Levantei cedo, sei nem que milagre foi esse, tomei um banho e a barriga roncou, tinha nada em casa pra tomar café, nem pra improvisar um, como eu só faço minhas refeições fora e não sou lá essas coisas na cozinha eu nem compro nada, deixo uma grana extra pra tia da faxina comprar umas parada porque ela sempre faz umas paradas pra mim e deixa na geladeira pra eu esquentar e comer. Peguei uma camisa qualquer, joguei no ombro, e coloquei um dos meus bonés na cabeça, quando ia saindo de casa a tia chegou pra limpar, entreguei a chave pra ela.
Dona Carmem: Bom dia Rian - Falou pegando a chave na minha mão
Rian: Bom dia tia Carmem, se liga, tô indo lá na minha tia, toma aqui, faz umas compras aí pra mim depois e tira o teu de hoje, o que sobrar é teu também- Entreguei 300 pra ela e ela assentiu entrando pra minha casa e eu saí.
Cheguei na casa de tia Vera e todo mundo tava na mesa já tomando café, fui dar um abraço nela e quase ela não abriu a boca pra me dar bom dia, só me deu uma olhada que eu já entendi que alguma coisa falaram pra ela, só espero que não tenha sido sobre minha digníssima profissão, Débora colocou café pra mim e eu sentei na mesa na maior cara de pau mermo.
Ricardo: Que foi que a senhora já tá com essa cara mãe? - Falou limpando a boca e ajeitando a farda do trabalho
Tia Vera: Nada não Ricardo - Respondeu seca cortando frutas na pia
Jeferson: Caralho vocês viram a filha da dona Emília ontem lá no pagode? Faltou se esfregar pro tal do marquim - Jeferson começou a largar as fofocas dele
Débora: Que horas foi isso? Não reparei não, gente mas né a dona Emília que é a crente mais santa do morro? Coloca a filha num pedestal dizendo que a filha é pura e jamais vai se envolver com bandido - Gargalhamos
Jeferson: Lá perto daquela lanchonete nova que abriu esses dias pô, num chupa chupa da desgraça no meio do povo
Ricardo: Agora papo dez quem daqui do morro nunca pegou a filha da dona Emília? Só na cabeça dela mesmo que ela idealizou que a filha é uma santa
Rian: Eu nunca peguei não mas Jeferson tô ligado que já passou a mão - Rimos e Jeferson fez careta
Jeferson: Todo mundo já fez papel de São Jorge uma vez na vida meu bom, vem pra cá não que se eu for falar do teu histórico tu tá fudido - Dei dedo pra ele
Rian: Minha lista perto da tua é pequena meu compadre
Ricardo: Qual foi Jeff, a mina né feia não, só tá sentando pra geral
Jeferson: Aliás, por falar no pagodim onde tu tava ontem que não deu as caras por lá? - Perguntou olhando pra mim
Rian: Fui pra outro lugar aí - Ele me olhou com a sombrancelha arqueada
Jeferson: Foi atrás de mulher e deixou a tua aqui ontem, o Jão não saiu do pé da mina a noite toda - Gargalhou e eu revirei os olhos
Rian: Tenho nada com ela não fi, ela faz o que dizer da vida dela e eu da minha - Faz o que quiser da vida dela um caralho
Débora: Deu minha hora bando de Maria fifi, tô indo trabalhar - Falou levantando da mesa e foi até o sofá e depositou um beijo na cabeça da Lala
Ricardo: Perai amor, te deixo lá na loja - Levantou indo junto com ela
Jeferson: Vou nessa também, beijo Vidona - Abraçou tia Vera que ainda tava calada na pia e saiu deixando a cozinha num silêncio do caralho
Rian: Tenho que ir também ti... - Me interrompeu
Tia Vera: Então quer dizer que você agora mora com mãe, e irmã né Rian? - O cu não passava nem sinal de wi-fi viado
- Você acha que tá certo isso que você tá fazendo? Mentindo pra menina na maior cara de pau? Eu podia ter desmentido tudo sabia? Por que eu odeio mentiras, e quando acho que você tá finalmente tomando jeito, se acertando com alguém, eu vejo que além de tá todo dia com uma mulher diferente agora tá dando pra mentir também, eu só não desmenti tudo porque eu queria uma explicação sua, por que você falou isso pra Dandara?
YOU ARE READING
Do Morro Ao Asfalto
Fanfiction+18 Esse livro conta a história de duas pessoas de mundos completamente diferentes que se encontram e começam a viver um relacionamento que será marcado por muitos acontecimentos, momentos felizes mas também momentos conturbados como decepções, trai...