Entre mundos - primeiro volume - Triologia Entre Mundos

Capítulo 28

Judy

A experiência havia sido estranha, mas não foi ruim.
Me senti insegura, mas consegui contar o que aconteceu no passado.

Talvez deixar que ele tocasse minhas asas tenha aliviado um pouco o medo de relembrar o que aconteceu.

Em sonhos, a lembrança estava clara como água.
O vento batendo no meu rosto, a sensação de liberdade.
Depois: a dor, o medo, a queda e o desespero de pensar que nunca mais voaria novamente.
E no meio dessa lembrança, Rowlan aparece.
— Céus... temos que cuidar desse machucado.
Ele parecia desesperado, preocupado e enfurecido.
— Judy, vai ficar tudo bem. Eu estou aqui. Vai dar tudo certo.
A noite se passou e eu me sentia tão leve, tão... bem!
De manhã, estávamos todos à mesa comendo.

Rowlan e Alan estavam sentados lado a lado, as diferenças eram nítidas, mas as feições deixavam bem claro que são gêmeos.
Os olhos verdes de Alan se viram para Tefhy e seu rosto assume uma expressão serena e radiante.
Aí tem coisa, com certeza.

Rowlan olhava de um lado para o outro prestando atenção na conversa.
Continuo comendo meu café da manhã.

Rowlan

Judy estava muito bonita naquela manhã.
Era um esforço não olhar para ela.

Ela estava - mais uma vez - com duas tranças.
Ela parece um pouco com uma adolescente, não deixando de ser séria.

O rosto que está sempre sem maquiagem está sério enquanto presta atenção na conversa que temos à mesa.

Ontem foi uma experiência diferente.
Durante os momentos acordados, a sensação de passar a mão nas asas dela vinha em minha mente.

A beleza das asas dela sempre me deixa extasiado, a visão dela com as asas a mostra faz eu me perder em pensamentos.

Depois do café da manhã, saímos na rua.
Velaris é enorme !

Há montanhas que me lembram de Terrasen.
Em três horas nós vimos os teatros, as praças, algumas lojas de jóias e um quarteirão onde todos fazem algum tipo de arte.
Descobri que Feyre tem uma loja de pintura nesse quarteirão.
Tefhy contou que os quadros são lindos.

Estávamos todos numa avenida bem movimentada quando ouvimos uma criança dizendo:
— Mãe ?
Judy se vira e responde.
— Emily ? O que faz aqui ?
Neste momento, consigo sentir todo o sangue se esvair do meu rosto.

— Estou com Dylan, ele ainda não se acostumou e estou tentando fazer ele se acalmar.

Não consigo entender nada, ela tem uma filha ?
— Podemos ir comer um doce na sua casa ?

Dylan, o garoto com olhos de felino e garras nas mãos aparece atrás de Emily, parecendo realmente um gatinho assustado.
A garotinha de cabelos castanhos e olhos pretos olhava em expectativa para Judy.
— Olha, eu não sei quando vou para casa, e hoje começa a Celebração.
— Eu acho que não tem problema voltar Judy. – diz Alan.
Concordo com a cabeça.

Antes que ela pudesse responder, no céu, bem longe, um brilho branco chama atenção em minha visão periférica.
Olhei atentamente, parecia uma pessoa, aliás, três pessoas.

Judy olha também e sua expressão se abre em surpresa.
Ela sai voando sem aviso, o mais rápido que pode ao que parece.
Ela e outra figura se encontram e se chocam uma contra a outra.

As duas começam a cair sem se desgrudar.
Entro em pânico sem saber o que fazer, Tefhy sai voando em direção a elas e antes de chegar perto elas se desgrudam e voam lado a lado.

Tefhy e a outra figura trocam um aperto de mão em cumprimento.
Não posso entender nada que está acontecendo.
Emily olha para os três lá em cima e dá um sorriso, Dylan também.
Eu e Alan nos entreolhamos confusos esperando que eles descessem.