Parte 1 | Capítulo 3: Marcus

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Acordei às 19h30, enviei uma mensagem para Cássio avisando que tomaria um banho e iria para casa dele. Meia hora depois já estava passando pela sala, minha mãe e o namorado estavam assistindo à televisão. 

— Dona Anabel, estou indo à casa do Cássio — disse indo até ela e dando um beijo em seu rosto. — Vamos comemorar um ano de namoro.

— Isso tudo? — perguntou assustada. — Parece que foi ontem que conhece ele. 

— Sim, o tempo voa — Respondi sorrindo. 

— Que lindo! Dê um beijo no meu genro por mim — ela pediu.

— Dou sim! — virei-me para o namorado dela e disse. — Tchau Cléver.

— Tchau, rapaz. Boa noite! — respondeu com um aceno.

Entrei em meu carro e fui para casa de Cássio. 

Minha mãe e eu nos damos muito bem, me assumi para ela desde que meu pai morrera num acidente de carro. Quando ficamos apenas nós dois eu decidi que era o momento para assumir, não sei se foi precipitado, mas queria ser sincero com ela, eu tinha dezenove anos na época. A princípio foi um choque,mas não demorou muito para me aceitar. E quando engatei um relacionamento sério com Cássio ela ficou muito feliz e satisfeita em saber que sosseguei. 

Meu relacionamento com ela era excelente. Vivíamos juntos e muito bem.Ela era minha confidente e melhor amiga. Sabia de quase todos os meus casos,sem os detalhes sórdidos, e eu a aconselhava em sua vida amorosa. Sempre a ajudava a escolher uma roupa para sair em um encontro e dava conselhos.

Entretanto agora tudo mudaria, porque ela e Cléver estavam pensando em se mudar juntos para o interior de Minas Gerais. Ele seria transferido para uma filial da empresa que trabalhava na cidade de Patos de Minas e minha mãe largaria o emprego para ir com ele. Eu não sairia de Campinas, porque estava muito satisfeito com minha vida aqui.

Enquanto dirigia rumo à casa de Cássio, olhei para uns dadinhos verdes pendurados em meu retrovisor e me lembrei com carinho que fazia um ano que eu os tinha.

****

Duas semanas após tê-lo visto na boate, em um sábado de manhã, saí com minha mãe para o centro da cidade. Ela precisava fazer algumas compras e como tem medo de dirigir, tive que levá-la. Eu estava de ressaca, tinha bebido todas na noite anterior e definitivamente não estava com humor nenhum. Dona Anabel falava sem parar e eu simplesmente não absorvia nada, estava apenas pensando na minha cama, tinha passado apenas duas horinhas deitado nela.Seguimos para uma loja infantil onde minha mãe compraria algum presente de aniversário para uma afilhada dela, que estava fazendo dois anos naquele dia. 

Estava impaciente com a indecisão dela em escolher um presente, então disse que iria para a lanchonete do outro lado da rua.

— Eu vou demorar, você pode comer sem pressa. — Fechei a cara e ela completou em um tom de quem conversa com criança. — Calma, bebê! Eu tô brincando — disse sorrindo e apertando a minha bochecha. — Ligo no seu celular e a gente se encontra bem aqui. 

Eu estava morrendo de fome, atravessei a rua e quando entrei na lanchonete,tinham uns cinco caras, todos bêbados, que pareciam ter saído de uma balada e estavam lá comendo. Falavam alto em meio a muitas risadas. Eu não estava a fi m de ficar ouvindo bêbado berrando logo pela manhã, então decidi sair de lá. Dei uma olhada mais atenta nos caras e lá estava ele, no meio dos amigos,tomando um suco de laranja, conversando e rindo. O cara da caipirinha. 

A Pílula (versão 2.0)Where stories live. Discover now