O Raio Colorido

CAPÍTULO 61

CAMINHOS

_ Naquele dia eles me disseram que nada iria adiantar, que eu não tinha físico e que o meu talento  era apagado._ Margarida conversa enquanto caminhamos pela rua, para nosso "covil ".

_ Eles perderam uma bailarina espetacular. _ Respondo em seguida.

_ Ai ai, caminhos desta vida. Eu com toda certeza me sinto melhor sendo dançarina na Reflexo, do que bailarina para uma compania superficial ._ Ela conclui.

Andamos mais adiante, e passamos pela porta da casa de Margarida, correndo assim para a parte de trás da sua casa.

_Vocês são cheias de talentos.  Acham que encontraram o caminho de vocês?_ Mário quebra seu silêncio, enquanto subimos a escadinha da casinha na árvore.

_ É uma pergunta complicada para mim, ainda não tenho um ponto, um objetivo concreto. _ Respondo racionalmente.

_ Você concerteza  vai brilhar nesse mundo audiovisual. _ Ele fala de forma singela, e eu sorrio.

_ E você Margarida?_ Pergunto.

_ Amo teatro, amo dançar.  A Broadway é meu máximo á conquistar , e ensinar arte   a outras pessoas é uma opção boa. Queria mostrar para outras crianças, que o talento delas não são vagos, e que sim todo tipo corpo é válido para dançar ._ Direciono meu olhar e sorrio para ela.

Hoje é 10 de Abril, nós decidimos que esta tarde será só nossa.
Meus amigos quase irmãos, apesar do comportamento estranho de Mário quando estávamos na Sweet Years, neste instante ele parece tranquilo e sorridente.

Quando eu estou com esses dois tanta coisa passa pela minha cabeça, ao mesmo tempo tudo parece leve como uma bluma sendo levada pelo vento.
Em questão de segundos estamos em crises de risos,  às vezes até discutimos mas não conseguimos ficar brigados e logo estamos nos abraçando de novo .

Talvez tudo que temos hoje, foi só o acaso do destino.
O que temos veio da relação de nossos pais, e eu simplesmente agradeço muito minha mãe, porquê o que tenho com Mário e Margarida é um laço inquebrável.

_ Ah , Mário.  E você ? Como vai a escrita, a atuação, as coisas que me disse._ Eu pergunto e ele desvia o olhar rapidamente.

_ Ei, esquecemos de pedir pizza, estamos esquecendo nossas próprias tradições. _ Ele muda de assunto.

E Margarida o ajuda por um bom tempo á pedir pizza.

_ Meus pais vão fazer um jantar amanhã, todo mundo está convidado. _ Margarida indaga.

_ Vai ser ótimo._ Os olhos de Mário ficam mais avivados.

Eu estranhei um pouco esse comportamento.
E se neste dia eu tivesse observado um pouco á mais, teria descoberto o que estava havendo.
                            -

No dia seguinte acordo com aquela mesma sensação incrível, a minha pele sendo tocada pelos raios de sol.

Levanto , e depois de me vestir  fico  passando pelas publicações do Instanet, tranquila com a maresia da manhã.

  Meus pais já saíram, hoje é sábado 11 de Abril, eu decidi acordar mais tarde.
Sozinha e ao mesmo tempo inundada nos meus pensamentos, eu tomo café.

Entre editar o trabalho de audiovisual , algumas fotos para a página da floricultura, e todas as minhas atividades diárias nem vejo o tempo passar, só me dou conta que é tarde quando minha mãe chega.
Nós almoçamos, e o  dia foi bem corriqueiro.

A noite batia á porta e eu atendi, hoje vamos jantar na casa dos Goldemberg.
Visto uma calça jeans, e uma camiseta colorida, amarro meus  cabelos e desço a escadas rapidamente.

Durante todo o trajeto da minha casa até a casa dos Goldemberg, eu penso em tantas coisas e relembro outras também.

As aventuras que eu, Margarida e Mário já tivemos.
Os apuros por qual já passamos, as tardes de verão, as noites de tempestade , tudo , agora eu vejo como tudo que passamos  é muito precioso.

Assim tudo muda mesmo sem mudar, é só estar ao lado deles.

Entramos e todos parecem já ter chegados ,  minhas tias arrumam a mesa , meus tios conversam e observam.
E logo me aproximo dos meus amigos, Dilan está sentado no sofá sozinho  vagando pelo seu celular, antes de chegar ao meus amigos desvio o caminho e vou até ele.

_ Como vão as mãos?_ Pergunto e ele me olha surpreso.

_ Que horas você chegou?_ Ele pergunta de volta. 

_ Eu  não acredito que seu celular está te distraíndo tanto assim, parece entediado .  _ Respondo rapidamente.

_ Estou distraído no tédio.  As mãos continuam dolorosas mas estão bem.

_ Ok, pode voltar ao seu tédio. _ Sorri e voltei a caminhar até meus amigos.

Antes que eu chegue ao canto da parte em que eles estão, Estela vem rápido até mim e  me segura pelas mãos.

_ Tudo bem Esmeralda, que sorriso é esse?_ Ela pergunta curiosa.

_ Um sorriso normal._ Digo sem receios.

_ Ok então. _ Ela diz com um olhar peculiar. _ Ei, não contou á ninguém sobre minha crise , né?

_ Não._ Respondo com vontade de rir da afeição de Estela.

_ Ok, então._ Estela estava com os olhos esbugalhados, neste instante ela relaxa o olhar e andamos até nossoa amigos.

Não demoramos a conversar , o jantar foi posto, assim duas mesas foram necessárias ser juntas para que todo mundo pudesse  sentar.
Nem havia percebido a presença de Noel ali, e quando eu o vi percebi que não doía  mais, não como antes , acho que tirei mesmo a farpa e agora tá cicatrizando,  sinto que aprendi a não vê-lo como mesmo cara de antes, e do nada a lembrança se tornou vaga.

_ Família, eu tenho que contar uma coisa._ Mário chama a nossa atenção, e logo meu coração acelera.

_ Eu sou apenas um adolescente que em poucos dias vai fazer 15 anos, errei e disse coisas que não devia, amei vocês enquanto eu pude, de fato já fiz muitas coisas. Mas uma coisa eu tenho que contar, uma coisa que descobri sobre eu mesmo, algo que me consome e eu não posso desistir.
Eu amo o mundo cênico, amo escrever e atuar, amo poder ser outras pessoas, viajar sem sair do lugar, eu me descobri um Mário diferente.
Amo a literatura, e quero ser roteirista futuramente, e é por isso que eu me inscrevi. _ Ele pausa e respira._  Eu fui aceito na High Lyrics & emotions School , uma escola de teatro e literatura incrível em Nova York  , e esse é  o meu caminho.
Viajo em 4 dias.

E foram dias muito mais interessantes do que eu podia imaginar, descobrir que Mário já havia traçado seu caminho foi supreendedor.