Parte 2 | Capítulo 20: Marcus

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— Estou muito a fim — eu disse um pouco desconcertado. 

— Ótimo — Raphael respondeu com um sorriso, dando um passo para entrar em casa. 

— Espera! — Bloqueei sua entrada com meu braço. 

— O que foi? — Ele olhou para dentro do apartamento e viu que tinha outra pessoa lá dentro. 

— Achou no aplicativo? — Virou as costas e foi em direção ao elevador. 

— Raphael, espere! — Fechei a porta e fui atrás dele pelo corredor. — Não é isso. 

— Tudo bem — ele disse calmamente enquanto apertava o botão do elevador. — Não temos nada e eu não avisei. Só me sinto um pouco idiota por pensar que poderíamos ter algo sério. 

— E podemos. Eu quero! — falei olhando em seus olhos. 

— Não dessa forma — ele disse fazendo um não com a cabeça. — Não gosto de relacionamento aberto e a gente acabou de se conhecer. Relaxa, volta para o carinha lá. 

— Calma — eu pedi tranquilamente. O elevador chegou e Raphael entrou nele, eu segurei a porta para que ele não descesse. — O cara que está aqui é o meu ex-namorado, já te falei dele, o Cássio. 

— Fazendo um flashback com ele? — ele perguntou dentro do elevador de braços cruzados. 

— Não — respondi como se a ideia de um flashback com Cássio fosse ridícula. — Estamos conversando e estou me livrando dos meus sentimentos por ele. O cara apareceu de surpresa, não esperava a visita, não nos vemos há mais de um ano, de repente ele aparece e fala que não é mais gay. 

— Como assim? — Raphael perguntou confuso. 

— Sabe aquela pílula GHX-100 que promete acabar com a homossexualidade? 

— Nos Estados Unidos, que começou ha pouco tempo, sei sim, que alguns chamam de antiqueer? — ele perguntou se escorando na parede do elevador. 

— Isso mesmo! — falei com um aceno. — Cássio tomou e não é mais gay. Ele está... — naquele momento o elevador começou a apitar, puxei Raphael para fora do elevador pelo braço. — ...me contando tudo o que aconteceu com ele nesse período que ficamos sem conversar.

— Curioso — Raphael respondeu aparentemente menos frustrado. 

— Para você ter noção, ele acabou de me contar que o irmão do namorado dele morreu espancado por ser gay. — Coloquei a mão sobre seu ombro. 

— Puxa vida! — exclamou chocado. 

— Nós precisamos conversar — expliquei com sinceridade. — Me entenda, por favor!

— Entendo — Raphael disse sorrindo. — Entendo sim. 

— Que bom! — exclamei aliviado. Lhe dei um beijo no corredor mesmo. Apertei o botão do elevador e nos beijamos até o momento em que ele parou em meu andar.

— Boa conversa! — Raphael disse sorrindo ao entrar no elevador. 

— Obrigado! — acenei com a mão. 

— Te ligo amanhã quando acordar! O elevador desceu. Voltei ao quarto e Cássio estava deitado em minha cama olhando para o teto. 

— Quem era? — ele perguntou curioso. 

— O cara que estou ficando — respondi não conseguindo segurar um sorriso — Raphael o nome dele. O primeiro que eu gostei de ficar desde que terminei com você.

A Pílula (versão 2.0)Where stories live. Discover now