Yin Yang

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    - O que eles estavam fazendo aqui?
    - Já voltou mal humorado, maninho?
    - Eu só não quero influência daqueles idiotas para minhas sobrinhas e meu afilhado.
    - Eu tenho dó da Gina ter que te aguentar… - Olhei para o lado e Sirius estava rindo.
    - Vocês não conseguem passar muito tempo sem brigar, não é?
    - Difícil com o Harry como meu irmão.
    - Você está falando estranho, o que aconteceu?
    - Folha de mandrágora.
    - Para quê isso?
    - Estou ajudando a Marie a virar um animago.
    - Falando nisso, você tem que regularizar Sirius.
    - Para quê?
    - Para ser um animago legal?
    - Desde quando você liga para as leis, Harry?
    - Eu sou auror, não?
    - Frescura, isso sim. Você veio para encher o saco ou o quê?
    - Desculpa… Mal voltei da lua de mel e o departamento está cheio de problemas. Para piorar, parece que roubaram o corpo de Grindelwald.
    - É sério? - Perguntei com vontade de rir de tão nervosa, mas continuei sem expressão.
    - Eles estavam querendo te chamar para verificar e tentar descobrir a localização.
    - Por quê? Vocês estão muito estressados, deixem o morto em paz.
    - Se fosse por você, deixava tudo em paz e o caos reinaria, não é?
    - O caos precede a ordem, não é?
    - Por isso nós sempre brigamos! - Ele revirou os olhos. - Cadê meu afilhado? Minhas sobrinhas?
    - As gêmeas estão dormindo e Régulo deve estar cuidando das flores, ele ama flores.
    - Eu vou visitar meu pai, com licença…
    Aparatei na minha antiga casa, estranhamente estava desorganizada. Olhei para o sofá, lá estava Severo dormindo com um livro em seu colo e sangue saindo do seu nariz. Subi até o banheiro, pegando um pouco de papel, descendo novamente até ele. Cutuquei-o levemente, logo seus olhos se abriram em susto e depois aceitou o papel que eu oferecia. Pelo jeito, ainda estava mal de saúde desde o envenenamento.
    -Obrigado, filha. - Sorriu sem mostrar os dentes, bem discreto. - O que está fazendo aqui?
    - Te visitando, não é óbvio? Queria ver como o senhor estava.
    - Estou o melhor que eu posso, pelo menos estou vivo. Como estão os pequenos?
    - As gêmeas são um pouco diferentes uma da outra, é até engraçado. Régulo está transformando a janela do quarto em um jardim, não aprendeu a ler ainda, mas magia e flores sabe muito bem como lidar.
    - Então eu já sei o que posso dar de presente de aniversário para ele, fica bem mais fácil. - Ele me olhou de lado, analisando-me, você não está grávida, não é?
    - Quê? Pai, acabei de ter as gêmeas!
    - Bom mesmo, senão eu ia cortar a garganta daquele cachorro. Pode demorar um pouco mais para os próximos, está bem?
    - Nem sei se vão ter… eu tenho medo, vida dentro de uma bruxa relacionada a morte? Deu tudo certo com a primeira gestação, a segunda foi mais complicada.
    - Você tem que parar de se achar amaldiçoada pelo seu dom, irá dar tudo certo, mas pode esperar.








    Um barulho e sentimento ruim me fez acordar, meu sono estava cada vez mais leve. Percebi então que o som não vinha das crianças e, sim, de Sirius. Ele estava soluçando e se debatendo, enquanto dormia, devia estar tendo um pesadelo. Sentei-me e passei a mão em seus cabelos, tentando tranquilizá-lo, torcendo para que ele acordasse. Tentei usar nosso elo, me concentrando para expandir uma tranquilidade para ele. Seus olhos estalaram e sua respiração estava acelerada, segurei seu rosto, acariciando-o.
    - Pesadelo… - Disse engolindo em seco , encostando a cabeça em meu colo.
    - Eu estou aqui, não precisa se preocupar… - Passava a mão em seus cabelos para acalmá-lo.
    - Foi horrível.
    - Quer me contar?
    - Tinha dementadores, como em Azkaban, mas Walburga estava lá também e…
    - Sua mãe? - Ele assentiu, apreensivo.
    - Ela não era exatamente o que descrevem como mãe, principalmente para mim. - Segurei uma de suas mãos, tentando encorajá-lo a desabafar. - Walburga me castigava, muitas vezes eu impedia ela de castigar Régulo e deixava descontar apenas em mim.
    - Ela te batia ou..?
    - Batia, lançava maldições e algumas vezes, lançou a maldição cruciatus em mim também. - Seus olhos estavam cheios de lágrimas, parecia estar lembrando tudo o que aconteceu na infância e adolescência.
    - Isso é um absurdo, lançar cruciatus no próprio filho? Você contou a alguém isso?
    - Não, eu tenho vergonha dos meus pais e de nunca ter tentando impedi-los, me sinto um fraco.
    - Fraco? De onde Sirius? Suportar sua família, passar doze anos em Azkaban injustamente, ver seus amigos morrerem na guerra… quem aguentaria tudo isso?
    - Eu deixei meu irmão morrer, Marie. - Enxugava suas lágrimas, enquanto lutava com as minhas, me doía vê-lo assim. - Se eu tivesse levado Régulo comigo, talvez não teria se tornado um comensal, não teria morrido.
    - Infelizmente, era o destino dele, meu amor. Nada que você fizesse ia mudá-lo, não foi isso que você me falou repetidamente?
    - E se eu estava errado..? Eu era o irmão mais velho, eu tinha que ter cuidado dele. Se fosse para cumprir pena naquele lugar, eu deveria ter matado meus pais, então.
    - Sirius, você nunca conseguiria fazer algo desse tipo.
    - Eu sou tão covarde assim?
    - Exatamente ao contrário, seu coração é muito nobre, nunca iria conseguir assassinar alguém a sangue frio.
    - Como pode saber?
    - Eu te conheço de olhos fechados, Sirius. Eu sei o tipo de homem que eu me apaixonei e me apaixono novamente todos os dias. - Joguei meu cabelo para trás, dando tempo para uma respiração profunda, desfazendo o choro. - Ao mesmo tempo que somos tão parecidos, eu não tenho algumas das suas mais belas qualidades que eu amo.
    - Somos um Yin Yang.
    - Praticamente, Almofadinhas. - Ele riu baixo, ainda com as lágrimas escorrendo.
    - Será que nós somos parecidos pela personalidade ou por quão ferrada nossa cabeça é?
    - Pensando seriamente, acho que são as duas opções. - Falei rindo e dei um selo em seus lábios. - Tomara que nossos filhos não puxem a segunda opção.
    - Nem me fale, por mim eu os guardava e não deixava nada e nem ninguém fazê-los sofrer. Eu quero ser o melhor pai possível, morro de medo de ser igual aos meus pais, tanto que antes estava decidido em deixar acabar o nome Black comigo.
    - E agora está querendo um time de quadribol?
    - Eu não esperava me apaixonar, eu sempre fui o durão, que não se apaixonava fácil, então era perfeito o plano. - Suspirou profundamente, então olhou nos meus olhos. - Sua destruidora de planos mais linda do mundo.
    - Vou levar como um elogio.
    - É um elogio, raposinha.
    - Está melhor agora?
    - Bem melhor, mas… você pode me abraçar para eu dormir. - Disse mordendo os lábios e eu deitei-me novamente, virei-o para abraçá-lo.
    - Assim? - Ele balançou a cabeça.
    - Eu me sinto tão seguro assim...
    Logo adormeceu de cansaço e eu o acompanhei. Achava tão fofo ele gostar de dormir de conchinha, mas sendo a concha menor. Podia sentir seu cheiro, que me tranquilizava tanto.




Desculpa a demora, minha cabeça estava lá no vestibular kkkkrindo de nervoso
Espero que gostem do capítulo ❤️

Diário de uma PP: Potter PerdidaWhere stories live. Discover now