KJ 7

794 100 64
                                    

Tem um celular tocando insistentemente. Tento cobrir meus ouvidos, mas ele não para. Bufo irritada e passo a mão no criado, mas o celular não está aqui.

- Céus, Jisoo, atenda esse telefone. - Chaeng diz irritada. Espere, Chaeyoung? Oh, não, não, não. O celular volta a tocar e sinto ele ser jogado em minha barriga.

- Hostil. - rio baixinho e atendo sem ver quem era - Kim.

- Eu te acordei? - a voz suave e clara de Jennie ecoa pelo telefone, me fazendo engasgar. Que timing desgraçado é esse?

- Em que posso te ajudar, senhorita Kim? - tento soar o mais firme possível, mesmo que meu coração pareça que vai sair pela boca.

- Jisoo, não me trate assim - ela diz, mas não sei o que responder enquanto vejo Chaeng se espreguiçar na minha frente - Certo, duas coisas. A primeira é se você sabe onde Chaengie está? Ela e Lisa brigaram muito feio.

- Você quer saber onde está Chaeng porque ela e Lisa brigaram? - digo as palavras devagar e Chae se vira para me olhar com os olhos arregalados.

- Sim, exatamente. Lisa ficou aqui reclamando ao invés de reclamar com você que é melhor amiga dela. - consigo imaginar ela revirando os olhos ao dizer isso - Enquanto minha melhor amiga sumiu.

- Chaeyoung está no meu apartamento. - pigarreio e me levanto. - Nós nos encontramos em um bar ontem e na hora de vir embora, aconselhei ela a dormir aqui para não correr riscos.

- Isso era algo que eu não esperava. - Jennie está pensativa. Bem, muitas coisas que ela não esperava aconteceram. - E há outra coisa também.

- O que? - minha pergunta não foi para Jennie, foi para Chaeng que está parada na minha frente, só de calcinha e minha blusa. Meu olhar dança por todo seu corpo e suspiro. Onde eu me meti?

- Eu deveria ir embora, certo? - Chaeng morde a boca e se aproxima mais de mim.

- É uma boa ideia, considerando tudo que está acontecendo. - tento dizer baixinho.

- Por que algo me diz que você está relutante?

- Porque você está assim, na minha frente, enquanto sua melhor amiga está no telefone comigo!

- Jisoo? - ouço a voz de Jennie e engulo em seco - Está acontecendo algo?

- Não é nada com que você precise se preocupar, Jennie. - digo ao observar Chaeng se trocar, mas ela apenas veste minha blusa.

- Vou levar isso - ela aponta para a blusa e aproxima a boca da minha orelha - Você me deve um café da manhã e minha melhor amiga é estúpida de ter te deixado. Acho que agora ela vai te querer de volta. - ela sussurra e eu fecho os olhos ao sentir os dentes dela em minha orelha.

- Por, Deus, eu estou perdida. - digo baixinho e ela ri. 

- Jisoo, qual sua resposta? - a voz de Jennie me desperta novamente. 

- Sobre o que? - esfrego minha têmpora. 

- Nós precisamos conversar, eu posso ir até você e... - minha mente está em pânico agora, Jennie não pode vir aqui, se por algum acaso ela entrar no meu quarto, tenho certeza que ela vai sentir o perfume de Chaeng. Espere, por que estou me preocupando? Foi ela que desistiu de nós. 

- Não, vamos nos encontrar em um café ou restaurante. - a corto rapidamente. 

- Por que? - o tom dela é magoado - Nossa conversa é muito séria para ser em um lugar público, considerando que seu pai sempre coloca alguém para te vigiar e...

- Certo, Jennie, certo. Estarei em sua casa em pouco tempo. - desligo sem esperar pela resposta dela e me deito na cama. Eu estou tão ferrada. 


***


- Oi. - o sorriso de Jennie some assim que ela me observa da cabeça aos pés e fico confusa. Enquanto a sigo para dentro de seu apartamento, abro a câmera frontal do celular e vejo que há um pequeno roxo bem na base do meu pescoço. Por que estou me sentindo culpada se nem estamos juntas? 

- Sobre o que quer conversar? - me sento em uma poltrona de frente a ela, que se senta no sofá. Acho que ela esperava que eu me sentasse ao lado dela. 

- Você não foi na empresa buscar suas coisas. - ela diz sem olhar para mim. 

- Você me chamou aqui para isso? Pode jogar minhas coisas fora ou doar, não sei, eu não ligo. Era só isso?

- Não, mas acho que pela marca no seu pescoço, nada que eu diga mudará alguma coisa. - ela volta a me encarar e dá pra ver o quão irritada ela está. 

- O que quer que eu diga? - dou um sorriso irônico - Jennie, me desculpe por ter desistido de você, sendo que tudo em que você conseguia acreditar era que eu iria te trair? Desculpe por não ter ficar atrás de você igual um cão sem dono em busca do mínimo de atenção e carinho? Desculpe, por depois de quase um mês me afundando em trabalho, eu resolvi sair para beber e acabei cedendo aos meus impulsos físicos? É isso que você quer ouvir? Porque eu posso te dizer, mas não vai ser sincero. - me levanto.

- Eu conheço? - ela arqueia a sobrancelha, mas seus olhos estão ficando vermelhos. 

- Sim, mas isso não é mais do seu interesse, Jennie. Deixou de ser no momento em que terminamos. 

- Nós nem chegamos a terminar, Jisoo. - ela se levanta e fica parada na minha frente. 

- Pare de mentir, eu sei muito bem que para você tudo também estava acabado. Todo mundo comentou comigo que você não estava nem aí, então pare de fingir. Você só está com o ego ferido porque eu não fiquei atrás de você. - balanço a cabeça enquanto a observo chorar. - Foi um erro ter vindo aqui.

- Nós fomos um erro? - ela diz com a voz embargada e eu realmente queria abraça-la agora. 

- Não sei, Jennie, para mim não foi. Os dias em toda a minha vida, que eu fui verdadeiramente feliz, foi quando estávamos juntas, mas se para você, tudo que você sentia era medo e paranoia, então nós fomos um erro. Sinto muito que, algo que eu realmente gostei de ter vivido, tenha sido torturante para você. 

- Jisoo... - ela diz com a voz baixinha e as lágrimas continuam caindo. 

- De qualquer maneira, acho que deveria me desculpar se fui cega e não percebi suas inseguranças, se não me esforcei o suficiente para te dar segurança e confiança. - olho para a sacada e respiro fundo - Mas, sinceramente, nada que eu tivesse feito ou deixado de fazer mudaria sua mente e seu coração. Parte de mim fica triste, que não éramos para ser, que não fomos feitas para ficarmos juntas. Eu tinha certeza que você era minha alma gêmea. - me aproximo dela e a abraço com força, sentindo as lágrimas molhando meu pescoço - Parte de mim fica feliz, agora você está livre para encontrar alguém que você realmente ame e você sinta que pertence a essa pessoa, sem medos ou inseguranças. Espero que encontre a pessoa que curará seus medos e te fará feliz como você merece, porque você merece ser muito feliz, Jennie. - dou um beijo na bochecha dela antes de me afastar e ir embora. 

Messing UpDove le storie prendono vita. Scoprilo ora