Lover of Mine | Luke Hemmings

Capítulo 68

Ela está claramente mais nervosa que eu.

Quando eu a contei dos meus planos de me mudar, foi com a intenção de convidá-la a ir comigo. Ela topou imediatamente e pediu demissão do trabalho no dia seguinte para me acompanhar.

Ela me abraça e eu sinto na pele o tamanho da inquietação dela.

- Vai dar tudo certo, estamos juntas - falo somente para ela escutar.

Hannah treme nos meus braços e eu acho graça. Ela sempre foi a mais destemida de nós duas, mas parece que o jogo virou.

Depois de nos despedirmos das nossas famílias, despachamos as malas e seguimos para o embarque de mãos dadas.

- Não acredito que a gente tá fazendo isso.

A voz dela sugere que está prestes a chorar, mas, ao olhar pra ela, eu vejo que é mais empolgação do que qualquer coisa.

Sei que ela não está fazendo isso só por mim, mas eu também não consigo deixar de me sentir aliviada.

Hannah é a minha pessoa no mundo. Ela confiou o próprio futuro à nossa amizade.

Entramos no avião em direção ao aeroporto de Santa Mônica, e eu estou um pouco mais tranquila do que antes. Hannah também está mais calma quando desentrelaço nossos dedos para acomodar nossa bagagem de mão.

Ensaio várias vezes como vou cumprimentar Luke quando chegar lá, mas opto pelo improviso. A gente não fez acordo algum. Eu só sei que ele me beija quando os outros estão distraídos e que planeja me prender na cama quando não tiver ninguém em casa.

O pensamento me acende e eu tenho que me controlar para que o fogo suma dos meus olhos.

Sou obrigada a comprar o pacote de dados do wi-fi do avião para poder resolver alguns detalhes do nosso apartamento em West Los Angeles, não muito distante da Beverly Hills de Luke, Calum, Ash e Michael.

O vôo é tão demorado que a ansiedade se perde em algum momento nas dezenas de horas que passamos no ar. Durmo, acordo, vejo filme, como e repito o processo até que o comandante, finalmente, avisa dos procedimentos de pouso.

Nesse ponto, eu e Hannah dividimos a sensação de dever cumprido.

Pegamos as nossas malas e nos seguramos para não sair correndo e derrubando os outros no caminho.

A força tarefa que nos espera na área de desembarque é quase como se fôssemos famosas.

Todos eles, Crystal e mais três seguranças seguram nossos nomes em uma placa. O sorriso no meu rosto nunca foi maior.

Quando foi que eu comecei a ter sorte?

Damos um abraço de muito braços e todos falam ao mesmo tempo enquanto eu estremeço de leve quando sinto o aperto familiar na minha cintura.

É discreto, mas eu conheço o toque dele, meu corpo gravou cada sensação.

Sorrio para Luke quando nos afastamos e percebo que, finalmente, tenho aquela paz que eu sempre procurei. Exatamente da forma como eu pensava que deveria ser.

Seguimos em três carros para o nosso novo apartamento.

Ainda é madrugada e a confusão de malas no elevador pode levar à sérias broncas na nossa primeira reunião de condomínio. Tenho quase certeza que estamos excedendo o limite de peso recomendado.

Ao chegar na porta do apartamento, Crystal é que tem a chave, afinal, foi ela que o alugou. Quando ela abre o espaço para passarmos, o meu queixo cai.

O espaço não é grande, mas tem tudo que a gente precisa, inclusive uma varandinha com vista pra rua. Tudo um pouco mais caprichado do que eu imaginei nos meus melhores sonhos. Têm os toques impecáveis de Crystal Leigh.

Nos dividimos para levar as malas aos quartos e eu jogo a cabeça pra trás analisando os detalhes em gesso no teto. Luke aproveita para deixar um beijo na minha bochecha, muito próximo de onde eu queria que ele tivesse me beijado de verdade.

Dura um segundo, mas eu fecho os meus olhos.

Droga, Hemmings.

Sorrio para o nada, sabendo que ele já se juntou aos outros.

Passamos a próxima hora olhando o apartamento e gravando vídeos para o destaque de "primeiro dia na casa nova" no Instagram.

Logo o sol deve nascer, e aí sim poderemos chamar de dia.

Meu amigos estão espalhados no meu sofá novo e parecem estar em casa.

O meu olhar cruza com o de Luke e ouço a voz dele mesmo que ele não esteja falando. Somos capazes de ter conversas inteiras assim, no silêncio.

O cansaço do vôo logo vai me atingir, mas sei que não vou conseguir dormir com a ideia que está fixa na minha cabeça.

Aguenta só mais um pouquinho, sono.

Sugiro assistir o sol nascer na praia. A mesma que abriga a marina onde o Calm está atracado.

Aquele lugar tem cheiro de casa pra mim há muito tempo.

Com os seguranças já dispensados, nos dividimos em dois carros para seguir até o destino.

Está cedo demais para a cidade acordar.

As ruas extensas quase parecem nossas enquanto dirigimos até lá.

Eu tiro o tênis para sentir a areia fofa e lembro que o inverno vai começar logo mais. O vento já bate um pouco frio.

Calum é o primeiro a notar a mudança de temperatura e pousa sua jaqueta sobre os meus ombros enquanto caminhamos.

Eu agradeço e ele deixa um beijo no topo da minha cabeça.

Como eu poderia machucá-lo por querer?

Sentamos na areia.

Luke e Cal ocupam os meus lados e o céu já está clareando no horizonte, deixando tudo um pouco colorido.

Era isso que eu queria ver.

A vista é exatamente como eu me lembro e cada detalhe parece uma pintura apaixonada de um artista exagerado.

Quero fazer isso muitas outras vezes, mas sem pressa, claro. Eu já cheguei onde eu devia estar, não há outro lugar para onde eu queira realmente ir.

Então é esse o sentimento de se encontrar com o destino?

Bem, talvez seja. Está ok se eu ainda não tiver chegado lá, o caminho é incrível e a vista é de tirar o fôlego.

Viver desses pequenos momentos é o suficiente pra mim.

Alguns minutos se passam e eu resolvo deitar a minha cabeça nos meus joelhos.

Tão cansada.

Tão feliz.

Tão em paz.

Quando eu já não consigo mais manter meus olhos abertos, me entrego ao sono sabendo que estou segura no meu lugar no mundo: entre os meus melhores amigos.