✧ XXXXIII ✧

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"— Rin... Ele acordou — A Uchiha sorriu, sem conseguir conter as lágrimas. "

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Por um instante, as pernas vacilaram e Rin jurou que iria desmaiar novamente. As mãos suavam e foi como se uma onda varresse com força imensurável toda a frustração que habitava em seu corpo, juntamente com o medo.

Poucos segundos antes tentava, de maneira completamente inútil, se preparar para o pior. Não era como se pudesse adivinhar, afinal, assim que o sentimento avassalador do medo e da preocupação a tomou, sequer prestou atenção ao mundo que estava ao redor, e isso incluía o final da ligação, na qual a Sra Uchiha diria que o motivo da voz chorosa era, na verdade, algo maravilhoso.

Ficou feliz por ela. Sabia o quanto a mulher já de idade estava se dedicando ao neto. Largara a vida que tinha em Suna e o que chamava de lar para sentar todos os dias em uma cadeira, por todo o decorrer do dia, apenas para torcer pelo melhor. Acordava cedo e fazia uma longa caminhada, para depois voltar para a casa temporária apenas quando já havia escurecido. Rin não negava, era um esforço dos grandes, como se a vida parasse de correr normalmente e girasse em torno de apenas uma coisa. Sem contar o constante aperto no peito e a incerteza, que davam a mesma sensação de ter a própria carne dilacerada. Obito era um pedaço de si, uma das partes mais importantes de sua vida, assim como era para Rin.

Não queria atrapalhar a cena. Sabia melhor do que ninguém o quão difícil foi chegar até o tão esperado momento, principalmente para as duas. Portanto, se não tivesse quaisquer noção ou se pudesse fazer a primeira coisa que lhe brotasse a cabeça, iria simplesmente ignorar tudo ao redor, inclusive as pessoas, e saltaria em cima do corpo de Obito. A saudade era tanta que doía, não poderia colocar em palavras o quanto queria ouvir que estava tudo bem, que a partir de agora daria tudo certo. Como pôde ser tão negativa a ponto de esperar o pior?

Sabia também que devia se segurar, pelo menos um pouco. Queria deixar a Sra Uchiha aproveitar aquele momento, mas como se não fosse de seu próprio controle, as pernas começaram a se mover, pareciam ter  vontade própria. Precisava do toque, da voz, do olhar. Precisava dele.

Finalmente, ao lado da cama, as pernas perderam a força. Caiu sobre os joelhos e sentiu, simultaneamente, algum peso a puxar para perto dele, ao mesmo tempo que um peso enorme era tirado de seus ombros. A timidez escolheu atingi-la justamente aquela hora, Rin aproximou graciosa e timidamente os dedos do corpo ainda deitado. Queria tanto falar, falar com ele.

— Meu amor... Eu estou tão feliz... Tão feliz... Você vai ficar bem, vai dar tudo certo. — Rin pôde ouvir a mulher ao seu lado sussurrar baixinho, se dirigia apenas a Obito, como se estivesse sozinha com ele. Rin, mesmo juntando todas suas forças, não poderia ter deixado de sorrir.

Pareceu uma tortura, ou uma das coisas mais difíceis que já teve de fazer, mas a Sra Uchiha se afastou do corpo do neto com um sorriso radiante. Foi até a bolsa que repousava sobre a poltrona e retirou da mesma um celular, não era um modelo atual, porém não era uma antiguidade. Rin, de primeira, não entendeu a atitude.

— Rin, vou avisar Mikoto. Você foi a primeira pessoa que me veio em mente, mas não tem noção de como Mikoto estava preocupada. — explicou-se, pensando que deveria dar satisfação e que sair de perto de Obito no momento fosse algo horrível.

Rin tentou, mas nenhuma palavra saiu. Apenas concordou com a cabeça, se lembrando de como Obito e Mikoto eram próximos. Também se sentiu especial ao ser a primeira a receber a maravilhosa ligação, que provavelmente veio de dentro do quarto do hospital e quebrou uma regra ou duas.

Percebeu que estava sozinha no quarto com ele. Obito não falava nada e aparentava cansaço extremo, como se, mesmo dormindo por um mês, estivesse precisando de umas boas horas de sono. O coma deve ter exigido muito de seu corpo. O cabelo escuro parecia um tantinho maior, enquanto os olhos carregavam um par de olheiras, porém as mesmas não eram gritantes. O corpo estava mais magro, deveria ter perdido alguns quilos, fazendo assim as bochechas parecerem menos fofinhas, mas nada que impedisse a vontade de Rin de aperta-las e enche-las de beijos.

Obirin -✧ O Que Sinto Por Você ✧Where stories live. Discover now