22- dor que me consome

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Com uma branda dor de cabeça e sentindo o braço repuxar, acordei

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Com uma branda dor de cabeça e sentindo o braço repuxar, acordei. Olhei em volta: estava no hospital.

ㅡ Como se sente? Qual o seu nome? Quem somos nós?ㅡ mal havia tentado me sentar e já fui metralhado com perguntas por Lee Know.

ㅡ Bem.ㅡ dei de ombrosㅡ Kim Junkyu, Atena e Minho.

Deixou o corpo cair na cadeira, aliviado por ver que minha memória permanecia intacta. Toquei a testa, lugar da dor, estava enfaixada:

ㅡ A queda de hoje ocasionou tudo isso?ㅡ indaguei.

ㅡ Faziam três dias que você estava dormindo.

Não imaginava que uma queda fosse causar um estardalhaço destes, eu apenas bati a cabeça. Corri os olhos pelo quarto: nem sinal da menina do cabelo cor de estrela:

ㅡ Cadê Amber?

O casal se entreolhou, como se aquilo fosse um assunto muito delicado a ser tratado. Uma preocupação tomou conta de mim, pensando que ela também pudesse ter caído e estivesse pior do que eu em alguma parte daquele hospital.

ㅡ Amber foi embora. Mas deixou uma carta.

Ouvir tal coisa foi pior ainda para mim. Atena esticou o braço com um envelope amarelo, cheio de manchas de água que pareciam os fósseis de lágrimas:

 Atena esticou o braço com um envelope amarelo, cheio de manchas de água que pareciam os fósseis de lágrimas:

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Tradutor. Seria bom se eu precisasse de um, porque ir lendo e entender diretamente cada palavrinha sôfrega daquele texto parecia como um adágio a matar de forma dolorosa cada milímetro do meu coração.

  Não era só a cabeça que doía, não era só o coração que estava perto de explodir. De repente associei a parte da carta que menciona sua vontade de não partir a conversa entre Schmidt e meu pai, naquele domingo eu não tinha me retirado para comer lagosta, a lagosta daquela casa tanto fez como tanto faz para mim. Havia me escondido atrás da lareira e ouvi tudo, segurando a boca para não soluçar.

  ㅡ O que acontece se eu levantar daqui?

  Arranquei o jelco que levava soro por todo o meu corpo.

  ㅡ Melhor não...

  ㅡ Tarde demais.ㅡ respondi a Atena calçando as pantufas.

  Caminhei vagarosamente até a porta e ao abri-la infelizmente encontrei meu pai prestes a adentrar meu quarto:

  ㅡ Por que fez isso?

  ㅡ Isso o quê?

  ㅡ Que idiota, age com crueldade e depois tem coragem de se fazer de desentendido. Quero Amber de volta em dois dias.ㅡ cruzei os braços

  ㅡ Aquela menina não é páreo para você, arrumei uma modelo para se encontrar quando sair daqui.

  Tudo começou a girar, não sei se por fome, raiva ou indignação.

  Acordei com uma enfermeira praticamente cantando meu nome de forma contínua:

  ㅡ Isto é canja de galinha.ㅡ colocou a bandeja sobre o suporte ㅡ Ontem sua namorada me ensinou a fazer dizendo que curava qualquer doente, trate de comer e me chamar.

  ㅡ Obrigado!ㅡ esbocei um sorriso triste.

  "Comer" significava deixar as lágrimas caírem na colher e acabar comendo elas também. Era impossível não chorar ao saber que Amber teve o trabalho de ensinar a sopa de usa vó para uma enfermeira apenas para que eu me recuperasse mais rápido.

  Chamei a enfermeira e ela veio com prontidão buscar meu prato e aferir minha temperatura, para logo dizer que eu deveria ir descansar após o almoço.

  Olhei para a porta. Quantas vezes nos últimos três dias ela passou por ali? Quantas vezes desejou não ter passado por ali? Quantas vezes estava com tanto sono ao cuidar de mim durante a noite que teve que se apoiar nos portais? Quantas vezes cruzou com meu pai e recebeu comentários desagradáveis? Quantas vezes esteve do lado de fora chorando pela possibilidade de eu nunca mais acordar?

  Pensar naquilo fazia tudo doer mais um pouco, mas ao mesmo tempo adormecer tudo. Eu era incapaz de sentir qualquer coisa sem ela para fazer meus músculos queimarem, meu sangue ferver e tudo parecer bem mais colorido do que realmente era.

  Peguei o envelope novamente, aquele que estava sobre a mesinha ao lado da maca, na intenção de reler a carta, contudo notei que havia mais algo no interior do envelope. Enfiei a mão lá dentro e revirei até encontrar o "algo": uma foto dela, sorrindo e com os cabelos soltos, sem um pingo de maquiagem.

  Virei a foto, atrás estava escrito: "Para sempre se lembrar do meu cabelo que brilha e das constelações que Deus colocou no meu rosto".

  Sorri ao olhar para aquilo, então por minha causa ela tinha começado a enxergar as sardas como constelações. Corri as mãos pelo cabelo, iria ficar louco logo.

 :::

  Sentiram a dor daqui?

Lembram de quando o Kyu disse que queria aprender português? ele aprendeu... :((

Match Point- Kim JunkyuWhere stories live. Discover now