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Rian

Acordei sentindo dores no corpo todo, de frente pra minha cama tinha um espelho grande no canto da parede, me esforcei um pouco pra sentar na cama e tentei observar minha imagem no reflexo do espelho, meu olho tava um pouco inchado e de longe vi ele roxo no espelho, minha boca com um corte, e parecia ter sangue seco de ontem ainda. Tentei me levantar mas quando coloquei os pés no chão sentei na cama novamente sentindo uma dor absurda na barriga onde ele tinha dado socos, minha perna também doía pelos chutes, eu tava na merda mermão.

Busquei todas as forças possíveis de onde nem tinha e me levantei, peguei minha toalha que tava jogada em cima da cômoda e com muita dificuldade fui para o banheiro me segurando nas paredes, depois de quase meia hora consegui tirar minha roupa e liguei o chuveiro entrando no mesmo e parece que tudo ardeu em mim, ensaboei meu corpo com uma mão e me segurei na parede com a outra, papo reto tava num medo do caralho de escorregar no piso.

Sai do banho e me sequei colocando a toalha na cintura, e fui voltando devagar pro quarto, peguei uma bermuda moletom no meu guarda roupa e vesti, quando ia voltar pra cama alguém bateu na porta disparadamente.

Rian: Puta que pariu, era só o que me faltava - Resmunguei, não ia atender não mas ouvi a voz da Débora e caminhei com dificuldade até a porta

Débora: Eu sei que você tá aí Rian, abre essa porta - Falou batendo novamente, cheguei até a porta depois de alguns minutos e abri, ela me encarou e colocou as mãos na boca e chorou, Débora chorava por tudo papo reto, Ricardo e Jeferson que estavam com ela me olharam com os olhos arregalados, dei espaço pra eles entrarem.

Ricardo: Caralho irmão, o que fizeram com você - Eles entraram e Jeferson me ajudou a ir até o sofá e me ajudou a sentar no mesmo, gemi de dor.

Jeferson: Fala porra, quem foi o filho da puta que agiu na covardia contigo - Falou estressado

Rian: Quem tu acha que foi meu? O Jarbas, óbvio, tu acha que se tivesse sido outro cara eu não ia revidar? Que eu ia tá todo fudido desse jeito?

Débora: Isso já foi longe de mais a muito tempo Rian, olha pra você, fora que não é a primeira vez que isso acontece, até quando você vai se submeter a isso? - Falou secando as lágrimas

Rian: Quando vocês vão entender que se qualquer hora dessa que eu falar naquele caralho que quero sair eles vão mandar me matar? Eu sei de coisa de mais, vocês acham que Jarbas vai me deixar vivo porra - Falei alterado e senti o corte da minha boca latejar, Ricardo e Jeferson só negaram com a cabeça e Débora não respondeu nada, sei que fui grosso com ela, mas eu não aguentava mais eles repetindo isso pra mim, eles até entendiam na verdade, conheciam mais as leis da favela do que Débora.

Jeferson: Tu tá todo quebrado, bora no médico - Débora levantou bolada e foi pra cozinha

Rian: Precisa não, só quero um remédio pra dor pô

Ricardo: Não precisa o que Rian, tu tá sentindo dor na barriga, dá pra ver, com certeza ele deve ter te batido abeça aí, de longe da pra ver tu se torcendo de dor, tem que ver isso, e se tiver machucado alguma coisa por dentro, ajuda ele aí Jeferson, vou pegar meu carro lá na rua de baixo na oficina que deixei pros moleque resolver uma parada lá pra mim e volto - Falou se levantando

Rian: Namoral Ricardo, eu agradeço mas quero não, não precisa, só quero um remédio pra dor, compra lá pra mim que já vou ficar feliz de mais, tem dinheiro na minha carteira em cima da cômoda do meu quarto - Ele negou com a cabeça e saiu puto

Do Morro Ao AsfaltoWhere stories live. Discover now