacionamentos." ele zomba.

"Imaginei que não," Harry diz, encolhendo os ombros. "Só queria que soubesse."

"Não é como se eu tivesse começado essa merda mesmo," Louis se encontra dizendo. Ele está machucado, é isso. Ele não esperava isso, e o choque de emoção nos últimos minutos está o consumindo. Porra, cinco minutos atrás ele estava cegamente feliz (se não um pouco confuso) porque Harry se importou o suficiente para comprá-lo um presente. E agora ele sente essa coisa estranha em seu estômago porque Harry não precisa mais dele. Ele tem outra pessoa. E ele quer machucar Harry também. "Sempre foi você, não foi? Tipo, você sempre me beijava primeiro. Você é que sempre começava isso. Eu só ia na sua porque—" ele corta, balançando os ombros, sem saber como terminar.

"Você está certo," Harry está inexpressivo. "Sempre era eu que começava. Então eu acho que não importa para você se eu terminar."

"Nem um pouco."

"Não achei que fosse." Harry cruza o quarto, chuta sua própria mochila para fora do caminho e sai furioso pela porta.

Louis está completamente confuso. Porque ele não quer se importar. Não, ele não se importa. Harry não quer nada com ele, e quer saber? Louis não quer nada com Harry. Chega. Ele não consegue acreditar que por um segundo ele quis - não. Nunca mais. Harry pode ir pro inferno. Louis não precisa dele mesmo.

Not Happening - Larry StylinsonTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang