Paraná: Cadê cadê, trouxe coisa boa pra nós?

Deco: Empadinha porra, olha aí, Rian só chega com coisa boa quando recebe visita

Paraná: Nossa galinhazinha dos ovos de ouro - Falou de boca cheia e eu mandei dedo pra ele

Quando acabei de deitar num colchão no chão um outro guarda apareceu e era um dos que sempre me levava pro quartinho que eu apelidei carinhosamente de salinha da tortura, ele olhou pra mim com um sorrisinho debochado nos lábios e eu já levantei e o cuzão algemou minhas mãos.

Rian: Caso eu não volte deixem as vasilhas da minha tia, com certeza ela vai mandar buscar- Falei pro Paraná e pro Deco e eles negaram com a cabeça

Marques: Olha se não é o meliante que eu mais gosto de me divertir - Sorriu enquanto o guarda mesmo amarrava meus pés

Rian: Jura? Haha - Debochei e ele me encarou com ódio

Marques: Tem medo da morte mesmo não né?

Rian: Se eu tivesse não tinha virado traficante meu querido

Marques: Pois bem, meu querido - Fez aspas com os dedos e trancou a porta quando o guarda saiu
- Que tal um teste drive? Conhecer ela um pouco mais de perto antes dele vim te buscar? - Falou me dando um soco na barriga, me fazendo cair da cadeira na hora e mais uma vez, como de costume ele começou a distribuir socos e chutes por todo meu corpo me fazendo gemer de dor.
- Tá doendo né desgraçado, pede pra eu parar, quero ver você implorar, anda - Falou dando mais chutes
- Pede

Rian: Nunca - Falei com dificuldade sentindo sangue na minha boca, ele foi até a mesinha, pegou um canivete, que já era um velho conhecido e passou de leve na minha costela, senti a ardência e me segurei pra não gritar

Marques: Pede, anda - Falou alto e do jeito que eu tava eu fiquei, ele deu de ombros e enfiou devagar o canivete na minha costela, não satisfeito ele rodou devagar o canivente devagar e eu gritei

Rian: Me deixa em paz Marques pelo amor de Deus - Falei sentindo uma dor inexplicável, meu peito subia e descia, eu não conseguia controlar minha respiração, ele puxou o canivete de uma vez me fazendo gritar de novo e vi ele se aproximu de mim com uma garrafinha

Marques: Eu falei que você ia ver a morte mais perto hoje, não falei? - Falou abrindo a garrafinha e jogando em cima da minha costela onde ele tinha cortado e só aí eu percebi que era álcool

Rian: ME MATA PORRA, ME MATA DE UMA VEZ EU NÃO AGUENTO MAIS - Falei gritando e senti minhas vistas escurecerem, a última coisa que eu ouvi foi ele gargalhar.

[...]
Acordei mais uma vez naquela enfermaria que já era minha segunda casa, apesar das circunstâncias era melhor ficar aqui que na cadeia, a parte ruim era ter que quase morrer pra vim pra cá.

Enfermeira: Aaah, olha só, você acordou - Encarei meu braço vendo uma agulha enfiada por causa do soro e mais abaixo a algema presa a cama
- Você dormiu por três dias - Falou mexendo no soro

Rian: Três? Por quê?

Enfermeira: Você não consegue lembrar de nada?

Rian: Não, eu lembro, mas por quê três dias?

Enfermeira: Você tava fraco e perdeu muito sangue, e agora tá mais fraco ainda, o que está alimentando você é o soro que você tem tomando durante esses dias

Do Morro Ao AsfaltoWhere stories live. Discover now