Parte 1 | Capítulo 7: Marcus

181 33 30
                                    

— Uma semana longe e eu já estava morrendo de saudade — disse o abraçando forte. 

— Eu também! — ele respondeu falando em meu ouvido. Seu cheiro entrou em minhas narinas, eu amava o cheiro do Cássio. — Me desculpe por ter pirado.

— Desculpado — respondi já ignorando os dias de agonia que passei quando ele pediu um tempo. — Mas me conte o que aconteceu. 

— Você não quer entrar? — ele sugeriu ao me soltar do abraço — Podemos conversar bem baixinho em meu quarto, melhor que ficar aqui fora.

— Entrar como? 

— Vamos para o meu quarto — ele sugeriu. — Podemos conversar lá, desde que seja baixinho. Podemos até transar se você prometer não fazer muito barulho. Meus pais têm um sono muito pesado. 

— É muito arriscado — falei inseguro –, mas topo correr esse risco.

Entramos na ponta dos pés dentro da casa. Eu estava com tanto medo de ser pego no flagra, que evitei respirar até ficar seguro dentro do quarto dele.

Conversamos baixinho, ele me contou tudo o que aconteceu nos últimos dias e toda a confusão mental pelo qual passou. 

— Percebi que lutar contra o que sinto por você é dar murro em ponta de faca— ele disse deitado na cama. — Meus pais podem não aceitar nosso namoro,mas acho que a única diferença será que não poderei sair à noite durante a semana para te ver. Meu pai estará no meu pé e vai desconfiar que estou com você. Mas ele nunca vai imaginar que trouxe você para debaixo do nariz dele.

Fiquei na casa de Cássio até as cinco da manhã. Transamos sem fazer barulho, conversamos baixinho e depois fui embora antes que Hélio e Irene acordassem. 

No dia seguinte contei aos meus amigos que Cássio e eu voltamos. Quase todos eles gostaram de saber que meu namorado decidira manter nosso relacionamento, mesmo após os pais terem uma péssima reação ao nos descobrirem. Exceto um. Quando contei ao Marcel como estava meu namoro com Cássio, tivemos uma conversa um pouco desagradável.

Meu amigo me convidou para jantar na casa dele, pensando que eu ainda estava triste por causa do tempo que demos. Marcel não queria me deixar sozinho em casa num domingo à noite. Sérgio, o marido dele, preparou um jantar para nós três.

— Oi — eu disse animado, dando um abraço e um beijo no rosto de Marcel,assim que ele abriu a porta de seu apartamento.

— Oi — ele respondeu desconfiado. — Você está mais feliz. Entre! 

— Sim, estou. — Entrei no apartamento, sentei-me em uma poltrona e ele no sofá de frente para mim.

— Não vai me dizer que você e o Cássio voltaram? — perguntou desconfiado. 

— Sim — respondi sorrindo. 

— Não acredito que você fez isso! — Ele baixou a cabeça, desanimado. 

— Por quê? — perguntei estranhando a reação negativa dele.

— Amigo — disse em um tom aconselhador —, eu sei que o namoro entre vocês está fadado ao fim. Você acha que pode ter um relacionamento saudável com aquele menino?

— Claro que tenho — respondi na defensiva, um pouco irritado. 

— Não se engane Marcus — ele falou com um ar de superioridade que me irritou. — Ele não serve para você. Ele é inconstante e mimado, ou você não se lembra daquele escândalo por causa do bichinho de pelúcia?

A Pílula (versão 2.0)Where stories live. Discover now