— Encontre seu caminho de volta, Nestha. E use o que você roubou para recuperar o que lhe foi tomado.

— Como eu faço isso?

— Você tem duas escolhas, Nestha Archeron.. Deixar que os sussurros da Morte te consumam.. ou consumir a Morte com seus Sussurros.

Nestha engoliu em seco quando cruzou o pátio do salão da casa dos ventos, subindo as escadas em direção ao telhado da residência silenciosa demais depois de toda a confusão que se alastrou ali tempos depois que tudo estava resolvido. Depois que tudo estava morto. Entretanto ela parou seus passos diante de uma das janelas abertas do lugar, deixando que a brisa fria batesse em seu rosto quando sua mente falhou.

Involuntariamente seus pensamentos foram levados até o campo de batalha, até as malditas sensações que ainda atormentavam sua mente junto com os fantasmas do passado. O ruído dos ossos sendo partidos, a sensação agonizante de poder sentir — poder ouvir — a vida sendo esvaida de cada soldado no campo de batalha. Ela ainda se recordava do ruído da respiração dele em sua mente, do sussurro baixo de sua alma dentro de seus pensamentos; de como ela sabia que ele estava morrendo.

A coisa brilhante e raivosa rosnou dentro dela, sibilando ao redor das grades da gaiola prateada que Amren a ensinou a construir para manter aquilo sob controle. Nestha segurou o parapeito baixo de pedra da lua polida, sentindo a superfície fria sobre a palma enquanto levou a outra mão ao peito, apertando o local que pareceu queimar abaixo de sua mão. A sensação de dor a fez fechar os olhos apertado para manter-se no controle. Aquela.. essa coisa estava cada vez mais forte, mais sedenta e próxima de tomar o controle, e Nestha sentia-se prestes a ceder.

Ela o sentiu antes mesmo que ele estivesse próximo, antes que ele pudesse cruzar a curva do corredor onde ela estava, ainda assim ela não fez muito para disfarçar seu estado além de respirar e soltar o ar e abaixar a mão de seu peito.

Cassian se inclinou sobre a murada oposta do corredor, se apoiando no peitoril baixo com os braços para trás sobre a pedra e deixou os pés um sobre o outro. Seu olhar desceu sobre a fêmea a frente, ainda de costas para ele. O vestido vermelho vinho, longo e com mangas que iam até seus pulsos, o cabelo em mechas castanhas douradas presos em uma trança que se prendia em um outro penteado que deixava seu pescoço longo e bonito a mostra. O General precisou trincar os dentes para impedir o impulso de seu corpo em prender sua boca contra a pele branca e cremosa, e morde-la, marca-la.

Não seria de todo ruim, tentar a morte com tal ato se ele pudesse sentir o gosto dela mais uma maldita vez. Embora ele não estive buscando por uma briga com a fêmea, irrita-la era uma garantia de que ela não estaria indo abaixo, então ele o faria se isso a mantivesse.

— O que diabos você ainda está fazendo aí? — ele ouviu a voz da fêmea cortar o espaço entre eles, mesmo que ela ainda não houvesse se virado para encara-lo.

— Admirando a vista.. — ele diz, e Nestha quase consegue ouvir o sorriso na voz do macho, ela pode sentir os olhos dele sobre ela e de uma forma completamente contraditória, a sensação a aquece e parece acalmar a fera dentro dela.

Ela odiava isso. Ela odiava que Cassian pudesse ter essa capacidade, quando ela própria não sabia o que fazer.

— Como se essa não fosse a mesma vista que você teve nos últimos.. 500 anos talvez? — questionou, sentindo o tom de voz ácido contra ele em cada palavra.

Cassian bufou uma risada quando apoiou o quadril na murada oposta, erguendo as mãos a frente e apertando a palma esquerda, onde um curativo estava enrolado sobre o corte que estava ali. A porcaria do veneno do Herdeiro era ainda pior que qualquer outro que Hybern havia criado, mesmo que a baixinha tenha usado seu Poder para desfazer maior parte da ação que o teria levado a morte, a recuperação dele especialmente estava sendo mais demorada que Cassian gostaria.

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