48°

43 9 24
                                    

Rian

Fazia um mês que eu não via mais ela, um mês sem o cheiro dela, sem ela pra me estressar, pra me perturbar, pra me acalmar, pra ficar do meu lado e eu esquecer tudo. Esse último mês parecia pra mim uma eternidade, os dias parece que se arrastavam, eu tava sentindo uma falta absurda daquela menina, eu tinha algumas dúvidas sobre meus sentimentos em relação a ela, hoje eu já não tinha mais, se isso não era amor que porra era?! Eu tava me sentindo dependente dela, como se ela fosse uma droga e eu precisasse dela pra saciar o meu vício, e falando em drogas digamos que foram minhas melhores companhias desde que ela saiu da minha vida, bom, melhores em partes. Nos primeiros dias eu não queria saber de mais nada, eu usava toda hora, ou pelo menos toda vez que eu lembrava dela, eu usava e uso pra esquecer, as vezes funciona, as vezes nem tanto.

Débora e os meninos é quem tava tudo doido comigo por causa disso, de hora em hora tava batendo na minha porta pra me encher o saco e ficar me dando lição de moral, papo reto eu tava de saco cheio disso já.
Eu tinha passado mal umas três vezes por causa de droga, namoral, achei que fosse morrer, só que no fim não era nada de mais, as vezes eu não comia direito e só bebia e me alimentava de porra de droga, que cabeça vai aguentar uma porra dessa namoral. Eu tinha exagerado na maioria das vezes, era fato, eu sabia disso, mas eu tava disposto a qualquer porra pra tirar ela da mente, me torturava de mais lembrar dela e saber que eu não ia mais ter ela de volta.

Eu tava agora com uma puta ressaca do baile de ontem, eu nem conseguia lembrar de muita coisa, só senti minha cabeça lateja de dor e o coração acelerado, efeitos de cocaína. Ultimamente bastava eu usar qualquer coisinha pro meu corpo começar a dar esses sinais como se eu já tivesse usado pra caralho e eu acho que isso não era bom não, queria dar uma parada mas tava difícil, eu tava me sentindo cada vez mais viciado, quase metade do que era passado pra mim pra vender eu tinha que pagar porque quem tava usando era eu, namoral que ponto eu cheguei dessa merda.

Acordei sentindo aquela velha agonia de sempre por causa da ressaca, bebi quase uma garrafa de água e voltei pra cama, mas como eu não tava tendo paz ultimamente ouvi alguém bater na porta, e pela voz sabia que era Jeferson, revirei os olhos e fui atender.

Jeferson: Tu quer se matar né? Beleza, eu vou deixar - Falou me encarando assim que abri a porta, Luiza tava do lado dele e me olhou de cima a baixo

Rian: Me deixa em paz, namoral

Jeferson: Eu vou te largar de mão mesmo, tu não é mais criança, tô cansado de ficar no teu pé pedindo pra tu parar com essa porra e tu nunca escutar, eu só vim aqui mermo porque Luíza pediu pra trazer ela aqui - Olhei pros dois com a sombrancelha arqueada

Rian: Tô com dor de cabeça, não tô afim de papo - Falei fechando a porta mas ele botou o pé impedindo

Jeferson: Eu vou ajudar tia Vera ali a pegar uma encomenda dela lá na barreira e volto pra buscar ela - Falou sério e empurrou a porta, revirei os olhos e a sonsa da Luíza entrou

Luíza: Como você tá? - Perguntou sentando no sofá, ela parecia nervosa, e devia tá mesmo, tenho certeza que foi ela que abriu o bico pra Dandara, só podia ter sido ela e se antes eu já não ia com a cara dela hoje eu tava odiando mais ainda

Rian: Fala logo o que tu quer aqui e vaza - Falei seco

Luíza: Olha só seu idiota, eu não gosto de você e nem você de mim, obviamente, mas eu esqueci nossas desavenças pra quebrar o orgulho e vim aqui - Respirou fundo e eu encarei ela com a sombrancelha arqueada
- Eu sei que você tá acabando com sua vida se afundando em drogas, Débora me contou, e não é porque eu não gosto de você que vou ver você desse jeito e não vou fazer nada

Do Morro Ao Asfaltoحيث تعيش القصص. اكتشف الآن