HOMENAGEM AOS AMIGOS FAVORITOS

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E a noite chega ao bairro da Mooca, eu e meus amigos estamos pra pôr em pratica o que havíamos combinado durante todo o dia.

Em uma rápida vaquinha já pré-estabelecida atingimos a quantidade sonhada, um vai e compra cinco gramas de cocaína com o comerciante mais confiável, o Jocabelins, um amigo, que como nós começou cheirando e depois começou a vender.

Ele vende no peso certo e não sarrolha, ou seja, não coloca mistura, penso em não ir, mas só penso: besteira, piada, palhaçada do meu cérebro, da minha cabeça.

Porque, imagina, acha que depois de ficar o dia inteiro esperando por esse momento, mais os eternos quinze minutos que ele normalmente demora pra trazer, eu vou desistir? E, já, já ele tá chegando. Oba!

A ansiedade era tanta nessa hora que a cada dois minutos a gente perguntava um pro outro se ele não estava demorando muito.

Ficávamos torcendo para ele não ter sido preso, atropelado, assaltado, sequestrado, ter tido no caminho até onde está à droga uma morte súbita inexplicável.

Como tem louco nas esquinas, impressionante!

Chegou, fomos para a minha casa já que a minha família não estava, ela vivia viajando, sorte minha também, porque na maioria das vezes eu não tinha muito dinheiro para colaborar, colaborava com a casa, já era uma grande coisa.

E lá ia a elite, toda orgulhosa, com cinco pessoas e cinco gramas de cocaína para passar a noite, só à diretoria como se dizia, nesse caso dava um grama pra cada pessoa, é bastante cocaína, se for da boa.

Se fosse ruim, seria pouca. Mas essa era boa.

E ficamos em casa, às vezes batucando, às vezes tocando violão, às vezes os dois, ou só conversando, nossa, e pra conversar!

Um queria falar mais do que o outro, as bocas não conseguiam se controlar, ficavam fazendo beicinhos, boquinha de peixe, mordendo as orelhas.

Tinha um cara que falava cada bobagem sobre um determinado assunto que eu e os outros morríamos de dar risada, mas o cara não se importava, ele queria era falar e falar, e nós também, ai era uma confusão generalizada, uma feira livre, era muito engraçado, depois de certa hora, um ou outro já começava a ficar bicho [com medo e a querer silêncio.

Que saudades meu Deus que me deu agora, de repente, veio bem do fundo da alma como um foguete, saudades daqueles loucos, eram os meus melhores amigos, meus amigos favoritos, estou escrevendo isso e as lágrimas estão escorrendo pelo meu rosto.

Dedico a todos eles, não só essa parte da história como a história toda e todas as outras histórias que eu vier a fazer, porque se eu tenho coisas para escrever hoje em dia, inspiração e cabeça para criar é em função dá alegria que eu tive de ter vivido com eles, e que apesar das drogas sempre foi uma convivência saudável cheia de felicidade, confiança mutua, eu nunca havia sentido saudades desse jeito, e estou até surpreso me vendo no verdadeiro sentido da palavra no meio de uma enorme saudade. Chega por hoje! Acabou a inspiração. Caramba! Que saudades que me deu deles!

*INTEGRAÇÃO ENTRE OS MUNDOS*  A MAIOR BATALHA DE ESPÍRITOS DA HISTÓRIAWhere stories live. Discover now