20- a coisa mais louca que já fiz

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  Eu não era o tipo de pessoa que quando alguém se machucava, ficava esperando alguém mais experiente a socorrer por mim, eu fazia o possível por quem ali estava

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  Eu não era o tipo de pessoa que quando alguém se machucava, ficava esperando alguém mais experiente a socorrer por mim, eu fazia o possível por quem ali estava.

  E o possível certamente não era carregar ele no colo até o hospital que se encontrava no fim da rua, só que aquilo teria de se tornar possível.

  Eu não devo ser tão fraca.ㅡ pensei.

  Respirei fundo e me levantei, coloquei um dos braços sob suas costas e o outro nas articulações inferiores. Com um gemido de esforço, o levantei, ajeitando e distribuindo o peso em meus braços.

  De todos que ali estavam, recebi olhares arregalados:

  ㅡ Amber, o que é isso?ㅡ indagou Hitomi. 

  ㅡ A força que vem do amor.

  Minha resposta foi mais cética e ríspida do que eu realmente queria.

  De onde eu tirei força? Das estrelas. Do amor. Do medo de o perder assim como meu pai. Ou quem sabe eu tinha um superpoder dado pelos céus como compensação a tanto sofrimento.

  Teria que sair dali o mais rápido possível. Tomei fôlego e nem dos sapatos recordei, nem dava para os calçar ou minha estrelinha estaria realmente apagada.

  Por sorte a iluminação pública na Coreia era exímia, dava de dez a zero para o Brasil. Só que correr com Junkyu no colo não era nada fácil quanto a minha atuação fazia parecer, meus pulmões sofriam seriamente ao fazer tanto esforço.

  ㅡ Amber, isso vai lhe fazer mal, me deixe carregar ele.ㅡ Haruto vinha atrás de mim, tentando acompanhar meu ritmo.

  ㅡ O...tempo... que leva para você...pegar ele...é o...tempo...que eu chego no hospital.ㅡ disse, com a respiração entrecortada.

  ㅡ Schmidt, agora não é hora para dar uma de princesa guerreira que salva o príncipe e o livro todo.

  Respirei fundo, tentando ter paciência.

  ㅡ Watanabe...agora não é hora para sermão e... eu sou a princesa guerreira. Então se quer me ajudar a salvar seu amigo, vá na minha frente e avise que há um moribundo... vítima de queda com os batimentos irregulares para chegar.

  Parece que algo acendeu no japonês, que o fez correr mais rápido do que eu imaginava que um ser humano era capaz de correr.

  Meus pés já doíam por ter saído descalça e respirar era pior ainda. O cabelo molhado por conta do sabão fazia questão de grudar no rosto e atrapalhar minha visão, sem contar na roupa que grudava cada vez mais ao meu corpo em decorrência do vento forte e da água com detergente.

  Finalmente cruzei as portas do hospital, e graças a Haruto já havia uma maca pronta o aguardando. Um médico logo o veio examinar:

  ㅡ Pressão sanguínea 80 por 40, saturação 60 e risco de morte cerebral. Precisamos de cirurgia agora.

  Ouvir aquilo e ver Kim ser empurrado lá para dentro, fez tudo ao meu redor começar a girar. As pernas ficaram fracas e meu corpo ameaçou cair, felizmente Watanabe me ajuntou num abraço complacente:

  ㅡ Ele vai ficar bem, tenho certeza.ㅡ tentava me animar, acariciando meus cabelos em seu ombro.

  De forma não tão repentina, um batalhão de pessoas molhadas cruzaram também as portas do hospital, certamente tinham vindo a passos de tartaruga em comparação à nós.

  ㅡ Ué? Você conseguiu chegar? Achei que ia cair no meio do caminho.ㅡ debochou Yena.

  Bem que poderia rir da piada que fazia humor à minha fraqueza, mas mal conseguia me sustentar, tanto que Watanabe teve de me ajudar a sentar em uma cadeira.

  ㅡ Não desdenhe da força de Amber.ㅡ Atena me defendeu. ㅡ Duvido que consiga carregar até seu próprio peso.

  ㅡ Alguém pode por favor pegar água para mim?

  O pedi pois estava prestes a uma crise de choro, ou dar birra por causa das injustiças da vida. Várias pessoas se ofereceram, mas a primeira a aparecer à minha frente com um copo d'água foi Chaewon:

  ㅡ Obrigado.ㅡ agradeci num fio de voz.

  ㅡ Você realmente foi forte e corajosa.ㅡ elogiou Eunwoo. 

  ㅡ Eu fiz o que precisava ser feito, ninguém ali iria tomar iniciativa.

  ㅡ Na verdade você não deixou ninguém tomar iniciativa. 

  Soltei um riso fraco.

  ㅡ O que acha de irmos para o dormitório descansar um pouco?ㅡ propôs Sakura, que já estava de volta à ativa.

  ㅡ Eu não saio daqui enquanto aquela luz não se apagar.ㅡ apontei para a luz do centro cirúrgico.

  E de fato, a luz logo se apagou, ato que fez eu pular de supetão da cadeira quando o médico saiu de lá arrancando a touca. Não foi preciso dizer palavra alguma para o doutor entender o que eu queria perguntar:

  ㅡ Não podemos dizer nada concreto sobre o estado de saúde dele, temos que esperá-lo acordar para ter certeza de que não ficou sequela mínima do ocorrido. Os sinais vitais estão estáveis e aparentemente não ocorreu nada além do corte e pancada, mas realmente precisamos esperar. 

  ㅡ E, doutor, onde ele está?

  ㅡ No momento no quarto, depois veja na recepção em qual quarto ele está. Preciso agora fazer uma cirurgia em outro paciente.

  Se curvou e saiu, será que todos os médicos daquele hospital eram arrogantes daquele jeito unicamente pelo hospital ter sido fundado pelo Deputado Kim Seong Do?

  MEU DEUS! Como nunca vi isso antes?ㅡ pensei. 

  Tinha mesmo que o trazer logo para o hospital do estúpido pai dele? O homem devia estar cruzando a porta naquele momento, tudo porque fora avisado por sabe-se lá quantos funcionários acerca do estado de seu filho.

  Dado o cansaço, acabei adormecendo no corredor, provavelmente no ombro de alguém que estava ao meu lado. E ai de quem me tirasse daquele hospital, dormiria ao lado de Junkyu nem que fosse debaixo de seu leito.

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  Esperavam que a Amber fosse fazer uma coisa dessas?

  Desculpem pelo que vou dizer, mas com tal acontecimento começa uma parte muito sofrida daqui...

Match Point- Kim JunkyuOnde as histórias ganham vida. Descobre agora