Capítulo 51

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Zeeryn.

Eu sentia tanta dor que não consigo nem mesmo descrever.

Judy saiu.
Azriel e Eodan estavam se preparando para a tortura.

Eu sei que o que eu fiz causou muita dor a Emily, mas era necessário para que Cethry pagasse o que fez com minha mãe.

Ela era a mulher da minha vida.
Pode parecer estranho dizer isso da própria mãe, mas ela era a mulher da minha vida, ela era a única para mim.

A única mulher que me amou de verdade, a única que esteve comigo em todas as horas, a única que me amparou quando eu mais precisei.

Eu ainda me lembro de noites em que ela ficou acordada, cuidando de mim quando eu ficava doente, me consolando quando eu tinha algum pesadelo, se preocupando quando eu ia à festas e me desejando a benção dA Mãe.

Por pura incompetência de uma mulher qualquer.

Eodan me machucava sem dó nem piedade, eu realmente merecia, mas se fizer justiça à minha mãe, vale a pena.

Azriel ? Azriel não pega leve, mas ele é lento, é agonizante que eu não consiga morrer logo, é agonizante que ele fique retardando isso aí máximo que conseguir.

Eu realmente não aguento a dor, eu grito e sei que mereço por tirar a vida de uma inocente.

Mais de uma hora depois, consigo sentir a sonolência chegando, sei o que me espera.

Faço uma oração silenciosa para a Mãe.
" Mãe, eu sei que não deveria estar falando com você agora.
Sei que você nem deve querer me ouvir, mas peço perdão por Emily.
Sei que ela não tinha nada a ver com tudo isso.
Peço que diga a minha mãe que eu a amo, sei que minha hora está chegando.
Diga à Judy, que eu estava louco, mas que peço perdão para ela também."

Com isso, meus olhos se fecham sem que eu tenha controle, ainda estou consciente, mas não consigo abrir os olhos.

Escuto Azriel guardando as coisas e Eodan reclamando que eu morri rápido de mais.

Meus sentidos me abandonam, restando apenas meus pensamentos.
Era apenas isso ?
Minha existência teve a função de apenas causar dor à qualquer um ?

A morte é quente.
Consigo me sentir quente, meu sangue, meu corpo, minha mente.

Judy

Eu ouvia atentamente.
Minha ligação com a Mãe fez com que eu ouvisse a voz de Zeeryn em minha cabeça.
A oração dele parece ter sido atendida.
Falar com a Mãe é algo que nunca aconteceu, mas ouvir os mortos, seja consciente ou dormindo, já estava se tornando normal para mim.

Quando a voz dele silencia, ouço outra voz.
— Eu sei que você sofreu muito, mas tenho certeza de que você pode perdoar ele ?

Não era a Mãe que falava comigo, era Feyre, minha mãe.
— Quando a senhora entrou na mente dele ?
— Quando soube que seria torturado.

Rowlan apenas escutava atentamente, quieto, ao meu lado.
— É difícil, a senhora sabe.
Ela acena.
— Eu sei, e não é algo que eu gostaria de pedir. Mas não quero que ele morra sem o perdão.

Eu sei o quão sensível com a morte minha mãe era.
"Eu gostaria que alguém segurasse minha mão enquanto eu morresse e um pouco depois disso."
Palavras dela quando humana.

Eu realmente não guardo rancor, mas eu simplesmente não conseguia perdoar, não aquele macho.
— Talvez um dia mãe, mas hoje eu não consigo.

Ela apenas acenou em compreensão e saiu.
Ela não me pressionaria e eu apenas agradecia.

Rowlan me olhava, ele apenas me olhava.
Fomos para Velaris novamente.

Entre mundos - primeiro volume - Triologia Entre MundosWhere stories live. Discover now