70°

39 9 33
                                    

Três anos depois...

Rian

4 anos vivendo um verdadeiro inferno, se me perguntarem como eu tô vivo até hoje vai ficar no ar o questionamento porque eu nunca vou saber responder.
Cada parte do meu corpo tinha no mínimo uma pequena cicatriz, foram 4 anos de tortura e a velha ameaça de que quando eu saísse daqui ia morrer, muitas das vezes eu desejei isso mesmo, vou negar não, eu não aguentava mais, sabia que agora minha liberdade não tava tão distante como antes, afinal só faltava mais 1 ano, mas me dava calafrios saber que ia passar por tudo isso por mais 1 ano.

Ricardo prometeu vir me visitar hoje e eu tava esperando desde cedo, já tava achando que ele não ia vir quando o guarda finalmente veio me buscar, como de costume ele me levou pra sala de visitas e Ricardo ja tava lá, no canto da mesa vi algumas coisas em vasilhas, já sabia que era alguma coisa que tia Vera ou Débora tinham mandado pra mim, coisa que sempre fazia eu me sentir em casa um pouquinho.

Ricardo: Iai irmão? Como tu tá?

Rian: Existindo? - Falei abrindo uma das vasilhas
- Empadinha? Porra aí sim - Falei pegando uma pra comer

Ricardo: Tá morrendo de fome caralho? - Falou rindo

Rian: Quase isso

Ricardo: Tu emagreceu mesmo, tá comendo direito não? Olha lá pô, minha mãe pergunta isso toda vez que eu ou o Jeff vem te visitar

Rian: Tu acha que dá pra comer direito num presídio? É ruim de mais pô - Falei pegando mais duas e tampando a vasilha
- Ta bom, vou deixar um resto pros bichos de cativeiro que eu divido a cela

Ricardo: O tal do Deco e Paraná?

Rian: Esses aí mesmo, iai como tá as coisas lá fora

Ricardo: Tudo certo, e... O tal tenente? Te deixou em paz?

Rian: Ele só vai ter paz no dia que matar - Ri mas o fato é que era verdade

Ricardo: Cara se minha mãe e a Débora sonharem com isso, acho que é capaz das duas cavarem um túnel pra te tirar daqui - Rimos
- Mas é sério, cara isso tem que ter um fim porra, isso não se faz não, vejo elas sofrendo lá por tua causa, imagina se soubessem do que realmente acontece aqui dentro - Falou sério

Rian: O máximo que posso fazer é aguentar

Ricardo: E esse advogado Rian, esse caralho, nunca fez nada pô - Falou alto e bateu na mesa

Rian: Não fez porque não deu pô, ele tentou por uma cota aí mas nunca deu certo

Ricardo: Mas porra... - Interrompi ele

Rian: Irmão sossega pô, eu aguentei quatro anos, aguento mais um - Falei tentando passar uma tranquilidade pra ele que nem eu tinha, o guarda abriu a porta e bateu dois dedos no pulso querendo dizer que o tempo tava acabando, Ricardo levantou junto comigo e me abraçou.

Ricardo: A gente te ama vacilão, aguenta firme, logo tu vai tá junto com a gente

Rian: Fica sossegado, também amo vocês - Assim que soltei Ricardo o guarda me algemou e eu voltei pra cela.

Do Morro Ao AsfaltoWhere stories live. Discover now