Dos sofrimentos que já me ocorreram na vida, um dos piores foi ver meu pai tentar me matar mas acabar acertando na minha namorada e como consequência morrer da angina que há muito o assolava.
ㅡ Amber, pelo amor, que barulho foi esse?
Leonardo apareceu no corredor, e não demorou muito para deter os olhos em nós e se dar conta de tudo o que ali acontecia. Schmidt muito me havia falado de seu irmão mais velho no tempo em que éramos felizes, pelo melancolia e nostalgia com que falava, muito me parecia o amar. A preocupação do homem ao correr para fora também denunciava um amor muito forte pela mais nova, contudo penso que tinham questões pendentes e por isso a hostilidade entre ambos.
O mais velho dos Schmidt era um homem orgulhoso, sarcástico e de muito interesseiro. A beleza por outro lado driblava e omitia tais defeitos no médico ali abaixado checando o pulso do político.
Balançou a cabeça, constatando por fim que meu pai não tinha mais vida. Não sabia ao certo o que fazer com tal informação, poderia ficar feliz porque agora não haveriam mais obstáculos, poderia ficar chateado ou triste por ser a pessoa que me fez. É certo que nunca amei meu pai e sempre neguei ser seu filho com grande veemência, mas falecer era algo forte demais.
Amber há segundos tinha fechado os olhos, mas seus dedos ainda se moviam com certa dificuldade. O irmão mal pensou antes de arrancar o moletom preto e amarrar ao tronco da irmã, expulsando minha mão dali.
Surpreendeu-me a falta de escrúpulo ao arrancar a única peça de roupa que lhe cobria o corpo, entretanto ele era um médico e devia saber a dor de perder um paciente, ainda mais quando esse paciente é sua irmã.
ㅡ O que está fazendo aí? Ande e a pegue no colo!
Ainda um pouco atônito diante de tudo o que ocorreu naqueles últimos 40 segundos, a peguei com cuidado e ela gemeu de forma sofrida:
ㅡ Vai ficar tudo bem.ㅡ assegurei, contendo lágrimas de compaixão ㅡ Vamos para o hospital e tudo vai voltar aos seus conformes.
ㅡ Você sabe dirigir?ㅡ aquela era uma das piores perguntas que eu podia ouvir, era péssimo no volante e isso não tinha nem como contestar.
ㅡ Tirei minha carteira de enfeite, desde que o fiz só dirigi uma vez.
ㅡ Vai ter que dirigir novamente, e rápido. O hospital mais próximo é o de base, mas em questão de internação é precário, por isso eu confio a cirurgia ao melhor cirurgião de Brasília e depois pagamos uns dias no Daher para ela.
Chamou o elevador.
Ver o sangue permeando o moletom e pingando no chão, dava-me vontade de alguma forma ajuntar todo aquele sangue e colocar de volta dentro dela.
ㅡ Será que dá para dirigir mais rápido?
ㅡ Eu estou parado no sinal!ㅡ ralhei, aquele homem realmente me dava nos nervos, embora eu conseguisse entender perfeitamente o seu lado da história.
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Match Point- Kim Junkyu
FanfictionUma história sobre vôlei, e estrelas, e amor. Quando Amber se via encurralada pela pobreza que a ameaçava sufocar, um anjo de olhos puxados apareceu à sua frente, a fazendo uma proposta de mudar de vida usando seu talento. E no meio do caminho tinha...