NERVOS EM FRANGALHOS

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E mal passou uma semana do nosso afastamento minha casa virou um verdadeiro inferno, eu ficava com um crucifixo de parede bem grande pendurado no pescoço, uma cabeça de alho no bolso e mais algumas em cima dos moveis do meu quarto, de dia e de noite, meu quarto parecia um jardim do paraíso, era flor de todas as cores para todos os lados.

A Bíblia aberta, o Evangelho Segundo o Espiritismo, idem. Minha mãe olhava da porta do quarto balançava a cabeça e ia embora.

Mas nada estava adiantando, cheguei até a levar tapa na cara de fantasma pra largar de ser trouxa, acho que era assim que eles pensavam, que nem ás vezes a gente falava na rua.

Pior que a minha família não via nada disso, tinha hora que eu desviava de espíritos como se tivesse desviando de pessoas, era um pra lá, outro pra cá, pra entrar no meu quarto faltava eu pedir licença.

Minha família sempre acreditou, frequentou centros espíritas, centros de umbanda, mas ela estava achando que eu estava exagerando um pouco, ou ficando meio xaropeta, precisando internar, ao mesmo tempo me dava bronca, porque eu havia parado de ir ao centro espírita do Chico Xavier. E eu precisava desenvolver a minha mediunidade.

A única coisa que ela sentia era o ar ruim, com energia negativa, isso também tinha de sobra. E a consequência disso era o inevitável, meus nervos estavam em frangalhos, eu tinha medo de fechar os olhos e ser agarrado.

E a pior coisa ao ser agarrado por esses seres, é o arrepio que fica dando no corpo logo em seguida, junto com uma enorme depressão, uma tristeza que faz chorar.

E o que eu fazia ás vezes então? Fazia o que eu já havia feito em outras oportunidades, ficava sem dormir, ou melhor, só tinha coragem de fechar os olhos lá pras seis, sete horas da manhã.

Acho que essa hora eles também já estavam satisfeitos, alias, tenho certeza que isso era parte dos planos, John, ou um capanga dele sei lá, não me disse um dia na sala que ia me enlouquecer antes de me matar e levar meu espírito para o inferno?

Pois é, e comecei a ficar preocupado com a Carolina, afinal ela me disse que se as coisas ficassem ruins ela voltaria antes dos trinta dias combinados, e as coisas tinham ficado ruins. Alias muito ruim.

Será que eles a pegaram? Ficava me perguntando, mas se fosse isso os pais dela teriam vindo aqui me avisar, deve estar acontecendo algo mais grave em outro lugar, ela deve estar ajudando outros seres que no momento estão precisando mais do que eu.

Tá louco que tortura, eu não sei mais o que eu faço, acho que vou ao centro tomar uns passes, contar a alguém do meio o que está acontecendo pra ver o que eles me falam.

Pior que eu não tenho vontade de sair de casa, não tenho vontade de fazer nada, a única coisa que eu tenho vontade de fazer é ficar jogado na cama, curtindo a angustia, a apatia, o meu quase estado de letargia.

Era tudo que eles queriam, e eles estavam conseguindo alcançar o objetivo deles, meu cérebro já não estava funcionando direito, na vontade íntima eu não tinha me entregado, mas nas atitudes sim, eu me sentia um morto vivo.

*INTEGRAÇÃO ENTRE OS MUNDOS*  A MAIOR BATALHA DE ESPÍRITOS DA HISTÓRIAWhere stories live. Discover now