Parte 1 | Capítulo 5: Marcus

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Fiquei em choque, Cássio se afastou de mim e se cobriu com as mãos. Ele parecia aterrorizado, coitado. 

— MAS O QUE É ISSO? — Hélio, o pai de Cássio, gritou. 

Estava morrendo de vergonha. Fiquei totalmente sem ação, sentado em cima da mesa, de costas para os dois, sem saber o que falar. Apenas olhava para Cássio que olhava desesperado para os pais. 

— É... — Cássio murmurou, mas fechou a boca no mesmo instante. 

— VOCÊ SAIA DE CIMA DA MINHA MESA! — Ouvi o pai de Cássio gritando. No mesmo instante pulei da mesa, muito envergonhado. Sussurrei para Cássio.

— Mais tarde eu te ligo. — Saí da cozinha, cobrindo meu membro com as mãos. Passei por Hélio e Dona Irene de cabeça baixa, os dois se afastaram da porta quando me aproximei. Estava mortificado. Subi as escadas pegando meu pijama no chão, quando ouvi o pai de Cássio berrando. 

— VOCÊ VAI ME EXPLICAR QUE PORRA É ESSA! 

Pobre Cássio, que maneira horrível de ser descoberto pelos pais. Se eu estava tremendo, abalado, o imaginei mil vezes pior. Entrei no quarto dele, vesti-me o mais rápido que pude. Estava afobado, assustado e principalmente preocupado.Eu apoiaria Cássio em tudo que pudesse, pois também tinha responsabilidade no que tinha acontecido. 

Desci as escadas, passei em frente à cozinha, mas não ousei olhar para lá. Saí da casa, entrei em meu carro e dei partida.

Enquanto dirigia me dei conta de que toda a reputação positiva que tinha com os pais do Cássio tinha ruído em menos de um segundo. Não sei se teria coragem de encará-los, mas isso era o de menos. O que importava era como o meu namorado estava. O que ele estava sentindo. Tentava imaginar o que estava se passando com ele naquele momento. Quando cheguei a minha casa,coloquei o carro na garagem, fui para o meu quarto e mandei uma mensagem: "Amor, que situação chata foi essa! Espero que tudo dê certo. Uma pena isso acontecer dessa forma trágica na nossa comemoração de um ano. Te amo e conte com meu apoio. Me avise quando eu puder ligar! bjs"

Deitei-me em minha cama e imaginei Cássio ouvindo muita gritaria da parte do pai e muito choro por parte da mãe.Apesar de tudo o que aconteceria nos próximos dias, senti uma pontinha de alívio, pois nunca mais precisaríamos nos esconder. Quando a poeira baixasse,quando os pais dele o perdoassem, nós poderíamos ser um casal sem medo.Eu poderia jantar na casa dele como o namorado. Talvez até pudesse dormir lá. Seria ótimo. Obviamente não estava me esquecendo da tempestade que enfrentaríamos até que chegasse a bonança.

A vergonha por ter sido visto pelado pelos meus sogros permaneceria comigo por um longo tempo. Como também a negação do seu Hélio em relação ao único filho dele. Dona Irene aceitaria, tinha certeza, talvez estivesse muito chocada com o que tinha acabado de ver, mas logo apoiaria o fi lho.No fim das contas o acontecimento seria positivo. Eu já conseguia visualiza o nosso futuro tranquilo como um casal assumido para ambas as famílias.

As horas se passaram enquanto esperava algum sinal de vida vindo de Cássio. Fiquei deitado em minha cama, tentando me distrair, forçando ler um livro, assistir algo na televisão, mas nada me deixava tranquilo. Quando não aguentei mais esperar liguei para ele.

— Alô? — Cássio atendeu, ouvi sua voz triste do outro lado da linha. 

— Oi, meu lindo! Como você está? — perguntei preocupado. 

— Me sentindo uma merda! — ele respondeu. — Brigamos feio aqui em casa, meu pai vai fazer da minha vida um inferno. 

A voz dele partia meu coração, sentia que ele não estava nada bem, mas eu estava ali para ajudá-lo e seria isso que faria. 

A Pílula (versão 2.0)Where stories live. Discover now