O DIA DO MEU ENTERRO

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Depois de eu encher a paciência da Carolina ela falou com seus pais e eles permitiram que eu fosse assistir ao meu enterro que foi no cemitério dá Quarta Parada, alias acho que devia se chamar dá última parada, pelo menos na terra é. Havia mais ou menos umas cinquenta pessoas.

Minha família como não poderia deixar de ser estava muito triste, minha mãe obviamente era a que mais chorava depois meus irmãos.

Do lado dos amigos, Rosita estava inconsolável, junto dela a Sandra a Kátia, o Ramiro, o Joca, o Cipriano o Samuel, enfim, quase todos aqueles que estiveram na festa na minha casa e comigo na minha última noite de vivo, e mais um monte de gente que eu conhecia á muitos anos.

Fui me aproximando, ao meu lado Carolina.

E escutando algumas conversas entre parentes e amigos eu fiquei mais aliviado porque eles comentavam que eu devia estar contente porque tinha ido morar em definitivo com a Carolina, já que ela não iria vir mais para a terra.

Minha mãe não sabia disso, não sabia que a Carolina tinha recebido ordens para não voltar mais para terra, e que aquela noite que eu morri eu estava muito triste e quem contou isso para minha mãe foi o Ramiro, ele disse:

-Tenho certeza Dona Bile, que aquela noite ele fez o que ele fez por causa disso, ele já andava saindo fora daquela esquina, quase não parava mais lá. Aparecia de vez em quando.

Quando escutou isso eu senti que ela melhorou.

Então ela disse para o Ramiro que eu devia estar feliz mesmo porque do jeito que eu estava apegado á Carolina dificilmente eu iria ser feliz na terra sem ela, disse também que tinha certeza que de uma hora para outra eu e a Carolina iríamos aparecer.

Carolina escutando isso piscou pra mim, pegou a minha mão e me levou mais para frente.

Essa hora estavam todos no corredor esperando os coveiros descerem meu caixão.

Ficamos bem perto deles, de pé em cima de um túmulo que ficava de frente para a minha cova.

De repente Carolina se materializou, linda, maravilhosa, com um vestido branco e seus cabelos longos e loiros soltos, eu também estava todo de branco, eu ainda como não sabia fazer isso ela encostou a mão na minha cabeça e eu também apareci com a minha aura com uma cor branca intensa.

As pessoas deliraram de felicidade.

Olha! Olha! É o Eduardo e a Carolina!

Foi muita emoção, minha mãe abriu um sorriso lindo, meus irmãos e meus amigos exclamavam: fala ai Eduardo! Tudo bem irmão?

A Rosita com as duas mãos coladas no rosto sorria e chorava ao mesmo tempo, batendo com seu jeito gracioso e meio nervoso um de seus pés numero trinta e seis no chão.

Os coveiros admirados também sorriam, eu queria falar e não conseguia.

Carolina sabia disso, eu ainda tinha que evoluir muito para poder fazer isso, mas lendo meus pensamentos ela falou por mim com uma voz bem natural como se ainda estivesse viva.

Pessoal como vocês podem ver o Eduardo está muito bem, alias, nós dois estamos muito bem, viemos aqui para deixar vocês tranquilos, a morte como vocês podem ver mais uma vez não existe.

O Eduardo apenas mudou de lar e um dia todos vocês irão se juntar a ele e a mim e também a todos os seus parentes, no momento ele não pode falar porque isso requer tempo.

Mas mentalmente ele está me dizendo pra falar para a senhora dona Bile para não chorar mais, porque sempre que der ele vai visitar a senhora.

E aos irmãos e aos amigos ele está dizendo que está muito emocionado com a demonstração de amor e carinho que vocês estão dando não só a ele, mas também a sua família que está precisando muito nesse momento.

E ele manda um beijo muito especial para você Rosita e ele diz:

-Não chore por mim minha Rosita estarei sempre rezando por você e quando der eu vou a sua casa fazer uma visita.

Ela foi se agachando e se escorando em uma campa que ficava ao lado do tumulo que eu iria ser enterrado, sorrindo, chorando e olhando nos meus olhos, que coisa linda!

Ela estava com a bochecha vermelha de tanto chorar, de repente se levantou veio em minha direção me mandou um beijo com uma das mãos e me disse:

-Mesmo assim eu vou sentir muito a sua falta meu amigo, nunca vou te esquecer, já estou morrendo de saudades de você dentro da minha vida.

E devagar levantou a sua mão em direção a minha e a tocou, me sorriu um sorriso lindo e disse:

-Estarei sempre esperando uma visita sua.

E devagar começou a andar de costas olhando pra mim e chorando eu também não resisti nem tão pouco a Carolina, e junto com todas as outras pessoas choramos em silêncio por alguns segundos.

E assim que nos recuperamos Carolina falou:

-Bom! Gente nós temos que ir embora, mas não vamos sair daqui nesse clima de velório né? Todos riram

Vocês têm que ter em mente que as coisas mudaram e já perceberam isso, agora os espíritos estão com mais liberdade para vir a terra e se mostrarem.

É praticamente impossível as coisas voltarem a ser como eram antes, a maioria de vocês estava na festa na casa do Eduardo, vocês viram também os últimos acontecimentos, então quer dizer, mais do que em toda a historia da humanidade nunca houve uma integração entre os mundos tão grande como essa que está ocorrendo hoje em dia e tenho certeza que isso tende a evoluir muito mais.

Por isso eu e o Eduardo queremos que todos vocês saiam daqui como se estivessem saindo de uma festa, e o Eduardo está me dizendo que vocês ainda vão enjoar de tanto vê - lo.

Todos riram

Bom, então nós vamos indo, o que?

-Aaaaaa, Aháháháh, olha o Eduardo pediu para dizer a vocês que eu e ele estamos namorando mais firmes do que nunca, e que até o fim do ano nós vamos nos casar, com direito a lua de mel e tudo.

Foi a maior bagunça uns aplaudiram outros assoviaram e alguns deram gritinhos.

E ele falou que está todo mundo convidado e que para ir basta apenas morrer.

E todos riram novamente.

Ele está falando tchau e um até breve para a senhora dona Bile e para todos os seus irmãos e para todos os amigos, e eu me despeço também. Vão em paz e que Deus lhes acompanhe.

- Tchau Edu! Até mais, tchau! Tchau! Tchau...

E assim foi o meu enterro, os coveiros acabaram de me enterrar e todos foram indo embora como se realmente tivessem, guardadas as devidas proporções, saindo de uma festa, tudo isso graças à bondade a generosidade e a lucidez da minha adorável Carolina.

*INTEGRAÇÃO ENTRE OS MUNDOS*  A MAIOR BATALHA DE ESPÍRITOS DA HISTÓRIAWhere stories live. Discover now